Azul (AZUL4) salta 8,7% na Bolsa após resultado do 3º tri reforçar racionalidade; analistas veem aérea bem posicionada

A companhia teve lucro operacional atingindo R$ 957,4 milhões, um crescimento de 137,1% na comparação com o 3T22

Lara Rizério Mitchel Diniz

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A sessão pós-resultados (não auditados) da Azul (AZUL4) do terceiro trimestre de 2023 é bem positiva para as ações, em um dia de ânimo geral para o mercado, mas também por conta dos números apresentados pela companhia aérea entre julho e setembro. As ações AZUL4 subiram 8,71%, a R$ 16,73.

A companhia teve lucro operacional atingindo R$ 957,4 milhões, um crescimento de 137,1% na comparação com o 3T22.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,551 bilhão, alta anual de 67,7% e acima do consenso LSEG, que previa resultado de 1,34 bilhão. Isso levou a uma alta da margem Ebitda ajustada de 10,4 p.p. (pontos percentuais), para 31,6%.

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O Bradesco BBI destacou que o Ebitda ficou em linha com que esperava, mas 6% acima da projeção de mercado.

Entre os principais destaques, o BBI aponta que: 1) as tarifas aéreas subiram 0,4% na base anual, enquanto os preços dos combustíveis caíram 33% na  mesma base, levando a uma expansão da margem Ebitda de +10 pontos percentuais ano a ano e +4,5 pp trimestre a trimestre; 2) a liquidez total aumentou R$ 1,2 bilhão no trimestre, para R$ 6,7 bilhões, já incluindo os efeitos da reestruturação da dívida e do acordo com arrendadores e OEMs (“Fabricante Original do Equipamento”); 3) a Azul reduziu sua projeção de Ebitda para 2023 de R$ 5,5 bilhões para R$ 5,2 bilhões, com crescimento de 11% para 2023 (ante 14% anteriormente), provavelmente refletindo o aumento nos preços do petróleo. Para 2024, a Azul elevou seu guidance de Ebitda para R$ 6,3 bilhões, ante R$ 6 bilhões anteriormente.

Em teleconferências com o mercado para comentar os números do trimestre, John Rodgerson, CEO da Azul, falou sobre o cenário das tarifas de passagens. “Tarifas precisam estar no atual nível com o custo do capital como está (…) Olhe para o preço do combustível, olha para a quantidade de processos judiciais contra companhias aéreas”, afirmou.

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Ele também criticou o fato de ser 30% mais barato abastecer uma aeronave em Miami e disse que o Brasil precisa solucionar essa situação se quiser estimular o turismo no País. “Em um país que tira petróleo do chão, ter o combustível mais caro do mundo não faz sentido”, apontou.

Os executivos da aérea também comentaram sobre os atrasos nas entregas de aeronaves. Alex Malfitani, CFO da Azul, apontou que, caso não houvesse atrasos, haveria até 3 aeronaves da Embraer operando este ano.

“A gente tem toda uma esteira de entregas da Embraer. No fundo, tá tudo atrasado e é como se a cadeia inteira se deslocasse à direita na linha do tempo. Tem fabricante dizendo que vai atrasar entrega que está previsto daqui a quatro anos”, afirmou Malfitani.

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Segundo ele, cada entrega em si, individualmente, está atrasada em semanas ou meses. “Se nada tivesse atrasado iríamos ter até 3 aeronaves da Embraer operando este ano, mas elas só vão chegar em fevereiro […] Não é um atraso dramático, mas cada dia atrasado é um dia de capacidade que não consigo vender”.

De acordo com o CEO, todos os fabricantes estão atrasados. “Estamos para receber um Airbus em dezembro e dois [aviões da] Embraer no final de novembro. Isso impacta nossa capacidade de voar”, afirmou Rodgerson.

A maior parte das entregas previstas para 2024, só deve ocorrer na segunda metade do ano. Esse foi um dos motivos pelo qual a Azul reduziu suas projeções de oferta de assento para 2023.

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Agora a companhia espera aumentar a capacidade (ASK) em aproximadamente 11% em 2023 em comparação com 2022, o que representa redução ante expectativa de 14% anteriormente.

Conforme aponta o Itaú BBA, os destaques das teleconferências ficaram com os detalhes fornecidos pela administração na revisão do guidance para 2024, além da melhoria da liquidez da empresa
liquidez após o acordo de reestruturação de passivos com arrendadores e OEMs. “Nós mantemos
nossa visão positiva sobre a empresa”, avalia o BBA.

Para os analistas do banco, o guidance para 2024 reforça a racionalidade da indústria. As tarifas do 2S23 mostram um bom nível para a Azul cumprir seu guidance de Ebitda de R$ 6,3 bilhões para 2024, o que, somado com a disciplina do setor, estabelecem uma boa tendência para os próximos trimestres.

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Por outro lado, os “estrangulamentos” da indústria comentados pela empresa são um problema constante.

“Embora a Azul não preveja uma solução simples aos atrasos dos OEM e dos fornecedores no curto prazo, dados os gargalos da cadeia de fornecimento, os atrasos também levam as companhias aéreas a manter a sua capacidade racional e a se concentrarem na otimização da lucratividade”.

Para o banco, a estratégia da Azul a coloca em uma boa posição para superar o crescimento médio do mercado. “A Azul voa em cerca de 80% de suas rotas exclusivamente, o que expõe a empresa a segmentos resilientes como agronegócio e infraestrutura, e suaviza os eventuais impactos de problemas macro-relacionados de volatilidade da demanda”, aponta.

Enquanto isso, a melhoria da rentabilidade esperada para 2024 é sustentada por diversos fatores. “A margem Ebitda de 32% reportada para o 3T23 não parece algo isolado, dada a crescente eficiência da frota da Azul, o bom desempenho de outras unidades de negócio, além do transporte de passageiros, e o
pleno efeito da operação Congonhas em 2024”, avalia o banco.

O BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações da Azul, com preço-alvo de R$ 24, ou um potencial de alta de 55,3% frente o último fechamento. Na mesma linha, o BBI tem recomendação outperform e preço alvo para o final de 2024 ainda maior, de R$38, ou potencial de alta de 147%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.