Após melhor mês em três anos, Ibovespa seguirá rali em dezembro e renovará máxima histórica?

Índice está menos de 3% abaixo da máxima histórica de fechamento atingida em junho de 2021 e analistas reiteram visão positiva

Lara Rizério

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Novembro foi bastante animado para o Ibovespa, com o benchmark da Bolsa em alta de 12,54% no mês, o maior avanço do índice desde o salto de 15,90% em novembro de 2020, quando a B3 ainda refletia os avanços e recuos extremos do auge da pandemia de covid-19.

A alta teve como pano de fundo uma entrada líquida de R$ 18 bilhões de recursos estrangeiros na bolsa paulista no mês até o dia 28, após três meses em que as vendas desses investidores superaram as compras.

No fechamento da última quinta-feira (30), o Ibovespa chegou aos 127.331,12 pontos e atingiu o maior nível de encerramento desde 15 de julho de 2021 (127.467,88), sendo necessária uma alta de apenas 2,71% para que o benchmark da Bolsa atinja a sua máxima histórica de fechamento, de 130.776 pontos, alcançada em 7 de junho de 2021.

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Em meio à continuidade do otimismo com os sinais de fim do ciclo de alta de juros nos EUA (e com o mercado já começando a precificar cortes para o ano que vem) e com a queda da Selic por aqui, analistas de mercado acreditam que o “rali de fim de ano” pode prosseguir em dezembro, fazendo com que o índice renove máximas históricas.

Segundo compilação feita desde 1995 feita pela Guide Investimentos sobre o desempenho do Ibovespa, dezembro se destaca como o melhor mês do Ibovespa, com retorno médio de 4%. Outubro e novembro também possuem retornos médios elevados, fazendo com que o quarto trimestre tenha um retorno médio elevado no Brasil.

Confira o desempenho histórico do Ibovespa na imagem abaixo:

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Porém, apesar dos últimos meses do ano terem um retorno médio histórico maior, a diferença com os demais meses não é estatisticamente significante, avalia a Guide. “Em nossa visão, investir com base nesta evidência representa um risco elevado”, aponta Mateus Haag, analista da casa.

De qualquer modo, o analista mantém uma visão positiva com o Ibovespa para os próximos 6 a 12 meses em função do valuation baixo do índice, queda dos juros no Brasil e fim do ciclo de alta dos juros nos EUA, além do crescimento robusto dos lucros das empresas nos últimos trimestres e do crescimento esperado para 2024.

Caso o padrão histórico se confirme, aponta o analista, o Ibovespa pode subir cerca de 4% em dezembro de 2023. Assim, o índice terminaria o ano a 132.424 pontos (levando em conta o fechamento de novembro), ou seja, superando a máxima histórica.

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“Não é um cenário improvável, em nossa visão. Alguns nomes que vemos com potencial de alta no curto prazo são empresas mais sensíveis ao ciclo de corte de juros como Yduqs (YDUQ3), Arezzo (ARZZ3), Ecorodovias (ECOR3), Rede Dor (RDOR3), além de empresas com maior capitalização de mercado, como os bancos”, avalia Haag.

Para Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, a perspectiva para o último mês do ano mantém-se otimista, embora o Ibovespa possa apresentar algum movimento de realização a curto prazo antes de dar continuidade à tendência de alta.

“A expectativa é de que o índice mantenha sua trajetória ascendente em dezembro, mesmo que com um impulso mais moderado em comparação ao observado em novembro”, avalia Bruna.

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Como destaque setorial positivo, há o setor de consumo cíclico, que enfrentou desafios nos últimos meses, mas se recuperou fortemente nesse início de rali. “Ainda vejo espaço para a continuidade da recuperação. Destaco que é sempre importante acompanhar o timing específico de cada ação escolhida.
Por outro lado, aconselho cautela com o setor de petróleo, especialmente no segmento de exploração e refino. Este setor pode enfrentar maior volatilidade e possíveis correções, dado o recente movimento de queda na commodity de referência nas últimas semanas, e ainda persistem dúvidas sobre novos cortes de produção”, reforça a analista.

A XP também reforça continuidade da visão positiva para a Bolsa. “Enquanto o potencial de alta naturalmente diminuiu, nós ainda vemos muitas oportunidades em ações brasileiras: (i) vemos fluxos de investidores retornando à medida que investidores estrangeiros devem continuar comprando bolsa e investidores domésticos retornam para ações, (ii) o valuation continua muito descontado comparando com os pares globais e a média histórica e (iii) o ciclo de corte de juros está a todo vapor, e ações brasileiras tendem a desempenhar bem durante estes ciclos”, avaliam os estrategistas da casa. A XP atualizou a estimativa de valor justo do Ibovespa em 2024 de 136 mil para 142 mil pontos, devido à queda nos juros de longo prazo.

Entre os assuntos para ficar de olho na agenda econômica, o mercado deve monitorar os dados de atividade e inflação, principalmente nos Estados Unidos, a fim de antecipar o início do ciclo de corte de juros da maior economia do planeta. Internamente, os investidores devem olhar para o avanço das pautas econômicas no Congresso e quaisquer novidades relacionadas à meta fiscal para o próximo ano, avalia a analista da Futura.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.