Bradesco (BBDC4): Não esperávamos que as provisões para perdas fossem acelerar tão rapidamente, admite CEO

CEO afirmou que o crescimento da carteira, assim como da inflação, acabou trazendo preocupação adicional sobre as carteiras de maior risco

Mitchel Diniz

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Os executivos do Bradesco (BBDC4) destacaram as suas perspectivas de recuperação após a “tempestade perfeita” que acometeu a companhia no terceiro trimestre de 2022 (3T22) em teleconferência, em meio a resultados decepcionantes que fazem as ações desabarem cerca de 10% na sessão desta quarta-feira (9). Para a instituição financeira, o resultado reflete momento econômico atual e um mercado que passa por ciclos.

CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Jr afirmou que a melhora no cenário em 2023 pode abrir espaço para operações com grandes empresas, apontando que o crescimento de crédito corporativo tem sido pequeno.

As grandes empresas, segundo ele, tomam crédito de curto prazo, para necessidades emergenciais de caixa, mas nada muito expressivo em operações de longo prazo. “Entendemos que em 2023, com expectativa de redução de juros e inflação controlada, teremos espaço para operações com grandes empresas”, afirmou.

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Sobre estratégia, o banco também não pretende mudar a sua atuação no varejo, mas sim aumentar penetração em alta renda.

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Na avaliação do CEO, em momentos cíclicos da economia, com juros baixos e inflação sob controle, a atuação no varejo é favorável com captura de valor pela base de clientes. “O que já estamos desenvolvendo é aumentar nossa penetração no cliente de alta renda, para que sirva como equilíbrio em momentos contra cíclicos, com mais inadimplência. Assim teremos mais receita com clientes que tem investimentos, com quem tem renda maior. É um trabalho que temos desenvolvido com especialistas em investimentos”, disse.

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O executivo, por sinal, admitiu uma surpresa com a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) no terceiro trimestre, afirmando que o banco não esperava que houvesse uma aceleração tão rápida.

Com uma visão mais pessimista para as operações de crédito, o Bradesco fez uma provisão para perdas de cerca de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre. De julho a setembro, essa provisão do banco deu um salto de 116,4% ano a ano, para R$ 7,27 bilhões.

Lazari afirmou que o crescimento da carteira, assim como da inflação, que corroeu o poder de consumo das pessoas, acabou trazendo uma preocupação adicional sobre as carteiras de maior risco, como cartão de crédito e crédito pessoal. “É onde a inadimplência chega mais rápido. Entendemos que teríamos que revisar a PDD expandida de acordo com o cenário está se avizinhando, colocando uma dose extra de cautela e conservadorismo”, afirmou na teleconferência.

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O índice de atrasos acima de 90 dias subiu na base sequencial pelo quinto trimestre consecutivo, chegando a 3,9%, voltando ao maior nível em quatro anos. 

“Eu acho que é um movimento que acabou acontecendo pelas características de uma clientela de baixa e pequenas e micro empresas, que acabam sofrendo com juros e inflação mais altas”, disse, sobre a inadimplência.  “O movimento está identificado e estamos tomando medidas necessárias. O quarto trimestre vai ser um momento de preocupação com inadimplência e teremos cautela e prudência”, completou, durante teleconferência com analistas.

Vale apontar que o banco ressaltou em seu release de resultados que o índice 15 a 90 dias ficou  estável pelo terceiro trimestre seguido, “o que pode indicar o pico da inadimplência nos próximos trimestres”.

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Lazari destacou ainda que a originação de pessoa física está menor que no ano passado, mas com qualidade superior. O Bradesco restringiu critérios de aprovação por conta do aumento da inadimplência.

Sobre a margem com mercado, ou o que o banco ganha com operações de crédito com outras instituições financeiras, o executivo apontou que ela deve melhorar no quatro trimestre, porém continuará negativa. No terceiro trimestre, ela ficou negativa em R$ 1,2 bilhão, revertendo salto positivo de R$ 1,6 bilhão um ano antes e sendo um destaque negativo no resultado. As margens pioram por causa da alta da Selic, fazendo com que o Bradesco faça captações mais caras, sem conseguir repassar o aumento para o cliente final em sua integralidade.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados