Carrefour (CRFB3): apesar de preocupações, transformação do BIG está em linha, bem como a alavancagem, dizem executivos; ação cai forte

Aquisição pesou nas margens e na alavancagem da companhia, mas executivos afirmaram que números são momentâneos

Vitor Azevedo

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O Carrefour Brasil (CRFB3) divulgou seus resultados na noite desta quarta-feira (9) e como destaque apontado pelo mercado ficou o processo de transformação das lojas do Grupo BIG e os impactos dessa compra no balanço da empresa. Hoje, em teleconferência, porém, os executivos do grupo defenderam que tudo está conforme o esperado.

O Itaú BBA, por exemplo, afirmou que o grupo conseguiu superar as expectativas no quesito rentabilidade, mas mostrou preocupação quanto ao nível de endividamento da companhia e quanto às margens do Grupo BIG.

Às 13h10 (horário de Brasília) desta quinta-feira (10), os ativos desabavam 9,68%, a R$ 16,52, também em linha com a forte queda do mercado brasileiro, com o Ibovespa em baixa de cerca de 2,5% no mesmo horário.

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“O lucro líquido ajustado (considerando o Grupo BIG) caiu 59% na base anual (em R$ 256 milhões), uma vez que os resultados do Grupo BIG (refletidos integralmente nesse trimestre) não foram suficientes para compensar as maiores despesas financeiras relacionadas à correção monetária de contingências fiscais e pelo aumento das taxas de juros”, comentou a XP, indo na mesma linha.

A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia excluindo o Grupo BIG ficou em 7,5%. Com as primeiras sete lojas convertidas no terceiro trimestre, ficou em 6,4%. Já a dívida líquida do Carrefour saiu de R$ 9,8 bilhões em setembro do ano passado para R$ 19,6 bilhões.

Stephane Maquaire, diretor executivo (CEO) do Carrefour no Brasil, contudo, afirmou que ambos os impactos são momentâneos.

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“Há um processo de conversão de sistemas, de sortimentos. Vai levar mais tempo para a conversão alcançar as sinergias e para as margens normalizarem”, explicou Maquaire. “Uma parte das sinergias que queremos alcançar através da aquisição do Grupo BIG passa por uma consolidação da estrutura. Vemos uma boa dinâmica de vendas nos formatos, em meio ao processo de conversão de lojas”.

Quando a dívida, David Murciano, diretor financeiro (CFO) do Carrefour tentou acalmar os ânimos dos analistas.

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“Não estamos surpreendidos com a alavancagem após a aquisição. Está dentro daquilo que esperávamos. Temos a compra, os gastos com a transição e juros mais altos. O fluxo de caixa da operação adquirida do Grupo BIG virá, mas não ainda”, expôs Murciano,que defendeu que o esperado é que a operação adquirida passe a ajudar na formação de caixa a partir do meio do próximo ano.

O executivo mencionou que o Carrefour está gastando mais com as conversões – tendo revisado o guidance de abertura de lojas do Grupo BIG para 40% do total, ante 30% antes.

“Enquanto isso, estamos negociando com fornecedores, aumentando prazos. Estamos também fazendo trabalhos na frente tributária, buscando avanços”, defendeu o diretor.

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O Itaú BBA, por fim, destacou também que o nível de crédito não produtivo (NPL, na sigla em inglês) do Banco Carrefour se deteriorou levemente.

Neste ponto, Murciano afirmou que a variação foi pouca e que o grupo tem a capacidade de antecipar tendências utilizando dados dos clientes.

“Analisamos a situação e adaptamos a abertura e o fechamento do crédito para os clientes. Neste trimestre, tivemos, infelizmente, uma tendência de piora, mas não forte. Ficaremos acompanhando a evolução do mercado e ajustando nossa posição. Não teremos, ao nosso ver, nem um crescimento muito forte nem muito fraco da carteira no próximo ano”, disse o CFO.

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Quanto ao cenário macroeconômico, também mencionado em relatórios de análise do resultado como um peso no balanço do terceiro trimestre, por conta do ambiente deflacionário, o Carrefour mostrou que acredita que o final do ano terá “novos ventos”.

“Acho que o quarto trimestre será totalmente diferente. O IBGE divulgou hoje cedo que voltamos a um ambiente inflacionário, após um período com baixa dos preços, o que deve voltar a impulsionar o negócio do Atacadão”, pontuou Maquaire, que falou também em otimismo com as festas de fim de ano e com a Copa do Mundo.

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