Carrefour (CRFB3): o que está por trás do “desconto” de R$ 1 bi na compra do BIG? Analistas veem ruídos para ação após anúncio sem detalhes

Embora fluxo de caixa possa ser visto como positivo, investidores buscam mais detalhes sobre quais obrigações desencadearam o ajuste

Felipe Moreira

BIG em Tamboré (Divulgação: BIG)
BIG em Tamboré (Divulgação: BIG)

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O Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou na última terça-feira (11) um acordo com os vendedores do Grupo BIG, em que poderá haver uma redução no preço de até R$ 1 bilhão após a liberação de certas obrigações não divulgadas que o vendedor tinha no contrato de compra original. O acordo foi fechado em junho de 2022 por um total de R$ 7,5 bilhões, que já foram totalmente pagos em dinheiro e ações.

De forma geral, o JPMorgan disse ter uma leitura mista do anúncio, pois ele adiciona ruído extra em relação à situação geral do Grupo BIG, especialmente sobre a condição/desempenho das lojas e responsabilidades que vieram com a operação, enquanto poucos detalhes foram fornecidos sobre o ajuste de preço.

Por outro lado, a empresa deverá receber de volta até R$ 1 bilhão, ou 13% do valor total como reembolso. De acordo com o comunicado, o Carrefour já recebeu R$ 350 milhões até terça-feira e receberá um adicional de R$ 550 milhões ajustados pelo CDI até 31 de maio de 2024, mais um valor variável de até R$ 100 milhões também ajustado pelo CDI e sujeito a determinadas métricas pré-acordadas e não reveladas.

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Já o Itaú BBA aponta que, de acordo com a companhia, as mudanças não estão relacionadas à performance das lojas nem ao potencial de sinergias.

“O anúncio não era esperado pelo mercado e não temos maior visibilidade sobre essas obrigações (nem do quanto destes recursos poderiam ser usados para cumprir tais obrigações), mas achamos difícil imaginar que o efeito líquido seja positivo para o Carrefour”, avalia.

Embora o fluxo de caixa possa ser visto como um potencial positivo, time de research do Goldman Sachs acredita que os investidores buscarão mais detalhes sobre quais obrigações desencadearam esse ajuste.

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Segundo o Goldman Sachs, na prática, o comunicado significa que o Carrefour irá reportar um fluxo de caixa positivo de R$ 350 milhões nos resultados do 2º trimestre de 2023 e um adicional de até R$ 650 milhões até maio de 2024. Como resultado, e assumindo que não haja responsabilidades compensatórias ou pagamentos não contabilizados na projeção do banco, os analistas esperam que a alavancagem (definida como dívida líquida incluindo arrendamentos /Ebitda ajustado pós-IFRS16) diminua para 2,1 vezes no 2º trimestre de 2023 e para 1,5 vez no 2º trimestre de 2024.

A XP vê o anúncio como neutro, dado que, por um lado, ele é positivo por ter uma injeção de caixa no curto prazo e não terem sido divulgadas nenhum tipo de revisão nas sinergias esperadas. Porém, reforça não ter ficado claro pelo comunicado quais foram as determinadas obrigações por parte dos vendedores do Grupo BIG que motivaram o ajuste no preço de venda. Além disso, o CEO do Banco Carrefour anunciou a sua saída da companhia, o que pode trazer riscos para a tese dado o atual cenário de crédito e inadimplência no país.

Às 10h20 (horário de Brasília) desta quarta-feira (12), as ações CRFB3 caíam 0,92%, a R$ 11,85, em um dia de alta para o Ibovespa.

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A XP mantém recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 20 por ação. Com as ações do Carrefour negociando a 9,5 vezes o Preço/Lucro para 2024, o JPMorgan manteve recomendação neutra para os papéis do varejista. O BBA é mais otimista com Carrefour e reiterou avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 17. O Goldman Sachs também manteve recomendação equivalente à compra para Carrefour e preço-alvo de R$ 24,50.

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