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Ainda que amenizando os ganhos, principalmente em relação às máximas do dia, as ações de bancos registraram um novo dia de alta em meio ao noticiário movimentado sobre a reforma tributária e, principalmente, sobre o debate envolvendo os juros sobre o capital próprio.
Na última segunda-feira (28), o Itaú (ITUB4) avançou 3,39%, a R$ 27,77, e Bradesco (BBDC4) fechou em alta de 3,24%, a R$ 15,31, mesmo após dados mostrando nova desaceleração no saldo das operações de crédito no país no mês passado. Banco do Brasil (BBAS3), por sua vez, avançou 2,88%, a R$ 48,48.
Já nesta terça-feira (29), ITUB4 subiu 1,58% (R$ 28,21), Bradesco PN teve alta de 1,18% (R$ 15,49) e BBAS3 avançou modestos 0,56% (R$ 48,55).
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O movimento ocorreu após uma notícia do jornal O Estado de S. Paulo, do final da sessão da véspera, relacionada aos planos do governo relacionados à tributação de juros sobre capital próprio (JCP). Há expectativa no mercado de mudanças nesse instrumento no projeto do Orçamento de 2024 que deve ser encaminhado ao Congresso nesta semana.
Segundo a publicação, para enfrentar as resistências do Congresso, o Ministério da Fazenda avalia mudar a forma de tributação dos chamados Juros Sobre Capital Próprio em vez de acabar de fato com esse instrumento de remuneração dos acionistas das empresas, como tinha sido ventilado anteriormente.
O JCP é um mecanismo criado após o Plano Real com o fim da correção monetária sobre os balanços. Ele é um instrumento usado por grandes empresas que permite que a remuneração (distribuição de lucros) aos acionistas seja enquadrada como despesa – e, assim, abatida do Imposto de Renda.
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Atualmente, há retenção na fonte de IRPF quando há distribuição de JCP, com uma alíquota de 15%, diminuindo o valor que o acionista da recebe da empresa.
A Receita Federal pode mudar o critério de dedução do JCP da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Com a mudança do critério de dedução, aumenta a alíquota efetiva do imposto a pagar e sua arrecadação.
O argumento da Fazenda tem sido de que a forma como o JCP se aplica no Brasil não tem paralelo em outros países que utilizam esse instrumento.
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Fontes da equipe econômica ouvidas pelo jornal, no entanto, reconhecem que, no caso dos bancos, há uma preocupação de não encarecer o crédito, já que as instituições financeiras tem tratamento regulatório distinto devido às regras bancárias (de Basiléia) para o capital.
Segundo apurou o Estadão, banqueiros já procuraram o Ministério da Fazenda para esclarecer as peculiaridades do setor bancário, que é um dos mais intensivos em capital por exigência da regulação internacional e do Banco Central. É que as instituições financeiras têm um volume muito elevado de capital para cobrir os riscos de crédito nas operações de empréstimos (calote).
Impacto no mercado
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Diversos estudos destacam o possível impacto do fim dos JCPs para os bancos, sendo o setor um dos mais afetados. Assim, uma eventual mudança para não “matar o instrumento” acaba sendo positivo para o setor.
Os analistas do Citi também destacaram esse ponto em relatório da noite da véspera. Eles avaliaram que o potencial fim desse instrumento e o consequente aumento da tributação ao bancos têm sido uma das principais pressões negativas para o setor, e eventuais alterações devem ser incluídas na proposta do Orçamento para 2024 que o governo apresentará nesta semana.
Rafael Frade e equipe, contudo, também chamaram a atenção para notícias sinalizando que mudanças no mecanismo de JCP podem ser compensadas por medidas para os bancos.
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“Acreditamos que, se confirmado, isso poderá levar a um re-rating do setor”, afirmaram os analistas do Citi, acrescentando que veem as ações do Itaú Unibanco, negociadas com múltiplos de preço/lucro previsto para 2024 de 7 vezes, versus média de longo prazo de 9 vezes, como uma ótima opção para tal evento.
O Citi tem recomendação de compra para Itaú, com preço-alvo de R$ 35.
Em análise, a equipe da XP Política deu indicação de que a proposta enviada pelo governo até esta quinta-feira (junto com o PLOA) deve prever o fim da dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio de forma generalizada, sem exceções.
A estimativa de arrecadação no governo é de R$ 6 bilhões para 2024. No entanto, dentre as medidas de renda desta leva, esta é a que enfrentará maiores dificuldades nesse curto prazo, por ser considerada de maior abrangência e com impacto estrutural sobre o planejamento tributário das empresas, aponta a equipe de análise política da casa.
“Dificilmente o Congresso aprovará a medida da forma que o governo enviará. Haverá uma tentativa de postergar a discussão, para que seja casada com o debate mais amplo sobre tributação da renda, junto com a reforma dos dividendos, que deve ser conduzida apenas no próximo ano”, avalia.
Além disso, caso haja ambiente político para aprovar alguma alteração no JCP ainda este ano, a medida deverá ser bastante desidratada, prevendo exceções e prazos de transição suaves.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)
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