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SÃO PAULO, 16 Fev (Reuters) – A geradora de energia renovável Auren (AURE3) fechou o ano de 2022 com uma conquista histórica ao resolver o imbróglio judicial da hidrelétrica de Três Irmãos, destravando o recebimento de uma cifra importante para que a companhia possa perseguir mais oportunidades de crescimento orgânico, aquisições e gerar mais retorno aos acionistas, disseram executivos à Reuters.
A companhia controlada pelo grupo Votorantim e CPP Investments divulgou nesta quinta-feira um lucro líquido de R$ 2,45 bilhões no quarto trimestre, contra R$ 42,0 milhões registrados um ano antes. No consolidado de 2022, o lucro somou 2,67 bilhões, ante 420,3 milhões em 2021.
Os lucros trimestral e anual foram impulsionados pela contabilização da indenização referente a Três Irmãos, após a companhia ter fechado, em dezembro do ano passado, um acordo com a União para encerrar uma disputa que se prolongava há 10 anos. Em valores corrigidos, a indenização soma R$ 4,2 bilhões e será paga em sete anos, com a primeira parcela prevista para outubro.
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Com o fechamento desse caso, o conselho de administração da companhia aprovou nesta quinta-feira o pagamento de R$ 1,5 bilhão em dividendos extraordinários aos acionistas, equivalente a R$ 1,50 por ação. Os dividendos, caso aprovados em Assembleia Geral, serão pagos em 15 de maio de 2023, de acordo com as posições acionárias existentes no encerramento do pregão da B3 do dia 4 de maio de 2023 (data base). As ações serão negociadas ex-dividendos a partir do dia 5 de maio de 2023.
A resolução da pendência de Três Irmãos se soma a um desempenho operacional positivo da companhia, que registrou aumentos de geração hidrelétrica e eólica no último trimestre de 2022, levando a uma alta de 51,3% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), a R$ 520,8 milhões no trimestre.
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Com baixa alavancagem, de 1,4 vez dívida líquida sobre Ebitda, a companhia segue buscando crescimento via aquisições e desenvolvimento de novos projetos do zero, disse à Reuters o CEO da Auren, Fabio Zanfelice.
Zanfelice não comentou sobre oportunidades específicas de aquisição, mas declarou que a empresa não tem interesse em ativos de pequeno porte, como projetos eólicos abaixo de 150 megawatts (MW) de potência.
“Escala, sinergia de ativos, é importante para crescimento”, acrescentando que a companhia também não tem interesse na compra de fatias minoritárias.
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No caso de novos projetos próprios de geração, ele lembrou que a companhia está em fase de estruturação de usinas solares de grande porte, Sol do Piauí e Sol de Jaíba. Em sua avaliação, o cenário atual apresenta mais riscos para quem quer lançar projetos do zero, dado o horizonte de preços de energia de longo prazo em baixa e aumento dos custos associados à construção e desenvolvimento de projetos.
ENTRADA EM TRANSMISSÃO
Focada hoje no segmento de geração renovável, a Auren vem há anos estudando uma possível entrada no segmento de transmissão de energia, e acredita que o cenário para este ano apresenta condições favoráveis a um movimento do tipo neste ano.
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Segundo Zanfelice, os certames deste ano vão oferecer grandes projetos de transmissão, que proporcionam escala aos operadores. E, por serem projetos com investimentos expressivos, a expectativa é de que menos agentes tenham fôlego para disputá-los, potencialmente reduzindo a competição e os deságios oferecidos.
“De fato, esse é um momento interessante para quem está pensando em entrar em transmissão… Não fechamos nenhuma estratégia (de participar do leilão), mas posso dizer que as condições desse leilão são alinhadas com o que imaginávamos entrar em transmissão, os temas de (taxas de) retornos e escala.”
Marcado para 30 de junho, o primeiro leilão de transmissão de energia de 2023 oferecerá ao mercado nove lotes, somando 6,1 mil quilômetros de novas linhas de transmissão e investimentos estimados de R$ 15,8 bilhões.
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