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SÃO PAULO – As ações do GPA (PCAR3) saltaram na sessão desta sexta-feira (15), enquanto as do Assaí (ASAI3) ficaram longe das mínimas, mas ainda assim fecharam em queda, após o Grupo Pão de Açúcar fechar a venda de 71 pontos comerciais, instalados em diversos estados, para o o grupo de atacarejo.
Os ativos PCAR3 subiram 11,85%, a R$ 30,96, após chegarem a saltar 20,01%, a R$ 33,22, na máxima do dia. Já os papéis ASAI3 fecharam em baixa de 1,79%, a R$ 17,54, após chegarem a uma mínima de 7,05% de queda, a R$ 16,60.
Segundo apontam analistas, o acordo feito pelo Assaí acelera sua própria expansão e permite que o GPA encaminhe seus problemáticos negócios de hipermercados. “Estrategicamente, a justificativa para o Assaí adquirir essas lojas parece sólida – todas estão localizadas em grandes cidades, onde a demanda é alta, mas é difícil abrir lojas greenfield – mas é provável que haja algumas dúvidas sobre um negócio que parece quase bom demais para ser verdade para GPA”, destacou o BBI.
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As questões de governança corporativa estão no radar: em relatório, os analistas da XP apontaram que o risco de governança pode ser uma fonte de preocupação para os investidores. Porém, ponderaram que, embora a transação possa parecer cara à primeira vista para o Assaí, fizeram algumas análises e concluíram que ela agrega valor mesmo sob premissas conservadoras.
Conforme o fato relevante, a transação envolve uma valor estimado a ser recebido pelo GPA de R$ 5,2 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões serão pagos pelo Assaí, de forma parcelada, entre dezembro deste ano e janeiro de 2024.
A transação envolvendo a conversão de lojas Extra Hiper operadas pelo GPA em cash & carry (atacarejo), que passarão a ser operadas pelo Assaí.
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Com a operação, a bandeira Extra Hiper será descontinuada e as lojas não abarcadas pela transação serão convertidas em formatos com maior potencial de rentabilidade.
Ainda segundo o fato relevante, a transação envolve “imóveis próprios e locados de terceiros, bem como dos respectivos contratos de locação, podendo também envolver aquisição pelo Assaí de certos equipamentos existentes nas lojas.”
Adicionalmente, o GPA celebrou outro memorando com um fundo imobiliário, com a interveniência e garantia do Assaí, regulando a alienação de 17 imóveis próprios do GPA.
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Neste caso, o preço estimado de venda desses imóveis é de R$ 1,2 bilhão, e será pago pelo fundo imobiliário ao GPA. “A garantia do Assaí consiste na obrigação de pagamento pelos imóveis caso o Fundo não cumpra o prazo acordado”, acrescentou.
Simultaneamente, o Assaí também celebrou outro memorando com o fundo imobiliário regulando a locação, após a conclusão da transação, dos imóveis adquiridos pelo Fundo para Assaí, pelo prazo de 20 anos, renováveis por igual prazo.
Estratégias no radar
Na análise do Bradesco BBI, o preço pago pelo Assaí parece razoável, enquanto a transação é vista como excelente para o GPA, uma vez “que resolve uma dor de cabeça de quase uma década em seu negócio de hipermercados”.
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“Estimamos que o mercado estava atribuindo muito pouco – ou nenhum – valor para o negócio de hipermercados”, apontam os analistas. A expectativa é de que o GPA receba cerca de R$ 4,4 bilhões líquido de impostos, o que equivale a aproximadamente 60% do valor de mercado atual.
Para o Assaí, as 71 lojas representariam um acréscimo de 38% à base no segundo trimestre de 2021, proporcionando clareza significativa sobre a perspectiva de crescimento das lojas – parte fundamental da tese de investimento. Para o CBD, os analistas do banco veem a descontinuação da marca Extra Hiper dando suporte a uma mudança de portfólio em direção a formatos de varejo de alimentos mais bem posicionados.
“Embora o crescimento da loja tenha sido uma parte consistente de nossa tese ASAI3, monetizar as lojas Hiper é uma mudança maior para a tese de investimentos, em nossa visão inicial”, avaliam.
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A XP aponta que a transação deve acelerar o plano de expansão do Assaí adicionando localizações estratégicas, espalhadas por várias capitais brasileiras e grandes cidades, com pouca ou nenhuma sobreposição de lojas com o parque atual do Assaí.
Além disso, como esses locais estão em áreas metropolitanas, eles devem ser capazes de atender a uma demanda cativa do canal B2B (bares e restaurantes próximos) e, ao mesmo tempo, ser uma alternativa interessante para os clientes pessoa física. Destacamos também que as lojas do Extra totalizam uma área de vendas de 470 mil metros quadrados, com a loja média tendo 6,6 mil metros quadrados e 600-700 vagas de estacionamento.
