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A confirmação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na terça-feira (27) da detecção de gripe aviária em uma ave doméstica de subsistência no Espírito Santo não deve gerar grandes problemas para a BRF (BRFS3), que tem na exportação avícola seu faturamento principal, mas é mais um sinal de alerta.
“Se for como a Associação Brasileira de Proteína Animal disse, se for uma ave de fundo de quintal no Espírito Santo, não se trata de um problema grave. Não altera o status do Brasil frente a Organização Mundial de Saúde Animal [WOAH, na sigla em inglês]”, fala Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. “Mas, com certeza, é um sinal amarelo. Os investidores podem recuar um pouco e os papéis, cederem”, destacou o analista, às vésperas da abertura do mercado.
As ações da BRF (BRFS3) abriram a sessão desta quarta-feira (28) em queda de mais de 1%, chegaram a operar com leves ganhos no fim da manhã, mas passaram a ter quedas mais expressivas durante a tarde. Os ativos fecharam em queda de 4,27%, a R$ 8,30. Outros papéis do setor tiveram uma sessão de baixa, como JBS (JBSS3, R$ 16,34, -4,22%) e Marfrig (MRFG3, R$ 6,96, -3,20%), este último com participação na BRF.
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O especialista destaca também que o Espírito Santo tem pouca participação na produção nacional de aves, com apenas 0,2% das vendas em 2022.
“As ações tenderiam a sofrer um pouquinho hoje porque o investidor tem medo de que aconteça alguma coisa como ocorreu em outras décadas no passado”, completa o especialista.
Ao InfoMoney, outro analista do setor vai no mesmo sentido, dizendo que o caso não muda o status do Brasil, que continua sendo livre da doença frente à Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH – World Organization for Animal Health).
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“Claro que há alguns pontos interessantes, sem dúvida. O fato de terem aparecido mais casos mantém o nível de preocupação elevado. Enquanto a gente estiver vendo casos aparecendo todas as semanas, vai continuar preocupado se eventualmente vai ter gripe aviária de maneira mais intensa no Brasil”, fala o especialista, que preferiu não se identificar.
“Mas a gente também pode olhar para uma outra perspectiva. Já faz cerca de 40 dias do primeiro caso e o Brasil ainda não teve contaminação de nenhuma granja comercial. Em outros países, depois dos primeiros casos, em uma ou duas semanas houve o primeiro contágio em produções comerciais”, acrescenta.
Cabe ressaltar que, nesta tarde, o Japão suspendeu temporariamente as importações de carne de frango produzida no Espírito Santo. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) criticou a medida, embora os japoneses não importem carne de frango capixaba. A notícia coincidiu com a intensificação da queda das ações BRFS3 durante o pregão.
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“A ABPA ressalta que a decisão tomada pelas autoridades japonesas não está em linha com as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que indica suspensão de comércio apenas em casos registrados em produção comercial. Cabe lembrar que a avicultura industrial do Brasil segue sem qualquer registro da enfermidade”, afirma nota divulgada pela entidade, que representa grandes empresas como BRF, Seara (da JBS) e Aurora.
De qualquer foram, a decisão japonesa preocupa o segmento por ter sido o primeiro embargo concreto adotado depois que os casos de influenza começaram a ser registrados em aves silvestres no Brasil. A indústria acredita no conceito de regionalização das exportações mesmo que a doença seja detectada em granjas comerciais. Se ele prevalecer, empresas de outras regiões poderão continuar a escoar seus produtos.
De um lado, então, fica a evolução vagarosa e um aparente controle da doença. Do outro, fica o risco de uma contaminação aparecer, devido à entrada da doença e sua circulação no Brasil antes do fim do processo migratório das aves, que geralmente acaba entre maio e junho.
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“Eu acho que vale a pena sempre lembrar que pela representatividade que o Brasil tem na produção mundial de frango e na exportação de frango, é um eventual embargo no Brasil, tem pressão inflacionária global. Vai ser sentido por todos”, destaca o analista consultado pelo InfoMoney. “Se a gente olhar o que aconteceu na Argentina e no Chile, que tiveram casos recentes em granjas comerciais, foram embargos curtos”.
A exportação das regiões que foram afetadas, de acordo com ele, ficou fechada e houve o abate sanitário.
“Por lá, foram embargos por volta de 20 dias. Pela relevância do Brasil, poderia ser até um embargo mais curto que 20 dias, caso aconteça. Então não é algo que seria tão catastrófico e existe espaço para discussão da regionalização”, diz.
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As restrições comerciais a países com casos de gripe aviária identificados já foram suavizadas, com países como Emirados Árabes Unidos, Japão e Filipinas limitando a interrupção de compras apenas de regiões, não de todo o país. No entanto, países como China e África do Sul ainda adotam a proibição nacional.
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