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* Por Daniel Kuhn
Na semana passada, a revista digital do CoinDesk, a Layer 2, publicou uma série abrangente sobre o metaverso. As notícias, ensaios e artigos de opinião abordaram o que é o metaverso, o que ele significa para as criptomoedas e como lucrar com essa web de última geração.
Em suma, o metaverso é (concebivelmente) a próxima fronteira para a internet. Ele procura criar experiências incorporadas que levarão muitas partes da web como conhecemos aos seus limites.
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Não teremos apenas redes sociais, mas muitas redes sociais. “Manter” (holding) criptomoedas pode ter um significado literal. Nossas identidades online teriam substância e forma e, portanto, poderiam ser tratadas com um nível de respeito mais alto do que atualmente damos a nossos avatares e nomes de usuário.
Tudo isso tem relevância para a privacidade digital, direitos digitais e ativos financeiros digitais. A internet hoje, e especialmente o subconjunto criado pela indústria das criptomoedas, é amplamente sintética. Ainda não conhecemos todas as repercussões do que poderia tornar o virtual um pouco mais realista; assim como era difícil prever como a World Wide Web impactaria a sociedade na época de Tim Berners-Lee (físico britânico que criou os protocolos técnicos que deram origem à web).
Basta dizer que essas mudanças – que podem acontecer de forma ainda mais rápida do que a previsão inicial, segundo alguns entusiastas do mercado – seriam profundas. No entanto, ainda há perguntas sem resposta.
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Alguns especialistas escreveram e compartilharam seus pensamentos sobre alguns dos maiores problemas restantes. Eles citam a economia dos criadores de conteúdo, o tribalismo e os custos reais associados ao metaverso – e talvez mostrem o quão pouco sabemos.
Haverá um metaverso ou muitos? (E por que um pode ser melhor que o outro?)
Como meu advogado sempre diz: “Depende”. Existe uma única internet ou existem várias? Como falante de inglês, sempre tive acesso a uma fatia muito grande da internet. No entanto, nunca dei atenção para isso até me mudar para o Japão em 2019 e descobrir que a internet em japonês é muito menor. Pesquise a mesma consulta em japonês e você obterá menos resultados, devido ao simples fato de que há muito menos conteúdo publicado na web em japonês do que em inglês.
Da mesma forma, “o metaverso” pode ser usado para se referir ao fenômeno mais amplo de passar tempo em mundos virtuais. No entanto, os humanos são inerentemente tribais. Mesmo que uma única implementação do metaverso se torne mainstream, encontraremos maneiras de dividi-la em “minimetaversos” que atendam às nossas necessidades. Isso não é bom nem ruim – é simplesmente parte do ser humano.
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– Grace “Ori” Kwan, cofundadora da Orca
O metaverso será caro de usar?
Haverá uma enorme variação no custo de participação no metaverso, assim como existe atualmente na economia global. Da mesma forma que há intensa competição entre as marcas por imóveis e publicidade na Times Square, em Nova York, haverá níveis comparáveis de competição nos reinos do metaverso mais procurados, tanto para imóveis digitais quanto para atenção.
As marcas dedicarão porcentagens significativas de recursos para conquistar e reter clientes no metaverso e, como parte dessa competição, as marcas competirão para oferecer a melhor experiência do metaverso ao preço mais acessível.
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Essa pressão do mercado deve manter as experiências do metaverso acessíveis para a maioria dos usuários. Dito isso, as experiências vão de baixo custo a gratuito e extremamente caro e exclusivo, assim como as marcas na Web 2.0 escolhem táticas diferentes, com algumas campanhas de marketing direcionadas para um mercado de massa a preços acessíveis, enquanto outras atendem a pequenos grupos de nicho que podem pagar mais por experiências personalizadas e luxuosas. À medida que o metaverso amadurece, espere que esse nível de variação nas experiências de marca se desenvolva.
– Yonathan Lapchik, CEO da SUKU
Se você pudesse fazer compras ou socializar de qualquer lugar, você sairia de casa?
Hoje, a internet torna as compras mais eficientes porque é mais rápido e mais barato do que entrar em uma loja. O lado negativo é perder experiências visuais e táteis, e a sensação de estar em uma multidão ou um senso compartilhado de realidade e lugar. Ao nos aproximar teoricamente de qualquer outra pessoa online, a internet de hoje nos desconecta simultaneamente de nossa família e amigos. O metaverso reconstruirá a web de uma experiência bidimensional plana para uma experiência tridimensional imersiva e interativa que se assemelha a um game multiplayer como o Fortnite.
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Ao fazer compras, por exemplo, em vez de percorrer um catálogo digital para escolher seus mantimentos, você entrará em um supermercado com um avatar representando sua identidade. Esse avatar empurrará um carrinho digital pelos corredores enquanto você pega itens de comida, examina-os e os deposita em seu carrinho. Isso está mais próximo da experiência de compras no mundo real, ameaçada pela conveniência da Web 2 – com o benefício adicional da onipresença e escolha da internet.
