Braskem (BRKM5): ação registra queda de 5,5% após trimestre preocupante e pessimismo sobre venda da empresa

Após resultados considerados muito fracos, BBI cortou o preço-alvo e rebaixou recomendação para neutra, vendo menor chance de mudança de controle

Lara Rizério Augusto Diniz

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Após os resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22), considerados fracos, as ações da petroquímica Braskem (BRKM5)  chegaram a cair abaixo de R$ 30 na mínima do dia na sessão desta quarta-feira (9), com baixa de 7,6%. Os papéis amenizaram as perdas, mas fecharam com queda de 5,53%, a R$ 29,88.

Os resultados muito fracos ocorreram num cenário de forte retração nos preços das resinas, exportações significativamente menores e um efeito de transporte de custos dos preços mais altos da nafta em US$ 77 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente totalizou R$ 1,97 bilhão (-75% em base anual e -47% frente ao trimestre anterior), abaixo do consenso, uma vez que a projeção Refinitiv era de R$ 3,24 bilhões.

O prejuízo líquido foi de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre, ante lucro de R$ 3,5 bilhões um ano antes, refletindo queda nas receitas e aumento nos custos.

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Entre as regiões, aponta a Eleven, o pior desempenho foi verificado no México com um Ebitda de R$ 75 milhões, 84% inferior ao 2T22, mesmo tendo apresentado a melhor performance em volumes, com um recuo de apenas 5% na base trimestral. Estados Unidos e Europa também apresentaram um resultado bastante ruim, com Ebitda de R$ 324 milhões, 72% inferior ao 2T22, decorrente da forte redução dos spreads e volume de PP (Polipropileno) 13% inferior.

No Brasil, o Ebitda de R$ 1,647 bilhão foi 26% abaixo do 2T22, com os spreads de PE (Polietileno) recuando 35% no trimestre, compensado em parte por melhores volumes e spreads de principais químicos básicos.

A companhia, avalia a casa de análise, foi afetada pela menor demanda mundial de seus principais produtos, impactada pelos fechamentos ocorridos na China com políticas relacionadas à Covid, que continua com um cenário bastante incerto e uma retomada mais demorada que o previsto.

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“Isto tem causado uma maior competição dos produtores de resina que buscam realocar o volume que era destinado à China, causando um cenário de maior competitividade e incertezas para a companhia”, reforça.

Rosana Avolio, diretora de RI da companhia, reforçou em teleconferência de resultados que as incertezas macroeconômicas globais e tensões geopolíticas foram alguns dos desafios do setor petroquímico. Ela citou, além das restrições na China relacionada à política de Covid zero, a redução nos spreads petroquímicos como outro problema enfrentado pelo setor.

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“No início do ano não se esperava que fosse assim”, disse Pedro Freitas, diretor-financeiro, ao comentar a continuidade das restrições no gigante asiático durante o ano que reduziu os spreads das operações.

Rosana apontou que ainda não é possível saber o movimento do spread em 2023 por conta do cenário macroeconômico. Segundo a executiva, apesar do cenário, produtos petroquímicos têm previsão de crescimento no ano que vem, principalmente com o possível fim das restrições na China por conta da Covid-19.

Olhando mais a curto prazo, o UBS BB destacou esperar que os resultados do 4T22 provavelmente serão iguais ou até inferiores aos do 3T22, números estes que os analistas apontaram como “preocupantes”.

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“Acreditamos que esse ambiente deve ofuscar as recentes notícias de que potenciais investidores estariam dispostos a adquirir a empresa por entre R$ 45 e R$ 50 por ação, embora nosso cenário base continue sendo que a Novonor [ex-Odebrecht] tenha incentivos limitados para concluir o desinvestimento”, avaliam.

A companhia tem sido alvo frequente de rumores de que está sendo vendida, com a gestora de ativos dos EUA Apollo aparecendo como uma das partes interessadas. Na semana passada a Braskem informou que apoiará a Novonor no processo de venda da participação societária detida na petroquímica, inclusive com interações com potenciais interessados.

Contudo, associada ao balanço, a visão de cenário mais difícil para a venda da companhia, controlada também pela Petrobras (PETR3;PETR4), fez com que o Bradesco BBI reduzisse a recomendação para o ativo de compra para neutra.

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“Acreditamos que as chances de venda da Braskem tenham diminuído significativamente. Nosso cenário base é que a Petrobras não venderá sua participação de 36% na Braskem; portanto, encontrar um comprador disposto a se unir sob a atual estrutura de acionistas torna-se mais difícil”, avalia.

Para os analistas do banco, mesmo que a transação se concretize pela participação de 38% da Novonor (o que geraria 100% de tag along, proteção aos minoritários em que o preço seria replicado para todos os acionistas da empresa), o preço a ser pago pelos compradores não se aproximará dos níveis mencionados anteriormente pela mídia (acima dos R$ 40/ação). “Além disso, o risco de alocação de capital da empresa aumenta. Por exemplo, a Petrobras poderia potencialmente retomar a construção de complexos petroquímicos maiores no Brasil”, avaliam.

Além disso, dada a forte queda nos preços das resinas e as expectativas do IHS de uma contínua deterioração dos preços nos
próximos trimestres, os analistas do BBI cortaram significativamente suas estimativas. Como resultado, o preço-alvo caiu de R$ 62 para R$ 35 por ação.

A Eleven também possui recomendação neutra para os ativos, mas com preço-alvo maior, de R$ 45, enquanto o UBS BB segue com recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 50.

Após a teleconferência de balanços, no fim da manhã, o BBI apontou que a tese que reforça sua visão mais cautelosa foi confirmada. “Os riscos para nossa tese seriam a Novonor potencialmente vender sua participação de 36% significativamente acima do nosso preço-alvo de R$ 35 por ação”, afirma.

Para os analistas, isso seria possível, mas qualquer comprador estaria pagando um prêmio pelo que a LyondellBasell (concorrente no setor) está negociando atualmente em termos de múltiplo de valor da empresa sobre Ebitda (EV/Ebitda). “Também achamos que as chances de a Petrobras comprar as ações da Novonor aumentaram. Assim, nenhum direito de tag along seria acionado para titulares de ações preferenciais, apenas 80% para titulares de ON, conforme previsto na listagem nível 1 da B3”, avalia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.