Aquisição no exterior? O plano da M. Dias Branco para ampliar receita em dólar e amenizar custo com trigo

CFO e DRI da companhia participaram de live do InfoMoney e falaram, entre outras coisas, sobre redução do tamanho de embalagens e repasse de preços

Anderson Figo

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Com alta exposição ao câmbio, a M. Dias Branco (MDIA3) quer intensificar o processo de internacionalização para ampliar suas receitas em dólar e amenizar o custo de importação de insumos, como o trigo. Segundo Gustavo Theodozio, CFO da empresa, uma das alternativas seria a aquisição de empresas no exterior.

Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do segundo trimestre de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

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O Brasil atualmente não é autossuficiente na produção de trigo, e a companhia tem que comprar o insumo no exterior, especialmente da Argentina. A pandemia de coronavírus, seguida da guerra na Ucrânia, reduziu a oferta global de insumos e jogou os preços das commodities para cima.

Theodozio diz que a exposição da M. Dias Branco a câmbio atualmente é de US$ 750 milhões. Apenas 3% da receita do grupo vem de exportações, por isso há uma política de hedge robusta para controlar o custo operacional.

“O terceiro pilar de crescimento da M. Dias é a internacionalização da companhia. Por dois motivos. Primeiro porque nós já temos um terço do mercado brasileiro. Em algumas regiões, a gente chega a ter 90% de marketshare. Em algum momento a gente vai ter dificuldade de acessar novos mercados aqui no Brasil”, disse.

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“Segundo é essa questão da exposição cambial. Tenho custos em dólar e a receita quase que integralmente em reais. É necessário não deixar todos os ovos numa mesma cesta. Faz parte do nosso plano sim, faz total sentido. E, apesar de ser muito pouco esses 3% [da receita com exportações], é uma alavanca que tem crescido de forma importante ao longo do tempo”, completou.

“Mas mais do que isso, a gente começou a focar nas exportações, mas em algum momento a companhia entende que ela deverá partir para um greenfield ou até mesmo para uma aquisição fora do Brasil, porque você consegue ter mais escala, aproveitar benefícios fiscais em cada país. Você elimina algumas barreiras. Por exemplo, exportação para Europa é muito difícil pelas barreiras impostas pela comunidade europeia. Se você compra uma empresa lá fora, ou monta uma unidade produtiva lá fora, essas barreiras naturalmente deixam de existir”, concluiu.

Fabio Cefaly, diretor de relações com investidores da M. Dias Branco, lembrou que atualmente a empresa já exporta seus produtos para mais de 40 países. “Nós avaliamos também oportunidades de crescimento inorgânico ou mesmo investimentos fora do Brasil”, disse. Ele citou ainda as aquisições que o grupo fez aqui no país recentemente, e como elas têm contribuído para o balanço da companhia.

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“Temos uma avenida de crescimento que é a entrada em outras categorias. Tivemos exemplos importantes ao longo dos últimos meses, como a aquisição da Latinex, que é uma empresa que tem cinco marcas em snacks, biscoitos e produtos saudáveis. A aquisição foi em novembro. Iniciamos sua integralização em dezembro e já temos resultados bem relevantes com essa empresa”, disse.

“E tem a aquisição mais recente, da Jasmine, que a gente está aguardando a aprovação final do Cade [órgão responsável pela livre concorrência do mercado] para integrar essa marca, que é muito forte em ‘saudabilidade’ ao nosso portfólio”, completou o diretor.

Theodozio e Cefaly falaram ainda sobre política de pagamento de dividendos, sobre investimentos em inovação e tecnologia, sobre a estratégia de downsizing das embalagens e aumentos de preços, que reduziram um pouco os volumes vendidos no trimestre, além de como manter baixo custo operacional tendo gastos em dólar e da parceria para utilizar energia eólica em suas fábricas. Assista à live completa acima, ou clique aqui.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.