CBA (CBAV3): XP, BBI e BofA recomendam compra para ação em meio à “transformação verde” e veem potencial de alta de até 73%

Analistas da XP, Bradesco BBI e BofA destacam que companhia está bem posicionada para o futuro e apontam que ações negociam a valuation atrativos

Lara Rizério

Fábrica da CBA (Imagens : Divulgação)
Fábrica da CBA (Imagens : Divulgação)

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SÃO PAULO – Um pouco mais de um mês após a sua estreia na Bolsa, em 15 de julho, até a última sexta-feira (20), os papéis da Companhia Brasileira de Alumínio, CBA (CBAV3), ficaram praticamente de lado, passando por uma queda de 1,8% no período (indo de R$ 11,20 para R$ 11).

Contudo, a produtora de alumínio pertencente ao grupo Votorantim teve a cobertura iniciada por três casas de análise com uma visão positiva – e com os analistas vendo um potencial de alta de até 73% para os ativos. Dentre os motivos para enxergarem alta nas ações, estão o valuation descontado e o bom posicionamento da companhia para a “transformação verde”.

Tanto a XP quanto o BBI possuem recomendação de compra ou equivalente à compra (outperform no caso do BBI, ou desempenho acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 19, uma alta de 73% em relação ao fechamento de sexta-feira. Nesta segunda-feira, os ativos CBAV3 fecharam com ganhos de 4,36%, a R$ 11,48.

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Fundada em 1941, a Companhia Brasileira de Alumínio é líder em participação de mercado nos principais segmentos em que atua no setor de alumínio no Brasil, com foco estratégico em produtos de alto valor agregado e margens. A CBA é uma produtora totalmente integrada em toda a cadeia de valor do alumínio. A XP destaca que ela é a única empresa na América Latina com um portfólio completo de produtos de alumínio e um mix de produção altamente flexível.

Yuri Pereira, Thales Carmo e Marcella Ungaretti, analistas da XP que assinam o relatório sobre CBA, destacam quatro principais pilares da tese são: (i) mudanças estruturais do perfil de consumo – em um mundo mais sustentável – devem aumentar a demanda por alumínio e colocar desafios ao fornecimento, devido à atual matriz energética da China (carvão), (ii) projetos de expansão em linha com as tendências de mercado; (iii) valuation atrativo, pois veem a CBAV3 sendo negociada a 3,3 vezes a relação entre o valor da empresa e o Ebitda (EV/Ebitda) esperado para 2022, abaixo da média dos pares entre 4 vezes (produtores de alumínio primário) e 6,5 vezes (alumínio secundário); e (iv) também por conta do forte posicionamento ESG (alinhado às melhores práticas de meio ambiente, social e governança corporativa).

“Os preços do alumínio sobem 30% no acumulado do ano (US$ 2.569 por tonelada) com a demanda global por metais intensificada, especialmente na China. Esperamos que o consumo de alumínio permaneça alto, pelo menos no curto prazo, à medida que os países reabram gradualmente suas economias”, apontam os analistas.

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Eles veem a mudança estrutural para alternativas mais verdes como o principal motivador para o avanço da indústria, uma vez que o metal se destaca como um dos mais ecológicos do planeta e o material mais reciclado dentre os metais industriais, em uma base percentual.

Nesse sentido, a CBA tem um plano completo de expansão para os próximos anos, considerado no modelo de análise. A XP destaca o Projeto Rondon, um greenfield que vai explorar bauxita de alta qualidade a custos competitivos, com capacidade anual de 4,5 milhões de toneladas por ano (mtpa). O projeto de aumento da produção de alumínio é outro destaque.

Além disso, em conformidade com a estratégia ESG, a empresa tem um projeto de melhoria contínua das instalações de reciclagem, adicionando até 50 mil toneladas por de capacidade com o investimento em uma nova linha de tratamento de sucata, apontam os analistas.

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“O modelo de negócios na oferta de alumínio de baixo carbono da CBA, somado aos altos padrões ESG da companhia, nos levam a ver a empresa se destacando em relação aos seus pares, estando estrategicamente posicionada para o futuro”, ressaltam.

O Bradesco BBI também destaca que a tese de investimento na empresa se baseia em custo baixo de energia renovável e da bauxita, boas tendências globais de descarbonização, crescimento de projetos de crescimento com baixo custo e uma perspectiva positiva para os preços do alumínio.

O banco prevê que o preço do alumínio chegue a US$ 2.500 por tonelada em 2022, a US$ 2.300 por tonelada em 2023 e a US$ 2 mil a tonelada no longo prazo, enxergando tendências estruturais sólidas por conta de demanda de veículos elétricos, substituição do plástico, projetos de energia renovável, prédios “verdes” e com estrutura mais leve e exigências de descarbonização.

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O banco também enxerga preços com desconto injustificado em relação a outras empresas do setor. Já entre os riscos, o BBI cita a possibilidade de preços de alumínio mais baixos do que o esperado, o que poderia ocorrer se a demanda da China não correspondesse à expectativa ou se a economia do Brasil piorasse, impactando a demanda interna.

Já o Bank of America tem um preço-alvo mais baixo frente as duas outras casas, de R$ 16, mas ainda representando um potencial de valorização de 45% em relação ao fechamento de sexta. A recomendação para o papel também é de compra.

Leonardo Neratika, Guilherme Rosito e Michael Widmer, analistas do banco americano, reforçam a visão de que a companhia opera em um modelo de baixo custo e com integração das produções de bauxita e alumínio, o que complementa a exposição à matriz de energias renováveis.

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Além disso, também reforçam o bom posicionamento da companhia em relação à “transformação verde”, levando a um cenário de tendências positivas para a demanda de alumínio. Enquanto isso, a oferta deve seguir limitada, ocasionando déficit no mercado.

Com relação ao valuation, os analistas estimam as ações negociadas atualmente a um múltiplo de 3,1 vezes seu valor de mercado sobre a projeção de Ebitda para 2022, o que é visto como atrativo pelos analistas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.