Bancos privados perderiam espaço para os públicos em nova gestão Lula? O Morgan Stanley acha que não

Analistas afirmam que gestões passadas do PT não afetaram desempenho dos "bancões" de forma relevante

Mitchel Diniz

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Em relatório, o Morgan Stanley contesta o argumento de que bancos privados poderão perder valor de mercado para bancos públicos, que, por sua vez, ganhariam espaço com práticas competitivas agressivas. “Uma análise superficial [de gestões passadas] pode sugerir que isso foi verdade, porém olhando mais de perto, um olhar mais aprofundado da questão mostra que não é o caso”, diz o relatório do banco.

Os analistas dizem que nem todos os governos do PT foram os mesmos. “Durante os dois mandatos presidenciais de Lula não houve mudanças perceptíveis de fatias de mercado no sistema bancário – tanto o setor público quanto privado operaram em condições amigáveis”, diz o relatório.

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Ainda segundo o Morgan, no referente período, os bancos do setor privado ampliarão sua participação em empréstimos e os spreads de crédito se saíram melhor que o esperado à luz de quedas na taxa Selic. Os retornos sobre capital investido (ROE) estavam constantemente acima de 20% tanto para bancos privados quanto nos públicos, e as grandes instituições financeiras listadas na Bolsa tiveram desempenho acima do Ibovespa.

“Os oito anos de Lula no poder coincidiram com um período forte para os bancos no Brasil, apesar de uma crise financeira global”, escreveram os analistas do Morgan Stanley.

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Mudanças no market share aconteceram no governo Dilma

O banco, contudo, ressalta que na gestão de Dilma Rousseff as coisas mudaram. Os bancos públicos cresceram muito mais rápido que os seus pares privados. “Os três maiores bancos públicos ganharam 13 pontos percentuais de market share em relação a seus pares privados, indo de 41% do total de empréstimos em 2010 para 54% em 2015″, calcula o Morgan.

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Nas contas do Morgan, a Caixa ganhou uma fatia de 10,7% de fatia de mercado, enquanto Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Santander (SANB11) perderam, respectivamente, 3,8%, 2,5% e 1,5%. Ainda assim, o banco ressalta que, ao olhar os números no detalhe, a mudança de dinâmica nas participações de mercado foram impactadas por empréstimos do governo, hipotecas e crédito agrícola – segmentos em que a participação dos bancos privados é considerada marginal.

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“Excluindo o impacto dessa mudança de mix no perfil de empréstimos, os bancos privados perderam pouca participação de mercado: Bradesco, 0,7% e Itaú, 1,4%, o que não muda muito o cenário”, diz o relatório do Morgan Stanley. A análise, na  verdade, até afirma que as instituições financeiras ganharam participação de mercado em categorias de maior margem de consumo, como empréstimos pessoais.

Competição dos bancos públicos não teriam impactado spreads

A análise do Morgan Stanley também avalia que os spreads dos empréstimos não foram impactados pela competição acirrada dos bancos públicos. “Em vez disso, as evidências mostram que as taxas de juros de referência foram o principal driver dos spreads“, diz o texto do Morgan.

O banco acrescenta que a dinâmica do ROE das instituições financeiras privadas e a performance de suas ações ao longo do governo Dilma entregou retornos consistentemente altos e tiveram desempenho melhor que o índice Bovespa. “Foram os bancos do governo, Caixa e Banco do Brasil (BBAS3), que sofreram, com uma compressão significativa do ROE e no preço das ações”, diz a análise.

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O Morgan Stanley diz que se mantém bullish nos grandes bancos listados na Bolsa. O nome favorito da casa é Itaú Unibanco. “Esperamos que os bancos entreguem lucro por ação atraente e ROE nas máximas em anos  nos próximos 12 a 18 meses”, diz o banco.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados