Atualização do Ethereum deverá gerar nova cripto de graça, mas especialista alerta para “ecossistema fantasma”

Mineradores que serão abandonados após atualização estão se organizando para criar uma nova rede - e, com isso, uma nova cripto

Paulo Alves

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O Ethereum (ETH) está se preparando para sua atualização mais importante até aqui, chamada de “Merge” (Fusão, em inglês), marcada para ser implementada em meados de setembro. Ela será responsável por migrar a blockchain para o modelo mais ecológico de Proof of Stake (PoS), que consome 99,9% menos energia, abandonando a mineração tradicional.

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A atualização é considerada complexa, mas o otimismo em torno do evento vem alimentando um rali que já faz o Ethereum valorizar na casa dos 90% desde meados de junho. No entanto, a Fusão deve trazer efeitos também para além do próprio ETH, já que um grupo de mineradores insatisfeitos com a mudança planeja realizar um fork (bifurcação) do projeto – na prática, criando uma criptomoeda nova, que seria chamada de Ethereum PoW (ETHW).

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“Tudo o que acontece em blockchains públicos é por meio de consenso. Você precisa que uma maioria da rede concorde com uma ação para que isso seja executado”, explica o engenheiro especialista em blockchain Edilson Osório, fundador da OriginalMy, em participação no Cripto+ (assista a íntegra no player acima).

“A atualização do Ethereum torna totalmente obsoletos os equipamentos (e investimentos) dos mineradores. Eles estão fazendo ajustes no código para que, quando a atualização ocorrer, eles mantenham suas máquinas ligadas e continuem minerando como se nada tivesse acontecido. Por conta disso, acabarão ficando com uma nova moeda no mercado, que é o ETHW”.

Agentes de mercado começaram a especular o possível surgimento de uma nova moeda quando mineradores começaram a se organizar para continuar atuando. Se o ETHW de fato surgir, quem tem ETH hoje poderá receber o novo ativo digital de graça, via airdrop, assim como aconteceu em 2016 no surgimento do Ethereum Classic (ETC) – de lá para cá, o ETC valorizou na casa dos 9.000%.

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No entanto, segundo Osorio, a nova criptomoeda não deverá ter o mesmo desempenho que a versão Classic registrou nos últimos anos. Sua aposta é que o ETHW tenha uma sobrevida curta, e sirva apenas para que mineradores extraiam um lucro adicional antes que sejam obrigados a interromper atividades.

“O que a gente vai ter no momento posterior ao fork é um ecossistema fantasma, com a existência apenas de uma moeda e com os [aplicativos] DeFi quebrados, uma vez que não conseguirão funcionar sem stablecoins, tokens, NFTs“, aponta.

“É muito difícil que essa moeda tenha uma sobrevida muito longa, por conta da falta do ecossistema onde ela será utilizada. Os casos de uso migrarão junto com o Ethereum”.

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Eventualmente, diz o fundador da OriginalMy, os mineradores deverão deixar o Ethereum PoW recém-criado e migrar em massa para o Ethereum Classic. Do ponto de vista da criptomoeda, a chegada de mais mineradores reforça a segurança da rede, que já foi atacada mais de uma vez no passado justamente pela fragilidade do seu ecossistema de mineradores.

“O Ethereum Classic, que é um ecossistema que vem sendo trabalhado desde 2016, onde você encontra DeFi, NFTs, grande suporte da comunidade. Já é bem estabelecido”, comenta o especialista.

Uma indicação de que a nova criptomoeda ETHW pode não durar é a falta de informações divulgadas até aqui. O repositório de código aberto Github relacionado ao projeto do Ethereum PoW nao foi modificado, e as carteiras e exchanges (com exceção da Poloniex) não anunciaram suporte à nova moeda.

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Embora não acredite no futuro desse projeto, Osorio ressalta que não há prejuízo por parte do investidor que tem interesse em manter a cripto nova guardada, à espera de uma possível valorização. No entanto, alerta que, para recebê-la de graça, é preciso antes checar se a carteira e a exchange utilizada irão oferecer suporte ao ativo.

Trade sem risco

Para garantir o recebimento do ETHW sem correr riscos, o trader Vinícius Terranova recomenda comprar ETH no mercado e, ao mesmo tempo, abrir uma posição vendida em futuros, do mesmo tamanho, de modo que uma compense a outra.

Após receber o airdrop, a recomendação de Terranova é vender o ETH e fechar a posição short ao mesmo tempo. Dessa forma, o usuário pode conseguir o novo token e reduzir o risco ao máximo, arcando apenas com as taxas de operações cobradas pela exchange escolhida.

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Traders vêm adotando essa mesma estratégia no mundo inteiro para se candidatarem a receber o ETHW. Segundo Terranova, o fenômeno contribui para a disparada do Ethereum nas últimas semanas.

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Paulo Alves

Editor de Criptomoedas