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SÃO PAULO – Não é raro escutar em cursos de análise técnica, ou até em conversas com traders, que a principal (ou até única) função das Bandas de Bollinger é indicar os suportes e resistências dos ativos. Contudo, entre a banda central (média móvel de 20 períodos) e as bandas superiores e inferiores (desvios padrão da média) estão contidas informações de muita importância.
Em meados da década de 1980, John Bollinger desenvolveu as Bandas de Bollinger para entender melhor a volatilidade do mercado e capturar “irracionalidades” dos investidores em relação ao comportamento dos preços frente à sua volatilidade.
Antes de aprofundar o estudo sobre o instrumental e aplicá-lo ao mercado de ações, Bollinger descreve em seu livro Bollinger on Bollinger Bands lições que devem ser incorporadas pelo investidor ao utilizar as bandas, ressaltas por Rafael Pacheco, sócio da XTH Educação Financeira.
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Interprete a ferramenta de maneira correta
Na primeira parte do livro, mais precisamente no capítulo quatro, John Bollinger fala sobre a questão da busca dos investidores pelo o que ele chama de Aconselhamento Contínuo (na tradução livre), ou seja, a capacidade de poder antecipar o movimento do mercado em qualquer momento, explica Pacheco.
Nas palavras do próprio Bollinger: Muitas pessoas esperam que as Bandas de Bollinger sozinhas, ou talvez com o uso de indicadores, possam e vão proporcionar aconselhamento contínuo sobre o que fazer (…). Essa abordagem é falha e eventualmente levará a problemas.
Segundo o autor, as bandas servem para ajudar a identificar a relação risco-retorno do investimento, a fim de avaliar os limites de volatilidade esperados para o ativo em questão e a capacidade dos preços atingirem o limite de volatilidade esperado.
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Desmembrando as Bandas de Bollinger
Como relatado, as Bandas de Bollinger são compostas, tradicionalmente, por uma banda central, representada pela média móvel de 20 períodos, e duas bandas paralelas (superior e inferior). As linhas que formam o envelope em torno da média móvel são calculadas a partir do desvio padrão da banda central, a fim de estipular uma medida de dispersão e identificar o nível de volatilidade do mercado estudado.
Nas plataformas de análise técnica espalhadas pelo mercado, o multiplicador do desvio padrão considerado é o tradicional +2;-2, estipulado para a periodicidade da média móvel de 20 períodos.
De acordo com Bollinger, o ajuste das bandas pode ser alterado em função da média móvel utilizada, conforme a necessidade do investidor. Se a média móvel escolhida for de 10 períodos, o autor sugere ajustar as bandas paralelas com multiplicador de 1,9, enquanto para uma média móvel de 50 períodos, o multiplicador deve ser de 2,1.
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Aplicando as bandas no mercado
Com indicadores
De acordo com o sócio da XTH Educação Financeira, a medida de volatilidade é extremamente útil para antecipar o início e o fim das tendências, já que o comportamento da volatilidade é comprovadamente cíclico: períodos de baixa volatilidade são precedidos de alta,e vice-versa. Aliada aos candlesticks tradicionais de reversão, a ferramenta ganha muito potencial.
A combinação entre indicadores técnicos e as Bandas de Bollinger também é poderosa para a análise de preços. Quando o candle toca a banda superior, somado a uma tendência de alta, a confirmação de um indicador de volume é uma boa sinalização.
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“Ocorrências de tags na banda superior sem confirmação por parte dos indicadores são sinais de enfraquecimento da tendência de alta em curso, assim como a ocorrência de tags sem confirmação da banda inferior é um sinal de enfraquecimento da tendência de baixa em curso”, afirma Pacheco. A figura exemplifica o fato:
Fuga das bandas
Calibrado com uma média móvel de 13 períodos, o envelope das Bandas de Bollinger pode ser um bom sinal de sobrecompra ou sobrevenda do mercado no curto prazo, afirma Leandro Martins, analista e professor do Seu Consultor Financeiro, para que o investidor tenha uma noção se está comprando/vendendo em um momento de euforia/pânico do mercado em relação à média histórica dos preços.
Em seus trades, Martins utiliza a fuga das bandas, ou seja, quando um candle se forma acima/abaixo do envelope, para identificar se os preços estão “esticados”, setup que pode ser potencializado aliado ao IFR (Índice de Força Relativa), como exemplificado com os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4).
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A lição mais importante
Ao final da parte 1 do livro, no curto e não menos importante capítulo 5, Bollinger orienta o investidor sobre como avaliar uma decisão de investimento no mercado de ações e interpretar as informações existentes.
Apesar das indicações de como utilizar as Bandas de Bollinger e outros instrumentos de análise técnica, o autor incita o investidor a moldar seus setups técnicos conforme o prazo de investimento e melhor adaptação. “Para ser bem sucedido, o investidor deve aprender a pensar por si. Isso é verdade porque eles são indivíduos únicos, com diferentes objetivos e diferentes critérios de risco-retorno”.
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