Apesar de resultado forte, ação da Braskem (BRKM5) fecha em queda de 11,9%: o que explica movimento?

Mesmo com números robustos, Ebitda veio um pouco abaixo do esperado, enquanto companhia vê 2022 mais desafiador do que 2021

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Segunda maior alta do Ibovespa em 2021, com ganhos acima de 100% no acumulado do ano, a ação da Braskem (BRKM5) registrou uma forte queda na sessão pós-resultado, apesar de ter registrado resultados considerados positivos por analistas de mercado. Os ativos caíram 11,88%, a R$ 49,61.

O movimento ocorreu tanto por uma realização em meio às fortes altas do ano quanto pelos dados um pouco abaixo do esperado (ainda que fortes), além de sinalizações de que 2022 pode ser menos promissor do que 2021.

A princípio, os números pareciam animar: a petroquímica passou de prejuízo para lucro no terceiro trimestre, após ter vendido maiores volumes e a preços maiores, tanto no Brasil quanto no exterior. A companhia teve lucro líquido de R$ 3,54 bilhões no terceiro trimestre, ante prejuízo de R$ 1,41 bilhão em igual etapa de 2020.

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O lucro foi impulsionado por um salto de 77% da receita líquida ano a ano, para R$ 28,3 bilhões, refletindo aumento dos volumes e dos spreads praticados.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) recorrente de R$ 7,67 bilhões, um salto de 109% ano a ano, refletiu maiores spreads de seus principais químicos no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e no México, além dos maiores volumes de vendas, em função da retomada da demanda após impacto do Covid-19. Na medição sequencial, porém, o resultado operacional teve queda de 18%, num desempenho contrário ao de um ano antes.

O Bank of America destaca que a companhia teve números mais fracos na base de comparação com o segundo trimestre, ainda que com forte alta na base ano a ano, com os spread petroquímicos em patamares elevados. O banco afirma que o Ebitda ajustado veio 4% abaixo das estimativas e 18% menor que no segundo trimestre.

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“Os resultados foram impactados pela queda nos spreads de resinas no Brasil, de polipropileno na Europa e de polietileno no México, se comparado com o segundo trimestre”, aponta Frank McGann, analista do BofA.

O Citi também destacou os números mais fracos do esperado, com o Ebitda 2% abaixo da projeção dos analistas da casa – ainda que os dados tenham vindo fortes, com volumes e spreads saudáveis.

O banco também aponta que as crises do México (com o acordo com o governo do país para fornecimento de gás) e em Alagoas parecem ter ficado para trás. Porém, avalia, a ação da empresa ainda pode sofrer pressões em meio ao noticiário sobre venda das participações da Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras (PETR3;PETR4).

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O Morgan Stanley apontou que os números foram fortes e em linha com o esperado, mas já mostraram os primeiros sinais de normalização do spread na indústria após os ventos favoráveis ​​no primeiro semestre de 2021.

Com relação às projeções para o quarto trimestre, os analistas ressaltaram que a principal mensagem da empresa foi que está ocorrendo uma maior normalização do spread em quase todas as regiões de atuação, embora em níveis que permanecem acima da média histórica (a exceção é PP e PVC no Brasil, onde a expectativa é de spreads maiores na base trimestral). Entre os pontos positivos, estiveram o fluxo de caixa e a redução da alavancagem.

Para o quarto trimestre, o Citi espera números mais fracos, com spreads mais baixos e algumas manutenções programadas, mas ainda num patamar alto para fechar um bom ano de 2021 robusto, apontou.

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O Citi tem recomendação neutra para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 68, potencial de alta de 21% em relação ao fechamento da véspera. Já o BofA tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 84, upside de 49%.

Em teleconferência, a petroquímica confirmou o cenário menos promissor também para 2022, ainda que vendo números fortes para o período.

A Braskem avalia que terá resultado forte em 2022, mas não tanto quanto o previsto para 2021, devido a um ambiente de spreads petroquímicos menos favorável em relação ao visto pela companhia no terceiro trimestre, em que conseguiu recorde em geração de caixa.

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A companhia espera que a demanda por produtos petroquímicos no Brasil no próximo ano cresça cerca de 2% e no restante do mundo entre 3% e 4% e não tem perspectiva no curto a médio prazo sobre novos projetos relevantes de investimentos em novas capacidades produtivas.

No encerramento da teleconferência, Pedro Teixeira de Freitas, diretor financeiro da empresa, chegou a falar sobre o preço das ações. “Gostaria de lembrar que estamos em Black Friday e as ações da Braskem estão em um momento de situação promocional”, afirmou o executivo.

Ele ressaltou que a empresa tem confiança de que deverá atingir o grau de investimento pelas agências Fitch e Moody’s em breve, depois que reduziu US$ 2,5 bilhões em dívida neste ano e após a Standard & Poor’s ter elevado a nota da companhia para BBB- em setembro.

“A gente continua muito confiante sobre a geração de caixa nos próximos trimestres, todo o cenário que se aponta na petroquímica internacional indica spreads em patamares muito saudáveis”, apontou.

Ele citou o acordo anunciado no final de setembro com a Pemex para fornecimento de matéria-prima para fábrica bilionária da companhia no México. Segundo Freitas, o acordo abre caminho para a fábrica operar a 100% da capacidade a partir do segundo semestre de 2022 e para a Braskem Idesa eventualmente pagar dividendos à Braskem.

Alocação de capital

Questionado por vários analistas sobre alocação de capital e pagamento de dividendos aos acionistas, Freitas afirmou que como a Braskem não tem projetos relevantes de investimentos em estudos para os próximos dois anos “naturalmente o que temos é espaço para alocar capital em dividendo”.

O executivo afirmou que a companhia esta fazendo estudos para uma eventual distribuição de dividendos no curto prazo, algo que poderia se assemelhar à distribuição antecipada ocorrida em 2017. “Espero em breve, dias, semanas, levarmos a proposta para o conselho (de administração) para uma decisão”, afirmou.

Sobre os investimentos para 2022, o executivo afirmou que como a Braskem adiou alguns investimentos em manutenção em 2020 e neste ano por causa dos impactos da Covid-19, a cifra para 2022 deverá ser “um pouco mais encorpada” para compensar os adiamentos. Ele evitou cravar um número.

Já sobre uma eventual migração das ações da empresa para o Novo Mercado da B3, Freitas afirmou que a empresa não está estudando uma mudança dos papéis para o segmento de mais alta governança do mercado brasileiro, apesar da recente criação de comitê de conformidade e auditoria, um item necessário para uma eventual migração.

(com Reuters)

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