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SÃO PAULO – A Pimco, gestora que possui o maior fundo de renda fixa do mundo e que gere US$ 1,9 trilhão em ativos, reduziu a sua participação em títulos brasileiros em um terço, passando de US$ 9,5 bilhões para US$ 6,2 bilhões. E, de acordo com dados da Bloomberg consolidados pelo Financial Times, a grande saída de US$ 3,3 bilhões ocorreu sobretudo no último trimestre do ano passado.
Apesar dessa saída significativa, a Pimco segue como a maior investidora de títulos – especificamente bônus – do País. A retirada ocorreu após o mercado de títulos no Brasil teve desempenho negativo de 13,8%, enquanto os títulos do País em dólar perderam mais de 11%, contribuindo para que um dos principais fundos da gestora, o Total Return Fund, tivessem o seu pior desempenho desde 1994.
E, segundo analistas do Financial Times, 2014 pode repetir o ano anterior e não ser outro bom período para investir no mercado de títulos do Brasil, levando em conta a perspectiva de rebaixamento da nota de crédito soberana e a deterioração das contas públicas.
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Ceticismo com Brasil já aparecia
Vale ressaltar que, em janeiro, Bill Gross já havia engrossado o coro daqueles que não estão mais tão positivos com o cenário para o Brasil. Conforme apontou o gestor do maior fundo de renda fixa do mundo, o País já não é mais o preferido entre os emergentes da gestora há muito tempo, citando os títulos do México como bastante atrativos neste nicho, conforme ressaltado pela agência Bloomberg.
Em meados de dezembro, em comentário mensal do fundo Total Return, o gestor ressaltou que “está reduzindo o risco em Brasil e está posicionado para a depreciação do real”. De acordo com o gestor, a maior preocupação é de que os formuladores de política no Brasil não consigam alcançar uma combinação de ferramentas de política fiscal e monetária para promover a aceleração do crescimento econômico.
Cabe lembrar que a saída do Brasil coincide com a de Mohamed El-Erian da Pimco, que apostou no Brasil em 2002. O anúncio da saída de El-Erian foi feito em janeiro e, desde então, o clima é de acusação entre Gross e o antigo companheiro de trabalho. El-Erian ganhou destaque como um investidor no mercado de dívidas emergentes da Pimco. Após amargar uma grande perda ao apostar US$ 2 bilhões em títulos argentinos em 1999, dois anos antes do default do país em US$ 100 bilhões, o gestor não esmoreceu e aumentou a sua aposta em países latino-americanos.
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Desta vez, foi no Brasil de 2002, quando comprou títulos brasileiros que tiveram uma forte queda em meio às desconfianças de que o então candidato Lula poderia declarar moratória da dívida do País quase fosse eleito presidente – e ele estava à frente nas pesquisas. Após Lula assumir, houve uma mudança de posição: o presidente cortou gastos do governo e o déficit e os títulos subiram. Mas, especula-se que o atual cenário de deterioração dos emergentes tenha sido um dos motivos para aumentar as tensões entre os dois grandes gestores.
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