Bernanke se defende diante do Congresso sobre caso da aquisição da Merrill Lynch

Presidente do Fed declara que não pressionou BofA a comprar rival, apenas alertou sobre riscos advindos do fim das conversas

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – Os rumores de pressão por parte de líderes econômicos para a conclusão da compra da Merrill Lynch pelo Bank of America chegaram a um ponto extremo, sendo investigados pelo Comitê sobre Supervisão e Reforma do Governo, da Casa dos Representantes dos Estados Unidos.

Diante das acusações de que teria coagido a diretoria do Bank of America a levar a cabo as negociações, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, se defendeu em discurso frente ao comitê nesta quinta-feira (25).

“Eu acredito que nossas ações neste episódio, incluindo o desenvolvimento de um pacote de assistência que facilitou a consumação da aquisição da Merrill Lynch pelo Bank of America, foram não apenas feitos com a mais alta integridade, mas também fortaleceram ambas as companhias, enquanto aumentaram a estabilidade dos mercados financeiros e protegeram os contribuintes”, declarou Bernanke.

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Antes…

Em seu discurso, o presidente do Fed deixou claro quão difíceis foram as circunstâncias nas quais as negociações entre Bank of America e Merrill Lynch se desenvolveram. O anúncio se deu em 15 de setembro de 2008, logo após a estatização das agências de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac e um pouco antes da falência do Lehman Brothers, da primeira ajuda governamental à AIG e da compra do Wachovia pelo Wells Fargo.

Segundo Bernanke, a ideia inicial era fechar o negócio em 1º de janeiro de 2009. Entretanto, em 17 de dezembro de 2008, a diretoria do Bank of America informou ao Federal Reserve pela primeira vez as intenções de interromper as conversas devido às duras perdas sofridas pela Merrill Lynch no quarto trimestre daquele ano. Na época, o CEO do BofA informou que poderia invocar a cláusula de Evento de Material Adverso de forma a rescindir o acordo.

… Durante…

Bernanke conta então que expressou preocupações de que essa situação pudesse trazer mais riscos para o mercado financeiro e para os dois bancos envolvidos nas negociações.

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Foram três os motivos listados por ele: o aumento dos riscos sistêmicos, a desconfiança que surgiria em relação à capacidade de avaliação do Bank of America, já que o acordo já vinha sendo revisado havia três meses; e a grande probabilidade da invocação da cláusula falhar, servindo apenas para aumentar os custos do BofA com a aquisição.

Dessa forma, em 30 de dezembro, a diretoria do Bank of America optou por continuar com a aquisição. “A decisão de levar a fusão adiante corretamente permaneceu nas mãos da diretoria do Bank of America”, ressaltou Bernanke em seu discurso, acrescentando categoricamente não ter falado à diretoria do banco que o Fed iria se posicionar contra a administração caso eles optassem por findar o acordo.

… Depois

O presidente do Federal Reserve concluiu sua defesa afirmando que a autoridade monetária também não interferiu nas decisões de disclosure do Bank of America a respeito das perdas da Merrill Lynch. Na verdade, ele insinua que a situação foi o inverso, já que o planejamento do Fed teria sido influenciado pela agenda de divulgação do banco.

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