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Um dos dados mais aguardados da semana, o Produto Interno Bruto (PIB) da China veio levemente acima do esperado e repercutiu positivamente entre as Bolsas asiáticas após sua divulgação. A questão é que bancos e casas de análise passaram a revisar para baixo o crescimento da economia chinesa em 2022 justamente por conta desse número, aparentemente positivo. Afinal, o que os analistas enxergaram e pode ter passado despercebido pelos investidores?
A expectativa era de que o PIB chinês avançasse 8% em 2021 e o desempenho ficou levemente acima disso, em 8,1%. No quarto trimestre do ano passado, a economia do país cresceu 4%, também superando as projeções que apontavam para uma alta de 3,6%.
“Uma análise mais cuidadosa dos números mostra que, apesar do bom desempenho no trimestre e no acumulado do ano, a economia não está em sua melhor forma”, escreveram os analistas da Levante Ideias de Investimento. Eles explicam que, apesar do crescimento acima do esperado entre outubro e dezembro do ano passado, houve uma desaceleração em relação ao terceiro trimestre de 2021, quando a economia chinesa avançou 4,9%.
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Ou seja, o mercado já projetava um número ruim – ele só veio “menos pior” do que se previa. “O crescimento trimestral foi o menor desde o ‘fundo do poço’ do segundo trimestre do ano passado, quando as restrições impostas pela pandemia fizeram a economia chinesa crescer ‘apenas’ 3,2%”, destaca o relatório da Levante.
E é justamente a pandemia que está trazendo, novamente, perspectivas mais fracas para a economia do país asiático. A China adota a política de “Covid Zero”, com medidas restritivas bastante rigorosas e lockdowns a qualquer sinal de novas infecções pelo coronavírus. O surto da variante ômicron no país piorou esse cenário.
“A política de Covid Zero da China permanece em vigor e pode levar a interrupções de produção e logística no curto prazo, à medida que o governo tenta conter a variante ômicron mais contagiosa antes do Ano Novo Chinês. Continuaremos a acompanhar de perto os novos desenvolvimentos”, diz relatório do Bradesco BBI, sobre a produção de siderúrgicas chinesas. O texto destaca relatos de novas interrupções em indústrias onde os casos de Covid-19 avançam.
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O PIB chinês veio acompanhado de uma série de dados sobre a atividade econômica em dezembro. A produção industrial, que cresceu 4,3% em dezembro, superando as projeções; e o varejo, que avançou 1,7%, desempenho considerado fraco e um sinal de desaceleração. Além dos investimentos em ativos fixos em 2021, que também vieram acima do esperado (4,9%), mas tiveram uma desaceleração significativa nos aportes do setor imobiliário, que avançaram 4,4% (ante crescimento de 7% em 2020″.
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“As exportações foram o principal fator de apoio no ano passado, enquanto o consumo foi um empecilho”, destaca análise da Julius Baer. “A produção industrial foi sustentada pela sólida demanda externa contínua e pela redução das restrições de oferta”, acrescentam os analistas.
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Tanto é que, mesmo com o PIB crescendo mais que o esperado, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) reduziu de 2,95% para 2,85% a taxa de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano. O corte, anunciado nesta segunda-feira (17) é o primeiro desde abril de 2020.
Foi por conta desse cenário que o Itaú revisou o PIB da China em 2022, de 5,1% para 4,7%. “Apesar do apoio político, o surto de ômicron representa um risco negativo para a atividade e as cadeias de suprimentos globais”, afirmou o banco.
O Morgan Stanley não chegou a revisar o PIB anual, mas refez os cálculos sobre a economia chinesa no primeiro trimestre, esperando um crescimento de 4,5%. A variação está abaixo da faixa de crescimento que o governo chinês estabeleceu para 2022, de 5% a 6%.
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“A recuperação pode ganhar tração a partir do segundo trimestre, com mais políticas de flexibilização”, afirmam os analistas do Morgan.
Vale lembrar que, na semana passada, o Goldman Sachs também cortou a previsão para o PIB chinês em 2022, de 4,8% para 4,3%. A nova projeção reflete expectativas de aumento às restrições na atividade empresarial para conter a variante ômicron.
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