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A Camil (CAML3) reportou, nesta quinta-feira (13), seus resultados referentes ao segundo trimestre safra de 2022 (2T22), iniciado em junho deste ano.
Os números em si não foram considerados tão positivos. Contudo, o dia foi de forte alta para as ações, com os ativos CAML3 fechando em alta de 4,03%, a R$ 9,29, enquanto o Ibovespa fechou em queda de 1,95%; na máxima do dia, a ação chegou a subir 7,17%, a R$ 9,57. A companhia de alimentos registrou lucro líquido de R$ 93,9 milhões no segundo trimestre fiscal de 2022, cifra 11,8% menor do que a reportada na mesma etapa de 2021.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 208,5 milhões no 2T22, um crescimento de 9,1% em relação ao 2T21. Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) ajustada atingiu 7,7% entre junho e agosto, baixa de 0,9 ponto percentual (p.p.) frente à margem registrada em 2T21.
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De acordo com análise da Eleven, a Camil apresentou um resultado mais fraco no 2T22, com queda de 0,7% nos
volumes no mercado nacional e consequentemente deterioração de sua margem, bem abaixo de seu patamar histórico e pior desde o 4T15.
“Já esperávamos um resultado mais fraco devido ao movimento de diminuição de estoques por parte dos varejistas, que afetou todas as categorias e foi mais perceptível em arroz e açúcar, que tiveram quedas no volume de 4,1% ao ano e 13,9% ao ano, respectivamente”, avalia Diana Stuhlberger, analista da Eleven.
A exceção foi o segmento de feijão. Já nos negócios recém adquiridos de massas e cafés, a companhia apresentou volumes e preços em linha com a expectativas e segue capturando as sinergias de integração comercial. “Destaque positivo para o segmento internacional, com aumento considerável no volume comercializado no Uruguai e pela entrada no Equador”, avalia.
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A Camil teve alta de 19% no custo dos produtos vendidos (CPV) na base anual, justificado pela entrada das novas categorias de massas e café e aumento de volume no segmento internacional. Já as despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A, pelos mesmos motivos e também pelo aumento do custo de frete, evoluiu 46,2%. Sem considerar os M&As realizados
nos últimos doze meses, ainda assim o SG&A avançou 27,9%, muito acima da inflação no período.
A companhia encerrou o trimestre com um endividamento total de R$3,8 bilhões, alta de 11% no trimestre a trimestre, impactado pelas dívidas no segmento internacional para financiar as recentes aquisições no Equador (Dajahu) e
Uruguai (Silcom).
Para Diana, da Eleven, apesar de um resultado mais fraco, os aumentos de preços no mercado doméstico e internacional são positivos, com o segundo ainda conseguindo manter volumes fortes apesar do cenário econômico adverso.
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Além disso, as categorias estreantes (massas e café) vêm demonstrando boa performance, e devem continuar contribuindo positivamente para a rentabilidade da companhia conforme as sinergias e alavancagem operacional forem sendo capturadas.
“O cenário também continua positivo para o açúcar, com preços internacionais se sustentando em patamares elevados em função de uma oferta global apertada. Ademais, apesar da pressão de custos de curto prazo para integração das empresas recém adquiridas, seguimos otimistas com a tese de longo prazo, baseada fundamentalmente na recuperação do ambiente de consumo e no crescimento advindo das diversas aquisições consolidadas, com diversificação de portfólio e expansão geográfica”, avalia a analista.
Para a XP, a Camil apresentou resultados apenas em linha, porém ainda assim positivos na visão da casa, “algo a ser valorizado e que traduz uma visão construtiva em tantas frentes, principalmente após quatro fusões e aquisições no último ano”.
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“Enquanto as novas operações ainda estão em fase de aceleração, com forte crescimento de volume para café e massas, devemos destacar a recente aquisição da Mabel que marcou a entrada da Camil no segmento de Bolachas & Biscoitos, setor com margens acima da média atual da Camil”, afirma.
Os preços subiram em todas as operações, sendo o Chile a única exceção devido à turbulência política e econômica; no entanto, os outros mercados apresentaram resultados melhores do que o esperado.
“Seguimos otimistas com a trajetória de diversificação da Camil, mas que ainda mantém um portfólio defensivo de produtos com marcas fortes e market share relevante, portanto reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 14 por ação”, avalia a equipe de análise da XP.
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Para a Eleven, o preço atual da ação ainda não precifica o potencial de crescimento da Camil e a obtenção de sinergias com as aquisições recentes. Assim, também tem recomendação de compra para CAML3 com preço alvo de R$ 20,00 (ou potencial de 124% de valorização em relação ao fechamento da véspera).
O Itaú BBA, por sua vez, aponta que de forma geral, a empresa divulgou números com queda sequencial, porém em linha com suas estimativas, já que a desaceleração dos varejistas na composição dos estoques criou temporariamente alguns desafios à empresa. Apesar desse momento mais desafiador, o BBA acredita que a companhia atingirá as suas estimativas para 2022 e mantém recomendação de “compra” para CAML3, com preço-alvo de R$ 13 ao final de 2022.
Entre os principais números, a empresa obteve Ebitda 4% acima da nossa estimativa, e margem (rentabilidade) de 7,7% (ante estimativa da casa de 7,3%).
Já a Levante Ideias de Investimento, avalia que a empresa apresentou números mistos no 2T22. Por um lado, a companhia conseguiu ter um crescimento interessante de receita, muito acima do que foi visto no 1T22. Além disso, a expansão da margem bruta, em parte atribuída aos novos segmentos, em especial massas secas, e por uma boa gestão de custos, foi
uma boa notícia aos investidores, que puderam ver um progresso considerável no lucro operacional da empresa.
“No entanto, essa alta considerável no SG&A do trimestre é um ponto que requer atenção e que deve ser monitorado pelos investidores no futuro. Além disso, com a inclusão das novas aquisições, o mercado deve ficar atento a possíveis sinergias a partir dos novos negócios”, avaliam os analistas da casa de research.
Por fim, outro ponto é o fato de no ano de 2023 haver uma amortização de dívida de R$ 1,1 bilhão, quase 30% da dívida atual
e 80% do caixa que a companhia possui. “Por ser historicamente uma boa geradora de caixa, além de possuir uma alavancagem ‘confortável’, ainda não consideramos a liquidez como um grande risco”, avaliam os analistas.
Ao levar em consideração o cenário desafiador de alta inflacionária, esperam que parte dos clientes consumidores de marcas premium, caso de diversas submarcas da Camil, acabem migrando para marcas alternativas procurando menores preços.
“Esse foi um dos principais desafios da Camil pós- IPO, algo que levou a empresa a perder muito em volume entre 2018-2019, resultando em menores margens na época devido aos elevados níveis de custos fixos. No último resultado, ressaltamos a estratégia da companhia em perder volume para manter rentabilidade, algo que não foi possível repetir no 2T22, em razão da alta considerável no SG&A e nos encargos financeiros”, afirma.
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