Americanas (AMER3) apresenta resultado robusto e que pode ser o melhor do setor; ação tem virada e fecha em alta

Resiliência da companhia tanto nas vendas físicas quanto online é destacada por analistas, mas margens pressionadas e cenário desafiador preocupam

Lara Rizério

Fachada de uma loja da Americanas (Foto: Divulgação)
Fachada de uma loja da Americanas (Foto: Divulgação)

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Os resultados do quarto trimestre de 2021, divulgados na noite da véspera, fizeram jus à expectativa de que a Americanas (AMER3) registrasse um bom resultado. Isso ainda que nos últimos dias os dados acabassem sendo ofuscados pelas notícias de interrupção do serviço de e-commerce, que saíram do ar no fim de semana e voltaram apenas na quarta-feira, impactando as ações.

Já nesta sexta-feira (25), as ações tiveram volatilidade, também acompanhando o movimento do mercado, que registrou forte alta na reta final. Na mínima do dia, AMER3 teve queda de 3,97%, mas se recuperou e fechou com avanço de 0,99%, a R$ 30,50.

Por um lado, analistas destacaram que a companhia deve ter apresentado o resultado mais resiliente entre as companhias com exposição ao e-commerce do setor. Contudo, o cenário segue complicado no curto prazo, com as margens pressionadas.

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No geral, os resultados foram em linha com as estimativas do mercado de dados operacionais, mas com um lucro acima, para R$ 490 milhões, por conta de um efeito positivo não recorrente na linha de imposto.

Conforme destaca a XP, o principal destaque do resultado foi o crescimento de receita, com resiliência das lojas físicas e um crescimento robusto do canal online.

Entre outubro e novembro, o volume total de vendas (GMV, na sigla em inglês) Total da Americanas foi de R$ 18,1 bilhões, um crescimento de 28,3% frente ao igual período de 2020, com um crescimento de 36% do canal online e de 11% das lojas físicas (vendas mesmas lojas em alta de 4,1%), . No consolidado do ano, o GMV total da Americanas foi de R$ 55,3 bilhões, um crescimento de 32,8%.

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O Itaú BBA ressaltou que a varejista manteve a sua jornada de ganhos de participação de mercado apesar dos ventos macroeconômicos contrários. Seu sólido desempenho tanto nos canais de vendas físicas quando no digital aumentou sua resiliência em um momento em que alguns concorrentes provavelmente foram enfraquecidos pelas condições de mercado, avalia.

Para o Credit Suisse, a companhia apresentou o que foi o resultado mais forte entre as empresas de e-commerce que o banco cobre, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3).

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As lojas físicas continuaram abaixo do potencial máximo dado contexto da pandemia e os desafios macroeconômicos, mas em linha com as expectativas (que tinham sido revisadas pra baixo), enquanto o e-commerce no geral veio um pouco melhor do que o esperado.

Contudo, o e-commerce além do esperado também gera efeitos contrários para a companhia. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações sobre a receita líquida) seguiu pressionada, a 11,8%, uma queda de 4,3 pontos percentuais na base anual, principalmente devido à maior participação do online, investimentos no nível de serviço e reforço dos times de dados e tecnologia.

O Credit Suisse reforça que a dinâmica do setor nos próximos meses deve continuar desafiadora. Porém, os analistas do banco apontam que a Americanas merece uma menção especial como prova de força frente os pares. “Embora abaixo da inflação, a empresa teve alta de 4% das vendas nas mesmas lojas, enquanto os pares provavelmente devem ter dados negativos. Em nossas estimativas, as vendas online também devem ficar relativamente melhores, não só no quarto trimestre de 2021, mas também no primeiro trimestre”, apontam.

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O curto prazo não é a base da visão construtiva sobre o nome, mas os analistas acreditam que a “Americanas se destaca um pouco da multidão”. Por isso, segue com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos, com preço-alvo de R$ 41,77, um potencial de alta de 38% em relação ao fechamento da véspera.

A XP também destacou que a companhia deu indicativos positivos para o primeiro trimestre de 2022 com crescimento de 40% das vendas no canal online em janeiro, além de continuar a avançar na combinação das operações físicas e digitais aprovadas no ano passado. Ela já concluiu a integração de estoques, logística, de dados e comunicação, contribuindo para a melhoria do nível de serviço.

As entregas rápidas representaram 24% do total, versus 15% no terceiro trimestre de 2021. Além disso, a fintech Ame fechou o ano de 2021 com um Volume Total de Pagamentos (TPV, na sigla em inglês) recorde de R$ 26 bilhões, e registrou o primeiro breakeven (equilíbrio financeiro) mensal durante o quarto trimestre, uma meta esperada apenas para 2022.

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Contudo, os analistas seguem com recomendação neutra para o papel, com um preço alvo de R$ 40 por ação para o final de 2022, ainda um potencial de alta de 32%.

“Apesar de vermos a companhia como um ecossistema robusto, estamos cautelosos com a dinâmica de e-commerce frente ao aumento de competição e deterioração macro. No entanto, nós destacamos que a companhia tem focado mais em conveniência e acreditamos que eles podem encontrar seu nicho aqui, porém não sem competição”, avaliam.

Após o resultado, o Bradesco BBI também reforçou recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo de R$ 39 (potencial de alta de 29%).

Os analistas destacaram também os resultados como mistos, com um forte desempenho de GMV de comércio eletrônico  em base anual compensado pela pressão sobre a lucratividade.

“Esperamos que esse nível de crescimento do GMV seja maior do que os pares e, embora a pressão de margem seja negativa, achamos improvável que seja tão significativo quanto outras plataformas omnicanal. Assim, em uma base relativa, os resultados são resilientes”, apontam.

Dito isso, a pressão de margem de aproximadamente 4 pontos em base anual e a falta de expansão sequencial no quarto trimestre de 2021 (que tende a ser um trimestre de margem mais alta para o negócio de lojas) indica dificuldades de custo no negócio de comércio eletrônico.

“Isso não é totalmente inesperado, principalmente porque parte da pressão é impulsionada pelos investimentos conscientes feitos na plataforma logística, mas a margem ficou abaixo da nossa expectativa e questiona se a empresa atenderá às expectativas consensuais de uma margem Ebitda de 12,3% em 2022, uma expansão de aproximadamente 1,50 ponto percentual”, avaliam.

Assim, apesar desse potencial obstáculo nas estimativas de consenso, os analistas esperam que o crescimento do GMV do comércio eletrônico seja resiliente em 2022, com estimativa de alta de 25%,  devido ao mix diversificado.

Os próximos resultados que serão monitorados de perto pelos investidores são de Via em 9 de março e de Magazine Luiza em 14 de março, que poderão confirmar que, mesmo com cenário complicado no geral para as companhias, a Americanas poderá ser vista como uma melhor opção no setor no longo prazo.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.