Alta do petróleo evidencia contradições e mostra que não há trégua para a Petrobras

As notas da Petrobras com vencimento em 2023 perderam 1% desde 9 de junho, quando os preços do petróleo bruto Brent iniciaram um avanço de 6%, em nove dias, enquanto as forças iraquianas combatiam rebeldes

Bloomberg

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23 de junho – O maior aumento nos preços do petróleo em um ano geralmente poderia ser um motivo para comprar títulos dos produtores de energia. Mas não no Brasil, onde as políticas governamentais estão punindo a Petrobras (PETR3;PETR4). 

As notas da Petrobras com vencimento em 2023 perderam 1 por cento desde 9 de junho, quando os preços do petróleo bruto Brent iniciaram um avanço de 6 por cento, em nove dias, enquanto as forças iraquianas combatiam rebeldes. Essa foi a maior queda entre as companhias petroleiras integradas com títulos classificados como BBB acompanhadas pela Bloomberg. Até maio, os títulos de dívida da Petrobras tinham atingido o maior ganho do ano, com um retorno 9,6 por cento.

A presidente Dilma Rousseff tem mantido limites máximos para os preços da gasolina e do diesel desde 2011 e a divisão de refino da Petrobras não consegue atender à demanda doméstica, então o aumento dos preços internacionais exacerba as perdas nas vendas de combustível. Ele também sinaliza maiores pagamentos de royalties e impostos para a produtora com sede no Rio de Janeiro, que apresenta o maior déficit de fluxo de caixa entre as companhias petroleiras de capital aberto nos últimos 12 meses.

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“É pior para eles”, disse Omar Zeolla, analista de crédito corporativo da Oppenheimer Co., em entrevista telefônica de Nova York, referindo-se aos aumentos nos preços do petróleo. “Dilma poderia ser reeleita e eles poderiam manter as mesmas políticas, os mesmos preços”.

Em resposta por e-mail a perguntas, a Petrobras não quis comentar a relação entre o desempenho de seus títulos e o aumento nos preços de petróleo. A assessoria de imprensa de Dilma também não quis comentar.

Balanços
Na América Latina, as únicas companhias petroleiras estatais que pagam por subsídios aos combustíveis são a do Brasil e a da Venezuela, disse Luisa Palacios, diretora administrativa e chefe de pesquisa para América Latina da Medley Global Advisors, uma prestadora de pesquisa política para investidores institucionais.

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Enquanto o México e a Argentina têm uma história de subsidiar as importações de combustíveis, é o governo, e não a Petróleos Mexicanos ou a YPF SA, que pagam a conta, disse Palacios. Na Colômbia, a Ecopetrol SA ajusta os preços regularmente de acordo com as taxas internacionais.

“Para as outras companhias petroleiras é uma comercialização direta”, disse Palacios por telefone, de Nova York. “A Pemex, a Ecopetrol e a YPF não têm o custo dos subsídios em seus balanços, ao contrário da Petrobras, e isso faz uma diferença no modo em que os investidores ou mercados podem avaliar o impacto dos preços mais altos do petróleo”.

Novas refinarias
O ministro da Fazenda Guido Mantega rejeitou os pedidos da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, para aumentar os preços dos combustíveis em abril e em maio, dizendo que atender os objetivos de produção aliviaria as dificuldades financeiras, disse uma fonte com conhecimento direto das negociações. Funcionários da empresa expressaram a Mantega a preocupação de que a continuidade dos limites aos preços resultasse em uma classificação mais baixa e maiores custos de empréstimos, disse a fonte.

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A Petrobras está construindo novas refinarias para reduzir as importações e melhorar seu retorno de capital, disse a empresa por e-mail no dia 2 de junho. Seu plano de negócios a cinco anos requer um alinhamento do preço dos combustíveis para aumentar a alavancagem e os retornos aos acionistas.

Queda na produção
A produtora com sede no Rio de Janeiro vende gasolina importada com desconto de até 20 por cento em relação aos preços internacionais, disse Palacios. Os subsídios custaram à empresa mais de US$ 31 bilhões em três anos, disse a Citigroup Inc. em uma nota de pesquisa do dia 22 de maio.

A produção da Petrobras caiu por dois anos seguidos. A empresa espera aumentar a produção local em 7,5 por cento neste ano adicionando novas unidades de produção offshore. A produção média até abril quase não variou.

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As ações da Petrobras ganharam 49 por cento desde 17 de março e os títulos se recuperaram em meio a especulações de que Dilma não seja reeleita em outubro e seja substituída por uma administração mais favorável aos negócios, ou que ela comece a ajustar os preços dos combustíveis depois das eleições.

“A política de preços pode realmente limitar a vantagem que se obtém dos preços do petróleo ou de uma produção maior”, disse Palacios.

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