Após 3º tri forte, fundador do Grupo Mateus defende crescimento via abertura de lojas, mas sem “aventuras”

O objetivo é ter presença em todas as cidades com mais de 20 mil habitantes nos estados em que atua

Ricardo Bomfim

Grupo Mateus (Facebook)
Grupo Mateus (Facebook)

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SÃO PAULO – Dono da maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de 2020, ao levantar R$ 4,6 bilhões na Bolsa, o Grupo Mateus (GMAT3) apresentou um resultado sólido no terceiro trimestre deste ano.

A companhia, que atua nos segmentos de atacado e varejo nos estados de Maranhão, Pará e Piauí, teve um crescimento de 65,6% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado ante o mesmo período do ano passado, chegando a R$ 324,7 milhões.

Já a receita no trimestre foi de R$ 3,6 bilhões, o que representa um aumento de 51,6% sobre o terceiro trimestre de 2019. O lucro líquido, por sua vez, foi de R$ 235,7 bilhões, uma alta de 64,6% na comparação anual.

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Em entrevista ao InfoMoney, Ilson Mateus, fundador e presidente do Grupo Mateus, atribuiu os dados financeiros positivos ao forte movimento de abertura de lojas e centros de distribuição, que ajudaram a empresa a superar alguns dos principais temores dos analistas.

O medo era que a lucratividade diminuísse com a queda pela metade do valor do benefício do Auxílio Emergencial e com o maior peso do atacarejo no mix de negócios.

Sobre o auxílio, Mateus destacou que este foi realmente um fator que impulsionou a receita este ano. Contudo, com as novas lojas, o volume de vendas aumentou e a menor disponibilidade de renda nas mãos dos consumidores acabou não tendo tanto efeito assim no balanço.

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“O nosso resultado veio por uma diluição muito grande dos custos, principalmente com nosso investimento na retaguarda. Abrimos centros de distribuição com muita rota de venda externa e ampliamos o centro de distribuição de São Luiz (MA). Isso ajuda a diluir nossos custos em percentual do faturamento”, explica.

Já em relação ao atacarejo, o fundador conta que muitas lojas que foram ou estão sendo abertas no Maranhão, no Pará e no Piauí não são desse segmento, o que leva a um equilíbrio da margem.

A margem Ebitda ajustada do Grupo Mateus no terceiro trimestre foi de 8,9%, um acréscimo de 0,7 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Essa expansão da malha de centros de distribuição e lojas, segundo Mateus, foi em grande parte possível graças aos recursos levantados com o IPO. “Usamos o capital dos investidores para aumentar nossa rede de lojas e investir em outros pilares, como logística.”

O objetivo do grupo é ter presença em todas as cidades com mais de 20 mil habitantes nos estados em que atua. No futuro, a empresa deve entrar também no Ceará – atualmente, opera com vendas por entrega na Bahia, no Ceará e no Tocantins.

Mas sem “aventuras”, ressalta o fundador. “Cresceremos consolidando rotas. Temos que adensar nossa presença nas regiões e, para isso, precisamos dos centros de distribuição. Não acredito em varejo sem isso. Somos cautelosos”, comenta.

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Em meio a esse avanço, Ilson Mateus projeta que a empresa terá geração de caixa suficiente para abrir em torno de 30 a 40 lojas por ano sem precisar do capital de terceiros. “Nossa dívida encerrou o trimestre em R$ 1,3 bilhão e pretendemos reduzi-la para R$ 800 milhões até o fim do ano.”

Inovações durante a pandemia

Como fizeram outras varejistas em meio às restrições impostas pela pandemia, o Grupo Mateus também investiu em comércio eletrônico. Lançou serviços de delivery e drive-thru e trabalha num aplicativo para o atacado.

O objetivo do app é oferecer um portfólio mais amplo para os lojistas que compram nas lojas do grupo, pois o ponto físico é limitado em termos de quantidade de produtos disponíveis nas prateleiras.

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“Vamos treinar nossos vendedores para, quando um cliente visitar a loja e não encontrar determinadas mercadorias, eles possam pesquisar no app para descobrir se elas estão nos centros de distribuição mais próximos. Os vendedores, então, pedem os produtos, que são entregues na loja para o cliente comprar quando voltar.”

Durante o roadshow do IPO, no começo de outubro, um acidente que deixou uma funcionária morta e oito feridos em uma loja do Grupo Mateus em São Luiz acabou fazendo a companhia ganhar as manchetes.

Ilson Mateus disse que visitou a loja pessoalmente para prevenir acontecimentos semelhantes. “Foi reestruturado o nosso comitê de segurança e todas as lojas novas estão com processos rigorosos de prevenção de acidentes”, garante.

No pregão desta quarta-feira (18), as ações GMAT3 sobem 0,59% a R$ 8,55. O valor de mercado da companhia está em R$ 18,72 bilhões.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.