Bill Gross alerta: mercado não entendeu direito a mensagem de Bernanke

Em entrevista à Bloomberg, fundador da Pimco, maior gestora de renda fixa do mundo diz investidores deixaram de lado um importante ponto no discurso do presidente do Fed: a inflação

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, Bill Gross, fundador da Pimco – maior gestora de renda fixa do mundo -, alertou para o que seria um erro de interpretação do mercado para os sinais emitidos na véspera pelo Federal Reserve – e que levaram as bolsas pelo mundo a desabar. 

Após a autoridade monetária revelar o desfecho da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), os mercados chegaram a apontar para algum sinal de recuperação, mas azedaram de vez após uma leitura mais calma, ao sinalizar para uma melhora mais rápida do que o esperado da economia norte-americana. Com isso, a expectativa de que a redução do programa de estímulos do Federal Reserve no valor de US$ 85 bilhões seja antecipado azedou de vez as bolsas pelo mundo.

Estas expectativas se guiaram principalmente pelas projeções melhores do Fed para o crescimento do PIB norte-americano e para as metas de desemprego. Entretanto, aponta Bill Gross, o mercado deixou de fora as metas de inflação da autoridade monetária, o que também é um fator muito importante e que deve ser levado em conta. “Há uma combinação entre crescimento, desemprego e inflação que deve ser cuidadosamente gerenciado”, diz o fundador da Pimco.

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Gross destacou que os investidores que estão vendendo títulos do Tesouro norte-americano, na expectativa de que o Fed irá frear seu programa de compra de títulos de US$ 85 bilhões por mês vão ficar decepcionados, uma vez que a inflação ainda não está perto de atingir os 2% ao ano estipulados pela autoridade monetária para que os juros subam. 

Os preços ao consumidor subiram 1,1% anualizados até abril, enquanto a taxa de desemprego foi de 7,6% em maio. O Federal Reserve manteve as expectativas de que a inflação deva vir para 2% e a taxa de desemprego caia para 6,5% o que deve acontecer, segundo Ben Bernake, já em 2014 e não mais em 2015.

“Nós acreditamos que Bernanke está levando em conta muito mais um cenário ciclíco. Caso isso aconteça, o Fed está conduzindo erroneamente as políticas ao pensar que o problema é conjuntural ao invés de estrutural em termos econômicos”, ressalta Gross. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.