Em outras palavras, o metaverso pode nos permitir recuperar nosso passado enquanto ainda preservamos a eficiência de nos tornarmos digitais. Quanto aos nossos amigos, familiares e aqueles que queremos perto de nós: Você poderá convidar qualquer pessoa para sua casa virtual e oferecer uma experiência com curadoria, compartilhando sua vida em um formato imersivo que imita alguém visitando sua realidade offline.
Existem benefícios claros dos modelos de governança e propriedade baseados na comunidade do metaverso, bem como suas transações transparentes que não exigem o aval de terceiros. Reproduz a fisicalidade que falta na web e permite experiências sociais mais sintonizadas. Ainda assim, se você pudesse experimentar a realidade virtualmente, por que sairia de casa?
– Dan Nissanoff, CEO da Game of Silks
Os criadores serão centrais para o metaverso
No momento, o metaverso consiste em vários jogos de mundo aberto. Ao contrário dos games tradicionais, os usuários possuem todos os ativos que ganham ou compram no ecossistema. No entanto, a maioria desses ativos é pré-projetada pelos desenvolvedores. Não precisa ser assim e, de fato, se essa tendência continuar, sufocaria o metaverso antes de começar.
O nome “conteúdo gerado pelo usuário” é exatamente o que sugere. Hoje, geralmente se refere a vídeos do YouTube, fanfics (narrativas escritas por fãs), mods de jogos para Grand Theft Auto, Roblox e Minecraft – ou conteúdo que foi criado por um internauta comum em vez de “profissionais”. No contexto do metaverso, estamos realmente falando sobre ativos no game – os personagens, mundos e ferramentas que você usa enquanto joga.
Empresas como Meta e Riot Games já começaram a experimentar conteúdo gerado pelo usuário em seus metaversos, e os resultados têm sido promissores. Mas o que realmente interessa é que, se o metaverso deve ser tão interativo, imersivo e experiencial quanto professado, o mundo não pode confiar apenas nas empresas para realizar isso. O metaverso simplesmente não “escalaria”.
O que provavelmente incentivará os jogadores a construir seus próprios recursos no jogo (roupas, níveis, mapas etc) é o nível de propriedade garantida e o potencial de lucro. Hoje, os mods podem ser monetizados, mas isso geralmente quebra as regras e os jogadores parecem ser mais motivados pelo prestígio entre seus pares para construir coisas legais.
Assim é que o metaverso apresenta uma contradição: na ausência de conteúdo gerado pelo usuário, o metaverso nada mais seria do que um ambiente estático onde as pessoas se olham, mas não interagem (algo como assistir a um filme). Então essa discussão é necessária. E como a blockchain dará a esses ativos um mercado e permanência, haverá jogadores motivados para construir. A esperança é que o conteúdo gerado pelo usuário promova a criatividade e a inovação, permitindo que indivíduos com ideias semelhantes se envolvam. Mas a concorrência de mercado pode parecer um pouco mais familiar?
– Simon Viera, cofundador e CEO da MixMob
As implicações para a saúde mental do metaverso
Em geral, aqueles que lutam com questões como ansiedade social ou agorafobia podem experimentar, talvez pela primeira vez em muito tempo, algum envolvimento social sustentado por meio do metaverso. À medida que se aproximam de um mundo inclusivo, onde podem se sentir presentes e confortáveis, barreiras como o medo do julgamento podem começar a se dissipar lentamente. Isso, no devido tempo, poderia encorajá-los em sua capacidade de manter conversas e mergulhar confortavelmente em novos ambientes dentro do mundo físico.
Da mesma forma, aqueles que experimentam a solidão – como indivíduos que vivem em locais remotos – podem se sentir mais socialmente incluídos entrando no metaverso, pois terão a oportunidade de conhecer pessoas de todas as esferas da vida e se conectar com outras que compartilham paixões e interesses semelhantes. O metaverso rompe fronteiras geográficas.
Os deficientes físicos também podem se beneficiar. No metaverso, alguns ganham uma nova sensação de movimento e interação, oferecendo uma verdadeira sensação de libertação à medida que exploram novos ambientes. Com a realidade virtual, eles podem viajar para destinos exóticos, como praias e florestas tropicais, ou visitar diferentes cidades e monumentos, tudo no conforto de sua casa.
Pode haver “ilhas” ou “planetas” dedicados – ou mundos digitais – desenvolvidos como santuários de saúde mental, onde os usuários podem experimentar serviços de terapia, aulas de meditação e programas de exercícios. Para aqueles que podem não ter confiança ou recursos para se aventurar nessas avenidas no mundo físico, o metaverso apresenta uma alternativa muito viável.
Essa sensação de liberdade das limitações físicas abrange todos os aspectos da identidade. Em grande escala, as pessoas poderão se recriar e ser o que quiserem – não importa sua raça, gênero ou tamanho. Isso não deve desencorajar as pessoas de serem quem elas são no mundo físico, mas sim encorajá-las a ampliar o escopo de quem elas imaginam ser – talvez acendendo algo que de outra forma estaria adormecido.
– Jawad Ashraf, CEO da Terra Virtua
* Daniel Kuhn é repórter e editor-assistente de opinião da coluna “Layer 2” do CoinDesk.
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