Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3): por que o Goldman mantém compra para as ações, em queda de mais de 30% no ano

Banco considera que deflação de alimentos pode ser revertida com El Niño e preços de petróleo, o que poderia favorecer os nomes em 2024

Camille Bocanegra

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Mesmo com queda de cerca de 35% no acumulado do ano, o Goldman Sachs recomenda compra para Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3). Em análise publicada na terça-feira (10), o banco considerou que “estamos nos aproximando do ponto de inflexão no crescimento de lucros”.

Além disso, o relatório destacou que o momento atual, mesmo se o valuation for ajustado para possíveis perdas de benefícios fiscais, mostra um ponto de entrada convincente. Como catalisador do cenário mais positivo para os nomes, o Goldman Sachs considera o retorno à inflação de alimentos até o início de 2024.

Para a estimativa, o banco se baseia na possibilidade de aceleração em caso de maior impacto pelo fenômeno El Niño, conforme previsto no último Relatório de Inflação do Banco Central. Além disso, o cenário pode ser impactado pelos preços do petróleo.

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Queda de papéis une questões internas e externas

Em 2023, os papéis de Assaí desceram 37,22% enquanto Carrefour amargou a queda de 33,61% (considerando as cotações do fechamento da quarta), em comparação com a alta de 10% do Ibovespa. Sobre a queda dos nomes, o banco destaca que considera que o desempenho mais baixo foi majoritariamente causado por questões inerentes aos nomes.

Contudo, a análise não descarta o impacto de fatores externos, como taxas de juros mais elevadas e o cenário de demanda mais tímida, em especial para famílias de renda mais baixa que ainda tem alto índice de endividamento.

Considerando os nomes separadamente, os desafios para Carrefour se apresentam na conversão de propriedades de hipermercado para espaços que tenham a marca da varejista. Além disso, há percalços inerentes às migrações de sistemas com a incorporação do BIG.

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“Dito isso, também continuamos a enxergar uma oportunidade de valor no Carrefour Brasil com a recomendação de compra em um horizonte de 12 meses, especialmente dada sua menor exposição a mudanças regulatórias potenciais”, entende o banco. O Carrefour é negociado com 10 vezes o preço sobre o lucro projetado (P/L), enquanto o Assaí é negociado a 15 vezes o P/L.

Para o Assaí, embora a recomendação seja de compra também, o banco destaca que 43% de sua dívida bruta vencerá entre 2º semestre de 2024 e 1º semestre de 2025, com montante de R$ 5,7 bilhões, o que é um ponto de atenção.

O Goldman Sachs considera que o nome tem tendência a se beneficiar mais de um formato de atacado puro, que deve ser beneficiado diretamente com uma inflexão na inflação de alimentos. Ainda que tenha havido uma revisão acentuada nas estimativas de lucro, o banco ainda considera a relação de risco sobre retorno decente e considera 18% de crescimento do lucro por ação (entre 2022 e 2025).

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“A alavancagem continua sendo um ponto a ser monitorado, mas esperamos que a empresa alcance uma desalavancagem relativamente rápida depois de atender a algumas obrigações pendentes de curto prazo”, destaca o relatório.

Entre os riscos elencados para os dois nomes, a análise destaca a competição intensa do atacado, despesas mais altas com serviços e, principalmente, a possibilidade de um período prolongado de deflação.

O preço-alvo para ASAI3 e CRFB3 foi cortado, por sua vez, de R$ 16 para R$ 15 para ambos os ativos, levando a um potencial de valorização de 23% e 53% em relação ao fechamento de quarta-feira (11).

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Impacto de inflação de alimentos

A inflação de alimentos, que veio com desaceleração no dado divulgado no último IPCA, tem relação direta, para o banco. Em sua visão, os investidores não tem administrado a questão nas projeções.

“O crescimento das vendas nas lojas de alimentos costuma ter uma correlação próxima com a inflação de alimentos. Os volumes tendem a ser mais estáveis devido à natureza defensiva da categoria”, diz o Goldman Sachs.

Para formatos de atacado, a análise considera que as mudanças de preços são imediatas, especialmente considerando a parcela maior de commodities com valor mais baixo agregado e a parcela de clientes B2B que tem maior sensibilidade ao preço.

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