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No final de setembro, o Ethereum (ETH) passará pela “Merge” (Fusão, em português), importante atualização de sua rede. O procedimento visa mudar o sistema utilizado para credenciar validadores responsáveis por checar transações que trafegam na rede.
No lugar da mineração convencional utilizada agora, conhecida por consumir muita energia, a nova versão visa reduzir o gasto energético em 99%. O modelo atual, similar ao do Bitcoin (BTC), tem o nome de prova de trabalho (proof-of-work, ou PoW).
A nova versão, que deverá ser implementada na semana do dia 19 de setembro, é a prova de participação (proof-of-stake, ou PoS). No lugar de mineradores, entram validadores que se credenciam ao fazer staking (depósito) de pelo menos 32 ETH, tirando as criptos de circulação.
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No entanto, antes da mudança definitiva, que dará vida ao um novo Ethereum, a Ethereum Foundation, entidade que gere os recursos do projeto, vem testando o processo de fusão, apontado como extremamente complexo. Os experimentos vêm ocorrendo em redes de teste (testnets).
O objetivo é detectar possíveis problemas e deixar a transação final da rede principal (mainnet) mais suave. Há três redes de teste no total. As duas primeiras, Ropsten e Sepolia, concluíram o processo em junho e julho, respectivamente. Na próxima semana, é a vez da Goerli, a última etapa antes da mudança definitiva.
Teste de fogo
Espera-se que a rede de testes Goerli faça a transição para PoS em algum momento entre 6 e 12 de agosto, embora isso possa mudar por causa do hashrate, poder computacional do sistema de mineração atual, que será abandonado. Esse último teste preparará o cenário para o que acontecerá na rede principal do Ethereum na atualização marcada para setembro.
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Na semana passada, os desenvolvedores do criptoativo anunciaram os parâmetros da fusão da Goerli. Ela ocorrerá em duas etapas, e a primeira deve acontecer entre quarta-feira (3) e quinta-feira (4). Em um primeiro momento, a Goerli basicamente será preparada para a fusão.
Depois, na próxima semana, o processo será enfim concluído. Assim como a rede principal tem sua blockchain paralela que já roda no novo sistema de PoS, chamada de Beacon Chain, as redes de teste também têm as suas. No caso da Goerli, por exemplo, ela é chamada de “Prater”.
Um ponto importante a ressaltar é que essa fusão da Goerli difere da realizada nas outras duas testnets anteriores. Um dos motivos é que a rede Goerli é executada com o mecanismo de consenso de prova de autoridade (PoA), diferente do PoW, utilizado atualmente, e do PoS, que será implementado no mês que vem.
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No PoA, máquinas são previamente certificadas para ganharem o direito de validar transações, geralmente em esquema de rodízio – não há, portanto, competição entre os validadores. Essas máquinas de validação confiáveis, portanto, têm a tarefa de proteger a blockchain, mas precisam ser pré-aprovados.
“É difícil prever o comportamento da fusão” sob esse tipo de mecanismo de consenso, disse Tim Beiko, líder de suporte de protocolo da Ethereum Foundation, no canal do projeto no Discord. Isso ocorre porque, com a PoA, você não pode aumentar o poder de computação, algo visto como desafiador para um processo tão complexo como esse.
As fusões da Sepolia e a Ropsten foram bem-sucedidas, dando aos desenvolvedores a confiança de que a transição do PoW para o PoS não sofrerá grandes problemas. O processo na rede Goerli, porém, promete ser o verdadeiro teste de fogo da atualização.
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Rede de teste, mas com cara de principal
A próxima fusão não é apenas diferente das anteriores das redes de testes Sepolia e Ropsten por causa do tipo de mecanismo de consenso que elas usam, mas também por causa da maneira como será executada.
A Sepolia é uma testnet mais nova e menor, com pouca atividade e com uma blockchain permissionada (controlada). Então, os desenvolvedores decidiram primeiro fazer a fusão nela porque seria mais fácil fazer a transição. A Goerli, por outro lado, é uma das maiores redes de teste do Ethereum, com uma tonelada de atividade já acontecendo nela.
Ela dará aos desenvolvedores muitos dados, já que o resultado final promete chegar próximo do que deve ser visto na rede principal do Ethereum em breve. Olhar a atualização da Goerli será como olhar cerca de um mês no futuro.
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Mas essa nova fusão da testnet também difere de duas outras maneiras. Primeiro, os operadores dos nodes (pontos de comunicação da blockchain) terão que atualizar sua camada de consenso e camada de execução (da blockchain) ao mesmo tempo, em vez de uma de cada vez, como foi feito nas fusões das outras testnets.
Segundo, a rede Goerli continuará existindo após a fusão, portanto ela fará parte do ecossistema Ethereum de longo prazo. Os desenvolvedores serão incentivados a usar a Goerli ao testar novos protocolos.
Cautela
Embora esse seja o último teste a acontecer antes da Merge, os desenvolvedores do Ethereum usarão todas as oportunidades que tiverem para continuar testando redes menores e shadow forks (atualizações paralelas). A fusão do Ethereum foi adiada várias vezes em um esforço para acertar o processo, em vez de apressar a transição.
Essa abordagem permitiu que os desenvolvedores praticassem com segurança as operações dos nodes, realizassem atualizações e backups e removessem validadores enquanto lidavam com a complexidade e a mudança sem precedentes de alterar o mecanismo da blockchain.
Durante uma conversa recente sobre o projeto, alguns participantes falaram que poderia haver uma falha do sistema que gere a quantidade de lucro que os validadores da rede podem obter. Os desenvolvedores do Ethereum, no entanto, disseram que o risco é muito baixo e que estão trabalhando na implementação de uma solução temporária como prevenção.
Os testes podem parecer muitos, mas especialistas apostam que a cautela é necessária e um bom sinal de que os desenvolvedores estão tomando todo o cuidado para não errar – o Ethereum, afinal, tem cerca de US$ 57 bilhões em ativos depositados em softwares que rodam na sua rede, segundo dados do portal DeFiLlama.
Os desenvolvedores devem anunciar a data exata da fusão na rede principal do Ethereum em menos de duas semanas – isso é, assumindo que não surjam problemas durante o ensaio geral.
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