AgroGalaxy (AGXY3) registra prejuízo líquido de R$ 257,1 milhões no segundo trimestre, aumento anual de 139%

Ebitda da companhia foi negativo em R$ 72,5 milhões, e receita líquida caiu 6,9%

Fernando Lopes

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O AgroGalaxy (AGXY3), uma das maiores distribuidoras de insumos agrícolas do país, encerrou o segundo trimestre do ano com prejuízo líquido ajustado de R$ 257,1 milhões, 138,9% maior ante perda de R$ 107,6 milhões no mesmo período de 2022. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi negativo em R$ 72,5 milhões, sendo que um ano antes havia sido positivo em R$ 56,3 milhões, enquanto a margem Ebitda ajustada foi negativa em 4% e a receita líquida total da empresa caiu 6,9%, para R$ 1,832 bilhão.

Os resultados negativos eram esperados, tendo em vista as turbulências nos mercados globais tanto de defensivos, em parte causadas pelos fechamentos de fábricas da China durante a pandemia, quanto de fertilizantes, em razão da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro do ano passado. Tais turbulências geraram incertezas sobre a garantia de suprimento desses produtos no Brasil, que não se confirmaram, e fortes oscilações de preços.

Aliado à tendência de queda dos preços dos grãos, que ganhou força no segundo semestre do ano passado, o cenário teve reflexos negativos sobre vendas e compras dos produtores rurais e afetou os resultados do segmento de insumos como um todo. Superado o primeiro semestre, fortemente marcado por renegociações de preços e prazos de pagamento com fornecedores e clientes, a expectativa das companhias do ramo é que os resultados deste terceiro trimestre apresentem melhora.

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Welles Pascoal, CEO da AgroGalaxy, reitera que a pior fase das turbulências derivadas da pandemia e da guerra já passou, mas reconhece que o trabalho para arrumar a casa continua. As negociações para a redução da inadimplência dos clientes e para a equalização dos estoques (boa parte deles acumulados com insumos ainda caros), por exemplo, seguem em curso.

“Em dezembro de 2022, nosso inventário em casa somava R$ 1,6 bilhão. Com as campanhas que fizemos, vendemos o equivalente a R$ 900 milhões, e também negociamos a devolução de R$ 400 milhões a fornecedores. Ou seja, aquele inventário caiu para R$ 300 milhões, e voltamos às compras já com preços mais baixos no mercado. No caso dos fertilizantes, a queda chega a 50%, e para alguns herbicidas a redução supera 70%”, afirmou Welles ao InfoMoney.

O executivo disse, ainda, que em razão dos desajustes do mercado a carteira de pedidos da companhia em 31 de junho estava 31% inferior ao total observado um ano antes, o que sinaliza um forte reaquecimento nos próximos meses. Dessa forma, a AgroGalaxy projeta para o exercício 2023 como um todo receita líquida e Ebitda mais próximos aos registrados em 2022, que foi um ano de recordes puxados pela forte valorização dos insumos.

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Para a receita líquida consolidada, a expectativa é que o montante alcance entre R$ 11 bilhões e R$ 11,3 bilhões, ante R$ 11,6 bilhões no ano passado. Para o Ebitda ajustado, a companhia projeta entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões, contra R$ 705 milhões em 2022.

De abril a junho, a receita líquida da AgroGalaxy com a venda de insumos recuou 38,7% em relação a igual intervalo de 2022, para R$ 1,353 bilhão. No segmento de grãos, onde a empresa mantém originação e comercialização – boa parte dela em forma de barter (troca de insumos por futuras colheitas) –, a receita líquida cresceu 14,1%, para R$ 1,353 bilhão.

A companhia destacou que seu resultado financeiro continuou a sofrer o impacto da elevada taxa básica de juros da economia brasileira, mas informou que sua posição de caixa, equivalentes e aplicações fechou o segundo trimestre em R$ 1,4 bilhão, e que seu retorno sobre o capital investido (ROIC) alcançou 17,3% em junho.

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Com a inauguração de duas novas revendas de insumos no segundo trimestre, a rede da AgroGalaxy passou a contar com 169 lojas em 14 Estados, com mais de 30 mil clientes ativos no total, 31% mais que no fim de junho do ano passado. Foram seis aberturas de lojas em 2023 até agora, e mais duas deverão acontecer até o fim do ano. Paralelamente, a companhia está investindo na melhoria do rendimento de 60 lojas adquiridas desde 2019.

Outro ponto positivo do segundo trimestre realçado pela empresa foi o crescimento de 48% das vendas de bioinsumos na comparação com o mesmo período de 2022, para R$ 27 milhões.

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Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.