Carência de crédito dificulta moderação de desembolsos por BNDES, diz Coutinho

O BNDES prometeu reduzir o montante de empréstimos subsidiados que oferece a companhias no Brasil, em uma tentativa de conter a dívida pública e abrir espaço para que os bancos comerciais aumentem sua participação no mercado de crédito corporativo

Reuters

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FORTALEZA – A escassez de crédito para companhias brasileiras está impedindo que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) modere seus desembolsos mais rapidamente neste ano, disse à Reuters o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho.

O BNDES prometeu reduzir o montante de empréstimos subsidiados que oferece a companhias no Brasil, em uma tentativa de conter a dívida pública e abrir espaço para que os bancos comerciais, sobretudo os privados, aumentem sua participação no mercado de crédito corporativo.

No entanto, Coutinho disse que bancos comerciais excessivamente cautelosos têm colocado pressão sobre o BNDES para que o banco de fomento continue oferecendo empréstimos a companhias brasileiras, que ele afirmou estarem tendo dificuldade até para obter capital de giro.

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“O que é frustrante é que esperávamos poder moderar mais intensamente (os desembolsos de crédito), esperando uma entrada mais firme do setor privado. E isso não está acontecendo”, disse Coutinho em uma entrevista à Reuters no fim da segunda-feira durante a cúpula de líderes dos Brics em Fortaleza.

“Esse é um problema. O crédito ao setor privado tem sido mais cauteloso do que nós esperávamos”, disse Coutinho, acrescentando estar confiante que o BNDES ainda conseguirá moderar um pouco seus desembolsos neste ano.

Para Coutinho, a elevação da taxa básica de juro Selic, que saiu da mínima histórica de 7,25 por cento em abril do ano passado para 11 por cento atualmente, para controle da inflação e um setor financeiro mais cauteloso aumentaram os problemas de financiamento.

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O sistema financeiro nacional expandiu o crédito em maio na menor taxa anual em sete anos. A economia em desaceleração, os níveis recordes de endividamento de consumidores e a inflação em alta têm prejudicado o poder de compra dos brasileiros e as perspectivas para a atividade.

A atuação do BNDES aumentou expressivamente durante a última crise financeira global, quando o governo brasileiro instou bancos públicos a oferecer crédito às companhias, ajudando a evitar uma recessão mais longa e mais profunda da economia. O BNDES é a maior fonte de empréstimos de longo prazo para empresas e projetos de infraestrutura no Brasil.

O ritmo agressivo de desembolsos continuou mesmo depois do pior da crise ter passado, com o governo emitindo dezenas de bilhões de reais em títulos públicos para capitalizar o BNDES, que é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo.

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Ainda assim, o fluxo de empréstimos mais baratos não foi capaz de alavancar a economia doméstica, que terá seu quarto ano consecutivo de baixo crescimento em 2014.     

As pesadas capitalizações do BNDES têm contribuído para elevar a dívida bruta do país ao longo dos últimos anos e dispararam o alarme entre as agências de classificação de risco, que alertaram que essas operações poderiam acabar afetando a nota de crédito do país.

O governo da presidente Dilma Rousseff já começou a reduzir o montante de transferências para o BNDES, com uma capitalização de 30 bilhões de reais neste ano, abaixo dos 39 bilhões de reais do ano passado.

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Nos primeiros quatro meses deste ano, os desembolsos do BNDES subiram 8 por cento ante igual período de 2013, para 58,8 bilhões de reais, de acordo com dados do banco.

“Nosso objetivo é de manter uma moderação (nos desembolsos), mas a pressão que passamos em um momento de maior retração do crédito privado volta a agir”, disse Coutinho.

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