Ação da Americanas (AMER3) desaba 29% e fecha a R$ 0,71 em despedida do Ibovespa; valor de mercado vai a R$ 640,8 mi

Logo após o pedido de recuperação judicial, JP suspendeu a recomendação da empresa, destacando baixa visibilidade; em 7 pregões, ação cai 94%

Lara Rizério Vitor Azevedo

Loja da Americanas (Divulgação)
Loja da Americanas (Divulgação)

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As ações da Americanas (AMER3) tiveram uma despedida melancólica do Ibovespa na sessão desta sexta-feira (20). Após fecharem a sessão da véspera a um simbólico valor de R$ 1, no dia em que pediu sua recuperação judicial, os ativos abriram o pregão abaixo de R$ 1 e logo entraram em leilão (como tem sido a tônica nesses últimos dias de negociação).

Depois disso, ainda no início do pregão, chegaram a ter um respiro, indo para uma máxima de R$ 1,18, uma alta a princípio representativa, de 18%, mas pequena diante da derrocada observada desde a sessão do dia 11 de janeiro, às vésperas da revelação das inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. Contudo, o papel voltou a operar no negativo e fechou em queda de 29%, a R$ 0,71. Na mínima do dia, chegou a ter uma derrocada de 36%, a R$ 0,64.

Com isso, em apenas sete pregões, a Americanas passou de um valor de mercado de R$ 10,83 bilhões para modestos R$ 640,8 milhões.

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Antes do anúncio das “inconsistências”, as ações valiam R$ 12 – um tombo de 94,08% no período. A perda em valor de mercado nesse intervalo alcançou cerca de R$ 10,19 bilhões.

“Esperamos que as ações continuem sofrendo com alta volatilidade, já que as medidas de uma RJ normalmente acabam diluindo os acionistas. Além disso, ressaltamos que o processo de uma RJ é demorado, levando no mínimo 2 anos, porém, muitas vezes excede esse prazo, como foi no caso da Oi (OIBR3), em que o processo durou mais de 6 anos. Dentro do processo, os advogados acabam conseguindo dilatar bastante os prazos, e as Assembleias são marcadas e remarcadas
estrategicamente por várias vezes, como forma de manobra para arrastar esse prazo”, destaca a Levante.

Cabe destacar que, ontem, na sequência do pedido de RJ, a agência de classificação de risco Fitch anunciou rebaixamento dos ratings da Americanas de ‘C’ para ‘D’. Já nesta sexta a Moody’s cortou a nota de crédito da Americanas de “Caa3” para “Ca”, bem como das “senior unsecured notes” lastreadas pela JSM Global e B2W Digital Lux, ambas garantidas pela Americanas — o rating foi colocado em observação negativa.

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Já a saída da ação do Ibovespa e de outros índices ocorre uma vez, que de acordo com a metodologia da B3, companhias em recuperação judicial não são elegíveis para fazer parte de nenhum índice. A sua participação é redistribuída de forma proporcional aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores dos índices. As ações seguem sendo negociadas na B3.

Confira no vídeo abaixo o que deve acontecer com as ações da Americanas após o pedido de recuperação judicial:

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Após o pedido de recuperação judicial da Americanas, o JPMorgan suspendeu a cobertura e, consequentemente, a recomendação então underweight (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para os ativos.

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“No geral, a recuperação judicial já era um desfecho esperado e esta condição concede à Americanas 180 dias de suspensão nos pagamentos de dívida (que podem ser prorrogados pelo juiz) enquanto a empresa deve apresentar e negociar um plano de recuperação com seus diferentes stakeholders. De agora em diante, a Americanas deve entrar na discussão legal, provavelmente liderada por sua nova CFO e tendo o Rothschild como conselheiro”, destaca o JP.

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Neste ponto, destaca o JP, a visibilidade sobre o valor do patrimônio líquido é baixo devido às variáveis envolvidas, como 1) tamanho  da injeção de capital, 2) potencial conversão de dívida em patrimônio, 3) potencial de haircut (diminuição de valor) de dívida e 4) resultados operacionais em meio a restrições de crédito, entre outros.

O Goldman Sachs, que também suspendeu a recomendação para a Americanas na última terça-feira, destacou ainda que a empresa terá agora 60 dias para apresentar um primeiro plano de reestruturação, demonstrando a sua própria sustentabilidade financeira, bem como uma avaliação completa dos seus ativos.

Além disso, a Americanas obteve o prazo de 48 horas para mostrar uma avaliação completa de todos os seus passivos pendentes e uma lista completa de todos os seus credores, que totalizam cerca de 16,3 mil entidades. A lista completa é necessária no processo de RJ.

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Histórico dos papéis 

O gráfico abaixo, elaborado pelo TradeMap e que considera o desempenho das ações desde LAME4 (antes da reestruturação, com os papéis AMER3 passando a ser negociados em janeiro de 2021), mostra uma despedida melancólica da ação da companhia no Ibovespa.

A máxima histórica (com ajustes) foi alcançada em 3 de agosto, quando a ação atingiu R$ 122,87 e, desde então, os papéis registraram queda de 99,42%.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.