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O mercado acionário da Argentina subiu quase 23%, no melhor pregão desde 1992, na sessão desta terça-feira (21), em meio a ajustes após a vitória do libertário Javier Milei nas eleições presidenciais de domingo e um feriado local na segunda-feira, quando o mercado acionário ficou fechado por lá, mas os mercados externos reagiram com ganhos firmes.
O índice S&P Merval de Buenos Aires teve alta de 22,84%, em 792.443,17 pontos, devido aos ajustes de preços após o feriado, com as empresas de energia liderando os ganhos.
Das 24 ações presentes na carteira, 23 apresentaram valorização positiva, segundo aponta compilação do consultor Einar Rivero. A ação da TRANSENER liderou o ranking, com um ganho de 42,77%, seguida pela ação da Transportadora de Gás del Norte , com uma valorização de 41,09%, e a ação da Telecom Argentina fechou o pódio, apresentando um aumento de 40,24%.
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Três ações registraram uma valorização superior a 40%, cinco ficaram na faixa de 30 a 40%, seis entre 20 e 30%, sete entre 10 e 20%, enquanto uma teve um desempenho abaixo de 10%. “A única ação que encerrou o dia com rentabilidade negativa foi a da Mirgor, pertencente ao setor de que produz componentes eletrônicos, móveis e automotivos, e exporta, distribui e comercializa produtos agrícolas, com uma queda de -2,86%”, aponta Einar.
As ações de empresas argentinas listadas nos EUA também subiram até 40% na segunda-feira, lideradas pela petrolífera estatal YPF. Já na bolsa argentina, os papéis subiram 38,62% nesta terça.
Milei reafirmou ontem os planos de privatizar a YPF, em um esforço para cumprir a promessa de campanha de reduzir radicalmente o tamanho do Estado.
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Em entrevista à rádio argentina Mitre, Milei explicou que o primeiro passo será garantir a recuperação dos resultados da empresa para assegurar uma venda de maior valor. O libertário pretende também entregar ao setor privado o comando de companhias de comunicação, entre elas a Rádio Nacional e a agência de notícias Telám.
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Na véspera, a dívida soberana também havia se recuperado com o otimismo em relação ao novo presidente da terceira maior economia da América Latina, que sofre com uma inflação de três dígitos, uma recessão iminente e o aumento da pobreza.
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“A agenda de Milei cria ilusão, há uma visão positiva, embora haja problemas muito difíceis de resolver”, disse o analista Marcelo Elizondo. “Os mercados externos endossam o fato de que houve a derrota de uma força (política) que levou ao caos econômico”, acrescentou, referindo-se ao peronismo que impulsionou o candidato Sergio Massa.
Analistas do Morgan Stanley previram um ajuste de pelo menos 80% na taxa de câmbio oficial da Argentina em dezembro, após o resultado presidencial nas urnas.
O banco acrescentou que o país provavelmente negociará um novo programa de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional “com relativa rapidez” para evitar atrasos com o FMI, com quem tem um programa de empréstimo de US$ 44 bilhões.
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No mercado de câmbio, o peso oficial fechou a sexta-feira em 354 por dólar e o peso paralelo “blue” foi negociado a 950, o último dia de negócios genuínos nesse mercado influente quando se trata de tomar decisões financeiras. A diferença subiu para 168,4%. A expectativa era de que o peso caísse nesta terça pós-feriado, uma vez que Milei tem como plataforma a dolarização da economia argentina.
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Nesta terça, o “dólar blue” abriu praticamente estável em relação ao fechamento da semana passada, mas passou a ganhar força ao longo do dia e fechou com valorização ante o peso. No primeiro dia útil após a vitória de Milei, a moeda abriu cotada também a 950 pesos, mas encerrou o dia a 1.025 pesos para compra e 1.075 pesos para venda.
“O presidente eleito terá de dissipar as várias fontes de incerteza que afetam os argentinos. Ele terá de vestir o uniforme de um líder desde o momento zero”, disse Pablo Besmedrisnik, diretor e economista da Invenómica.
Já o Bradesco BBI destacou manter a opinião de que Milei implementará ajustes fiscais abruptamente, “de modo a transferir a culpa por possíveis impactos negativos para o atual governo”.
“No que diz respeito à governabilidade, o novo presidente sabe que não pode apostar na conquista do apoio do Congresso no futuro, por isso deve aproveitar a ‘lua de mel’ para apresentar uma agenda legislativa que não só tenha o perfil de La Libertad Avanza, mas também o perfil da coalizão Juntos por el Cambio (JxC). As reformas mais emblemáticas necessitarão do apoio de pelo menos uma maioria simples no Congresso e por isso manter um discurso moderado e um bom relacionamento com Mauricio Macri e Patricia Bullrich será fundamental para avançar na esfera política”, avalia.
(com Reuters)
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