Em comunicado de esclarecimento nesta quinta-feira (26) à B3 e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as fortes oscilações de seus ativos nos últimos pregões, a Americanas (AMER3) diz que suas ações vêm sendo alvo de especulações e rumores sobre os quais não possui qualquer controle.
Os questionamentos foram feitos sobre as oscilações das ações entre os dias 12 e 25 de janeiro, após a divulgação das inconsistências contábeis bilionárias na noite do último dia 11, que culminaram com o pedido de recuperação judicial da varejista no dia 19.
No dia 12 de janeiro, as ações fecharam em queda de 77,3%; no dia 19 de janeiro, a baixa foi de 42,53%. Já na sua despedida do Ibovespa, no dia 20, os ativos caíram 29%, ficando abaixo de R$ 1. Na segunda (23), os papéis saltaram 12,68%, enquanto subiram 17,50% na véspera. Nesta quinta, avançavam 7,45%, a R$ 1,01, às 12h05 (horário de Brasília).
“A companhia esclarece que, desde a divulgação do fato relevante do último dia 11 de janeiro e de seu pedido de recuperação judicial, tem tentado ao máximo deixar o mercado devidamente informado”, afirmou.
Segundo a varejista, não há fato relevante específico que tenha motivado a oscilação na cotação de suas ações, além daqueles já informados ao mercado nos últimos dias.
A volatilidade das ações nesses últimos dias não é exatamente uma surpresa, uma vez que analistas destacam que os ativos das companhias em recuperação judicial costumam ter reações extremas na Bolsa. O movimento ainda é impulsionado pelo “cabo de guerra” da varejista com os bancos em meio a uma intensa batalha jurídica.
“Esperamos que as ações continuem sofrendo com alta volatilidade, já que as medidas de uma RJ normalmente acabam diluindo os acionistas. Além disso, ressaltamos que o processo de uma RJ é demorado, levando no mínimo 2 anos, porém, muitas vezes excede esse prazo, como foi no caso da Oi (OIBR3), em que o processo durou mais de 6 anos. Dentro do processo, os advogados acabam conseguindo dilatar bastante os prazos, e as Assembleias são marcadas e remarcadas estrategicamente por várias vezes, como forma de manobra para arrastar esse prazo”, destacou a Levante.
“As ações tendem a sofrer durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas”, escreveram os analistas Daniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, da XP.