“Acreditamos que as lojas maiores devem permitir ao Assaí oferecer uma experiência melhor, com maior sortimento de produtos e ofertas de alguns serviços (exemplo: açougue)”, apontam os analistas da XP em relatório.
Os analistas ainda destacam que, embora a transação possa parecer cara à primeira vista, olham os principais indicadores e o valor potencial a ser destravado para os acionistas de ASAI e estimam que ela pode agregar valor mesmo sob premissas conservadora.
Governança corporativa como preocupação
Já do ponto de vista da governança, os analistas do Morgan apontam que a lógica estratégica da transação faz sentido para ambas as empresas, mas considera as maiores ligações entre as empresas como uma compensação parcialmente negativa.
“Embora o preço da transação tenha sido endossado por um parecer imparcial externo e aprovado por conselheiros independentes, vemos os vínculos maiores entre as empresas sob uma luz negativa, aprofundando os laços das empresas poucos meses após a conclusão da cisão”, apontam, uma vez que a operação de separação das duas companhias foi feita em março.
A XP também destaca que a governança pode ser vista como um problema, pois envolve partes relacionadas e não estará sujeita à aprovação dos acionistas minoritários, o que pode levar os investidores a aplicarem um desconto de governança aos múltiplos atuais de ASAI3, sendo este o principal risco com o transação.
“No entanto, o Assaí tem um histórico de execução sólido, enquanto a transação faz sentido estrategicamente e, portanto, acreditamos que os investidores devem dar o benefício da dúvida para a companhia. Nós, assim, mantemos nossa recomendação de compra para o papel”, aponta a casa.
Sinalizações das companhias
Em teleconferências para analistas e investidores, os executivos do GPA e do Assaí destacaram a visão para a operação.
Segundo Jorge Faiçal, CEO do GPA, a desistência do formato de hipermercados e a venda das principais lojas da bandeira Extra Hiper para o Assaí dará à empresa recursos para ser mais ágil e acelerar crescimento no varejo alimentar físico e digital.
“Teremos uma empresa que deixará de trabalhar na defensiva e partirá para o ataque, trabalhando suas fortalezas”, disse Faiçal em teleconferência com analistas, referindo-se à bandeira Pão de Açúcar. Segundo ele, com o acordo com o Assaí, o GPA vai abrir 100 lojas Pão de Açúcar nos próximos três anos no país e 100 lojas do formato de proximidade Minuto Pão de Açúcar.
Faiçal não fez projeções sobre a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) do grupo após a transformação, mas afirmou que espera que a transação com o Assaí “traga margem Ebitda significativamente mais alta”. Durante a teleconferência, o presidente do GPA disse que a empresa também está abandonando o formato de drogarias no país.
Belmiro Gomes, presidente do Assaí, destacou que a empresa viu uma oportunidade única de acelerar sua expansão com a aquisição de lojas do Extra Hiper em um momento de corrida do setor de atacarejo por abertura de lojas marcado por um cenário inflacionário que deve se prolongar nos próximos anos.
“Este movimento teve dois eventos neste ano que mudaram a geografia do mercado: o primeiro foi a aquisição do grupo BIG pelo Atacadão, principal concorrente do Assaí e líder do setor”, disse Gomes.
“Havia na nossa visão um distanciamento que nós precisávamos buscar uma maneira de acelerar nossa expansão de forma rentável”, disse o executivo. “O ativo que nos parecia mais vital para isso era o parque de lojas do Extra Hipermercado”, concluiu, citando fatores como baixa sobreposição de lojas, velocidade de incorporação dos pontos e custo de reforma para o formato de atacarejo.
Ele afirmou ainda que outro fator “divisor de águas” para a transação com o GPA foram acordos com locadores de lojas que antes não permitiam que hipermercados fossem convertidos em lojas de atacarejo, que precisam de obras de reestruturação para operarem como tal.
Segundo Gomes, o Assaí precisaria ter 110 lojas para conseguir o mesmo nível de faturamento que espera obter com as 71 lojas do Extra Hiper que vai incorporar ao seu parque. Além disso, a pressa da empresa em fechar o negócio decorre das perspectivas de inflação que vão se prolongar no próximo ano, levando a população e comerciantes clientes da empresa a buscar preços menores em regiões onde a bandeira não está presente.
“Lojas nesse nível, custam mais de R$ 100 milhões para serem feitas, com todo o tempo para se fazer uma loja orgânica…A gente fala que para qualquer comércio tem três fatores importantes: o primeiro é ponto, o segundo é ponto e o terceiro é ponto.”
(com Reuters)
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