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As ações da Natura&Co (NTCO3) tiveram volatilidade nas duas sessões pós-balanço, em 15 e 16 de agosto, deixando investidores reticentes sobre o que esperar para a companhia.
Se no pregão pós-resultado os ativos fecharam em alta de mais de 5%, no dia seguinte os papéis caíram quase 9%. O movimento de baixa ocorreu após evento em que a companhia deu mais detalhes sobre a integração entre as marcas Natura e Avon na América Latina, processo chamado de Onda 2, apresentando resultados iniciais no Peru e na Colômbia e expectativas sobre o Brasil. De acordo com o Bradesco BBI, o mercado tinha expectativas mais altas para a companhia.
Desde então, cabe ressaltar, até a tarde desta sexta, as ações NTCO3 caíram mais 7,2% (em parte também com a baixa da Bolsa brasileira). Contando com a baixa de 8,90% na sessão pós-evento sobre a Onda 2, a baixa foi de 15,5%.
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Com movimentos tão díspares após eventos tão importantes para a a empresa de cosméticos, o que esperar para as ações?
Conforme destacou o BBI, o que desagradou o mercado no evento sobre a Onda 2 foi o fato de a empresa não ter fornecido ‘guidance’ de margem Ebitda [Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita] para a região e indicar problemas de curto prazo relacionados à integração na América Latina.
Além disso, a gestão da Natura&Co não divulgou um valor específico para os custos de integração.
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“A mensagem foi de que devemos esperar altos custos pontuais de integração devido à aceleração da estratégia nos próximos dois trimestres”, observaram os analistas, ressaltando, contudo, aspectos positivos no anúncio, como o detalhamento do caminho para reduzir a diferença de margem Ebitda entre as marcas na região.
Depois desses dois eventos, o Itaú BBA reiterou classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da Natura e preço-alvo de R$ 21, ou potencial de valorização de 35% em relação ao fechamento da véspera.
O banco avalia como positivo os esforços da empresa em busca de maximizar a rentabilidade em detrimento do crescimento da receita e diz que já identificou sinais iniciais de melhoria na lucratividade.
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Na sequência do evento da Fase 2, os resultados no Peru indicaram que a integração das marcas resultou em uma queda nas receitas CFT (Consultoras de Beleza).
Segundo relatório, a queda foi atribuída a um número reduzido de consultoras de beleza, parcialmente compensado pelo aumento da produtividade do CFT. “Cada país possui características únicas – diferentes níveis de sobreposição entre as consultoras de beleza da Natura e da Avon, por exemplo, e diferentes níveis de conscientização da marca”, explica o BBA.
A equipe de análise espera que essa integração abrirá caminho para uma maior lucratividade, “impulsionada pelos seguintes fatores: i) a diferença de 9 pontos percentuais entre as duas marcas em despesas como porcentagem da receita líquida, considerando estrutura comercial, TI e logística, que provavelmente será reduzida em uma estrutura mais enxuta e simples; ii) otimização do portfólio dentro do CFT e Home & Style, simultaneamente melhorando os retornos; e iii) o equilíbrio do modelo comercial da Avon em todos os níveis estrela (clusters), corrigindo a situação atual em que 40% das receitas da Avon até 2022 estão concentradas nos dois primeiros níveis, que atualmente geram margens de contribuição negativas”.
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Para o BBA, o mercado brasileiro será monitorado de perto em relação à integração e aos riscos associados, como i) perda excessiva de rede, ii) canibalização de portfólio e iii) desalavancagem operacional.
Como o lançamento da Fase 2 está previsto para ser concluído apenas até o final do ano de 2024, e os custos de implementação associados estão em jogo, o analistas esperam que as margens do Ebitda (Ebitda sobre receita) sejam muito mais saudáveis a partir desse momento, atingindo cerca de 17% até o final de 2027.
Com relação a marca The Body Shop, o banco pontua que desde a nomeação de lan Bickley como CEO, a unidade tem ajustado suas operações. Isso inclui : i) reequilibrar a distribuição para abraçar o digital e o atacado, ao mesmo tempo que alavanca a rede varejista; ii) simplificar o portfólio de produtos para o crescimento de Cuidados com a Pele e mantendo a liderança em Banho & Corpo; e iii) revitalizar a diferenciação da marca, especialmente em mercados de Nível 1, como o Reino Unido”.
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Os analistas disseram gostar das medidas adotadas pela administração, mas o crescimento de curto prazo é limitado pelo ambiente macroeconômico e pelos níveis subótimos de estoque. No entanto, a gestão rigorosa de custos tem proporcionado margens mais altas (excluindo custos de reestruturação), uma tendência que analistas esperam que continue.
Para Avon International, no curto prazo, o BBA antecipa que a Avon continuará apresentando números fracos de receita devido aos ajustes em andamento no modelo comercial e na otimização da presença, o que reduziu o número de representantes da Avon.
Por outro lado, o banco diz compreender que o objetivo principal desta unidade de negócios é aumentar as margens, um objetivo que vem sendo alcançado com sucesso. “Demonstrado nos últimos dois trimestres (quando excluídos os custos de transformação), esse progresso tem superado nossas expectativas iniciais”, destaca. Dessa forma, BBA elevou suas estimativas para a rentabilidade nos próximos anos.
Após o evento da Onda 2, o Bradesco BBI também apontou seguir otimista com a Natura&Co, apesar das pressões de curto prazo e da volatilidade dos resultados, mantendo assim recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 24 (potencial de alta de 54%) para 2024.
Na mesma linha, a XP reiterou recomendação de compra para os ativos após o evento sobre o a Onda 2, elevando o preço-alvo de R$ 18 para R$ 20 (upside de 29%). ” Mantemos nossa recomendação de Compra, uma vez que continuamos otimistas com o processo de transformação da Natura”, apontou a equipe de análise.
Para os analistas, as principais conclusões do evento foram: i) os resultados preliminares no Peru e na Colômbia foram animadores, com aumento na sobreposição das consultoras entre as marcas e crescimento de produtividade; (ii) a implementação no Brasil será dividida em duas fases, a 1ª começando no 1T23 e a 2ª no 1T24; (iii) há muito espaço para melhorar a margem de contribuição da Avon; (iv) custos de transformação devem continuar altos no curto prazo e (v) a estabilização das operações devem levar até 2 anos.
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