Calote do Estado? Merrill Lynch analisa elevação nos spreads do CDS público

Analistas refletem sobre chance de não cumprimento das dívidas pelos governos e ressaltam pressão atual sobre orçamento

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SÃO PAULO – Por que um país decide pelo não cumprimento de sua própria dívida doméstica se pode emitir moeda como solução? A indagação permeia a mente dos investidores e explicita o paradoxo do mercado de CDS (Credit Default Swaps) para a dívida pública, dado que o risco de inadimplência de um Estado é inexistente. Inexiste mesmo?

Nesse contexto, a Merrill Lynch divulgou relatório discorrendo sobre os motivos pelos quais um país pode deixar de cumprir com suas obrigações. Inicialmente, os analistas do banco fundamentam sua tese na constatação de que o spread do CDS governamental situa-se em patamar acima de zero; ou seja, há a existência de algum risco envolvido no processo.

Nacionalismo pode levar a calote

Para melhorar a análise, a instituição financeira exemplifica um possível calote do governo na seguinte situação: partindo da premissa de que a emissão monetária trará consigo pressões inflacionárias, um país pode escolher não cumprir com sua dívida se grande parte dos detentores de CDS forem estrangeiros, transferindo o prejuízo de população local para os investidores de fora.

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Caminhando da conjuntura teórica à economia real e, em meio à crise contemporânea de crédito, os valores do CDS estatal encontram-se numa trajetória ascendente, ao passo que o governo transfere todo o risco do combalido setor financeiro para si mesmo.

Contudo, estes perigos podem se concretizar na incapacidade de pagamento, dado que os recentes pacotes de estímulo ao PIB (Produto Interno Bruto) pressionam a restrição orçamentária, conforme a tese da Merrill Lynch. Portanto, em tempos de pacotes bilionários, é bom estar atento aos limites e às intenções de todos os agentes do mercado. Como diz a máxima de Milton Friedman, “não há almoço grátis”. Alguém sempre tem que pagar.

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