Arm protocola pedido para IPO do ano e sinaliza impacto para chips na era da IA

Empresa de design de chips que pertence ao SoftBank pode levantar até US$ 10 bilhões em oferta pública inicial

Bloomberg

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Bloomberg — A Arm Holdings, que pertence ao SoftBank, deu um passo em direção ao que deve se tornar a maior oferta pública inicial (IPO) do ano nos Estados Unidos, uma aposta de que a outrora obscura empresa de chips para telefone pode florescer na era da computação com inteligência artificial.

Em um documento regulatório há muito tempo aguardado e registrado na segunda-feira (21) depois do fechamento do mercado a, Arm disse que a oferta é liderada por Barclays, Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Mizuho Financial Group.

Outros 24 bancos atuam na coordenação. Uma estreia bem-sucedida da Arm proporcionaria uma impulso para o fundador do SoftBank, Masayoshi Son, cujo Vision Fund perdeu um recorde de US$ 30 bilhões no ano passado.

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Também poderia estimular dezenas de startups a buscar – ou atrasar ainda mais – seus próprios planos de IPO. Isso inclui empresas como a de entrega de supermercado on-line Instacart e a provedora de marketing e automação de dados Klaviyo.

A Arm planeja iniciar seu roadshow na primeira semana de setembro e precificar o IPO na semana seguinte, informou a Bloomberg.

A empresa britânica não divulgou os termos propostos para a venda de ações no documento, mas espera buscar um valuation de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões.

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Embora Arm pretendesse levantar de US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões no IPO, essa meta poderia ser menor, já que o SoftBank decidiu manter mais ações da empresa depois de comprar a participação do Vision Fund. Essa transação avaliou a Arm em mais de US$ 64 bilhões, com base no arquivamento na SEC, a Securities and Exchange Commission.

Mesmo assim, a oferta promete dar ao mercado de IPOs seu maior impulso em quase dois anos.

A listagem está prestes a ser a maior nos EUA desde a oferta de US$ 13,7 bilhões da fabricante de veículos elétricos Rivian Automotive em outubro de 2021.

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E pode se classificar próxima ou mesmo logo abaixo dos maiores IPOs da indústria de tecnologia: a oferta de US$ 25 bilhões do Alibaba Group Holding (BABA) em 2014 e a estreia de US$ 16 bilhões em 2012 da Meta Platforms (META), então conhecida como Facebook.

O valuation-alvo da Arm reflete a crença de que ela se beneficiará da migração da demanda em direção a chips de inteligência artificial e IA generativa – uma mudança na indústria que ajudou a dar à fabricante de chips Nvidia (NVDA) uma avaliação de US$ 1 trilhão.

“Um forte desempenho da Arm não será apenas um grande ganho inesperado para o SoftBank mas também reforçará sua estratégia de IA, mostrando que o hype do mercado em torno da IA não diminuiu”, disse Kyle Stanford, analista do PitchBook.

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Embora a tecnologia da Arm seja usada em quase todos os smartphones, ela não é muito conhecida entre os consumidores.

A Arm vende os projetos necessários para projetar microprocessadores e licencia tecnologias conhecidas como conjuntos de instruções que determinam como os programas de software se comunicam com esses chips.

A eficiência de energia da tecnologia da Arm ajudou a torná-la onipresente em telefones, em que a duração da bateria é crítica. Rene Haas, que assumiu o cargo de CEO da Arm no ano passado, agora trabalha para expandir os negócios além do mercado de smartphones, que estagnou nos últimos anos. Ele tem direcionado o foco em computação mais avançada, particularmente os chips para data centers e aplicativos de IA.

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Os processadores para esse mercado estão entre os mais caros – e lucrativos – do setor. A Amazon adotou chips baseados da Arm para o Amazon Web Services (AWS) porque diz que eles são mais eficientes em termos de energia e economia. Eles são usados por 40.000 clientes da AWS.

O SoftBank continuará sendo o acionista controlador da Arm após o início das negociações, de acordo com o documento.

O SoftBank adquiriu substancialmente toda a participação de 25% do Vision Fund na Arm por US$ 16,1 bilhões, de acordo com o documento.

Os documentos também confirmaram que a Arm viu sua receita cair cerca de 1% em seu último ano fiscal. As vendas da empresa caíram para US$ 2,68 bilhões no ano encerrado em 31 de março. A indústria global de chips ainda enfrenta uma queda nas vendas, agravada por um excesso de estoque. O mercado de smartphones foi especialmente atingido.

A Qualcomm, uma das maiores parceiras da Arm, fez uma previsão decepcionante para o último trimestre no início deste mês, fazendo com que suas ações despencassem.

E até mesmo o premiado iPhone da Apple (AAPL) viu a demanda diminuir.

A Arm, com sede em Cambridge, no Reino Unido, planeja que suas ações sejam negociadas no Nasdaq Global Select Market sob o símbolo ARM. O arquivamento confirma que os quatro principais bancos do IPO atuarão como coordenadores conjuntos da oferta.

A Bloomberg News informou que os quatro receberão uma parcela igual das taxas, quebrando a prática padrão.

No processo, a Arm se autodenomina uma “empresa de engenharia em primeiro lugar”, com 4.753 de seus funcionários – ou cerca de 80% dos funcionários globais – focados em pesquisa, design e inovação técnica.

A empresa disse que é proprietária ou co-proprietária de cerca de 6.800 patentes emitidas e tem aproximadamente 2.700 pedidos de patente pendentes em todo o mundo, muitos dos quais são relevantes para as principais tecnologias usadas em muitos dos chips fabricados hoje.

No último ano fiscal, mais de 260 empresas estavam usando chips baseados em projetos da Arm, incluindo Amazon, Alphabet – a holding do Google -, Qualcomm e Advanced Micro Devices.

Entre seus dez principais clientes por receita de royalties no ano fiscal passado, a empresa trabalhou com esses parceiros por uma média de mais de 20 anos.

Como a febre da IA varreu a indústria de tecnologia, as empresas precisarão dos chips certos para executar softwares complexos.

A Arm diz que cada processador que projeta irá acelerar a tecnologia de IA e machine learning que ajuda a potencializar. Seus processadores já executam essas tecnologias, e a empresa começou a adicionar novas funcionalidades para tornar os algoritmos necessários mais rápidos.

Como parte desse impulso, a Arm trabalha com a Alphabet, a empresa de direção autônoma Cruise, a Mercedes-Benz, a Meta e a Nvidia para implantar a sua tecnologia que pode executar software baseado em IA.

A Arm foi fundada em 1990 como uma joint venture entre a Acorn Computers, a Apple e a VLSI Technology. Foi listada na Bolsa de Valores de Londres e na Nasdaq de 1998 a 2016, quando o SoftBank adquiriu o negócio por US$ 32 bilhões.

O SoftBank tentou anteriormente vender a Arm para a Nvidia em um acordo de US$ 40 bilhões, que teria sido a maior aquisição da indústria de chips.

Mas a compra enfrentou oposição dos reguladores e dos próprios clientes da Arm, e a Nvidia desistiu em 2022. O SoftBank então embarcou em seu plano para o IPO.

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