Azul (AZUL4) prevê margens melhores e expansão de Ebitda, mas cautela persiste entre analistas

Casas como Goldman Sachs e JP Morgan mantiveram sua preferência por concorrentes da América Latina

Mitchel Diniz

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O encontro anual de investidores com os maiores executivos da Azul (AZUL4) rendeu boas avaliações por parte dos analistas que acompanham empresa. Mas, ainda que a companhia aérea tenha apresentado perspectivas positivas para os próximos anos, algumas casas ainda se mantém cautelosas com o papel, dando preferência a outros players na América Latina.

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No Investor Day, realizado nesta quarta-feira (5) em Nova York, os executivos da Azul disseram esperar que a expansão do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) continue ocorrendo nos próximos anos, ainda que não haja um guidance oficial.

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Para 2024, a empresa espera um crescimento anual entre 8% e 10% na capacidade doméstica. Também vê um ambiente de receitas estáveis na comparação com 2023 e de combustível mais barato, na média.

A companhia espera que a renovação da frota seja totalmente concluída em 2027. Com os modelos E2 da Embraer, de maior tamanho e que consomem menos combustível, a expectativa é de melhora nas margens da Azul.

A aérea explicou que o novo modelo oferta 15% mais assentos que o E1 e consome 18% menos combustível. Com isso, a aérea espera reduzir em 14% os custos por viagem e em 26% o custo por assento em relação ao modelo E1.

Os administradores também destacaram o crescimento de negócios secundários, como Tudo Azul e Azul Cargo, que vêm se expandindo em ritmo mais acelerado que o negócio com passageiros e devem ter maior relevância nas receitas da companhia daqui em diante.

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Azul (AZUL4) busca mais rentabilidade do que fatia de mercado

No encontro com os investidores, os executivos da Azul reforçaram suas impressões sobre o ambiente competitivo, pontuando a busca por rentabilidade ao invés de ganho de market share.

A companhia também observa que é o único operador em 80% das rotas onde atua, o que diminui seu risco de competição. Atualmente a Azul opera em 155 destinos no Brasil, com diversificação geográfica.

Além disso, a aérea acha pouco provável a entrada de novos competidores, dado os desafios tributários, regulatórios e de custos. A empresa afirmou ainda que não vê espaço para fusões e aquisições, mas acredita que uma consolidação seja possível via code share.

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Em relação à reestruturação do balanço, os executivos voltaram a dizer que não haverá queima de caixa em 2023 e a expectativa é de geração de caixa em 2024.

A companhia informou que os custos com o arrendamento de aeronaves deve ser reduzido em R$ 1,5 bilhão em 2023, para R$ 2,8 bilhões; e em R$ 1,1 bilhão, para R$ 2,9 bilhões, em 2024.

Essa redução é resultado na negociação com lessores que concordaram em receber 40% da dívida em notas com vencimento em 2030. O restante será pago em equity, que pode ser convertido em ações preferenciais no valor de R$ 36.

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A administração reforçou que o instrumento que a companhia vai utilizar entre 2024 e 2027 não deve impactar o preço da ação, já que o volume emitido deve ficar bem abaixo da média diária de negociações com ações da Azul.

Bancos se mantêm neutros

O Goldman Sachs não mudou sua avaliação sobre a empresa após o encontro de investidores. O banco se mantém neutro sobre os ativos da aérea brasileira, com preço-alvo de R$ 24,30.

Contudo, os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins reconhecem os efeitos da reestruturação da companhia na redução de risco do seu balanço. Também apontam para a recuperação da rentabilidade da Azul, com expectativa de que essa tendência continue pelos próximos trimestres.

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O banco também observa que os ativos da Azul estão sendo negociados a múltiplos abaixo da média histórica. No entanto, o valuation é similar a outros players do setor na América Latina, que se encontram em melhores condições financeiras.

O JP Morgan também manteve recomendação neutra para o papel. A estimativa de aumento de capacidade da Azul superou as projeções do banco, que prevê ainda Ebitda de R$ 6 bilhões para a aérea em 2024. O preço-alvo do JP para AZUL4 é R$ 26,50.

O JP mantém a preferência por outras companhias da América Latina, como Copa Airlines, do Panamá, e Volaris, do México.

AZUL4: recomeço

Para o Bradesco BBI, o encontro com investidores pode ser considerado o começo de um novo capítulo na história da Azul, com a conclusão da reestruturação de seu balanço.

A casa tem recomendação outperform (equivalente à compra) para AZUL4 e preço-alvo de R$ 28. Os analistas destacam que o ativo segue negociado com 30% de desconto em relação ao período pré-pandemia.

O Itaú BBA afirma manter visão construtiva sobre a companhia. “Ainda que existam alguns desafios de curto prazo relacionados à alta nos preços dos combustíveis no Brasil, o setor tem elevado tarifas e o governo parece disposto a ajudar na redução de impactos negativos para o setor”, escreveram os analistas.

Eles destacam a possível inclusão do setor aéreo no regime especial na reforma tributária e isenção de PIS e Cofins até 2026. O BBA também tem recomendação outperform e preço-alvo de R$ 24.

No pregão desta quinta-feira (6), as ações da Azul caem 1,35%, cotadas a R$ 13,90. Em 2023, os papéis sobem 26,25%.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados