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“Fomos vítimas de uma fraude corporativa”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (BPAC11), logo no começo da teleconferência sobre os resultados do banco no quarto trimestre de 2022. Assim como nas demais instituições financeiras expostas à dívida bilionária da Americanas (AMER3), o caso foi tratado como um evento não recorrente e o nome da varejista não foi diretamente citado, nem no balanço, nem na apresentação dos executivos.
Na lista de credores da Americanas, o BTG Pactual aparece com R$ 3,5 bilhões a receber da empresa em recuperação judicial. No balanço divulgado nesta segunda-feira (13), o banco afirma ter feito uma provisão não-recorrente de R$ 1,2 bilhão – sendo R$ 1,123 bilhão na área de Corporate & SME Lending em função da exposição de crédito e R$ 77,0 milhões na área de Sales & Trading.
Com as provisões, o BTG deixou de lucrar R$ 580 milhões no trimestre e o retorno sobre patrimônio (ROAE, na sigla em inglês), que seria de 22%, ficou em 16,7%.
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O JP Morgan calcula que o BTG provisionou 30% da exposição que possui à dívida da Americanas, percentual semelhante ao provisionado pelo Santander (SANB11), ainda que o banco não tenha confirmado valores relacionados a esse caso. Na última semana, o BTG conseguiu na Justiça o direito de compensar R$ 1,2 bilhão que tinham sido dados como garantia para empréstimos da Americanas. Desde o último dia 17 de janeiro o banco tentava bloquear esses recursos.
Na teleconferência dos resultados, Sallouti afirmou que 60% da exposição do banco a operações de risco sacado foi provisionada. Provisões adicionais não estão descartadas.
“Mesmo se tivermos que fazer provisões adicionais, nosso guidance não muda. Dado o tamanho da nossa carteira e a qualidade dela, estamos tranquilos com nossas projeções”, disse, na teleconferência. Para 2023, o BTG espera elevar o ROE para acima de 21%.
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O CEO afirmou que o evento não recorrente é um caso isolado. “Não nos preocupa em linha de negócios. Nossa carteira não tem exposição a outros casos reportados recentemente na mídia”, afirmou.
Sallouti disse ainda que considera o atual nível de provisionamento do banco “adequado para o cenário que se vislumbra”.
“Avaliamos mensalmente, nome a nome, as provisões na carteira, assim como avaliamos nossas exposições. Consideramos o provisionamento adequado para o cenário que se vislumbra”, afirmou Roberto Sallouti. O CEO do BTG Pactual acredita que os casos de recuperação judicial e de empresas buscando reestruturar a dívida são reflexo da situação econômica e não uma fraude, como o caso não recorrente que levou o banco a provisionar mais de R$ 1 bilhão.
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Sallouti admitiu ainda que a exposição de crédito do banco a Americanas não era determinada pelo balanço da companhia em si, mas pela força de seus acionistas de referência: os sócios da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Beto Sucupira e Marcel Telles.
“Acho que todo o sistema financeiro utilizou esse padrão”, disse o CEO do BTG.
Para 2023, o CEO acredita em um mercado mais seletivo, com spreads maiores, o que deve melhorar a rentabilidade do banco.
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