7 passos para ter um 2021 fantástico financeiramente

Comece o próximo ano com o pé direito: desde montar sua primeira planilha orçamentária e eliminar primeiras dívidas até buscar aplicações mais rentáveis

Mariana Fonseca

(Getty Images)
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SÃO PAULO – Poucos passaram financeiramente ilesos por 2020. A pandemia provocada pelo novo coronavírus quebrou negócios, gerou ondas de demissões e deixou o país com um saldo de mais de 14 milhões de desempregados – o que se reflete em dificuldades financeiras. Mesmo quem manteve a renda e pôde continuar investindo enfrentou uma Bolsa bastante volátil e uma renda fixa com rentabilidade corroída pela inflação.

Um novo ano traz também uma nova esperança de finanças melhores – e passar mais tempo em casa pode ser a oportunidade perfeita para fazer as contas com calma.

O InfoMoney ouviu especialistas em planejamento financeiro para elencar alguns passos para ter um 2021 fantástico financeiramente. As dicas abaixo vão desde as mais básicas, para quem procura sair das dívidas, até as mais avançadas, para quem está de olho nas melhores aplicações e em garantir uma boa aposentadoria.

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1. Faça um planejamento financeiro: objetivos e metas

O primeiro passo para um próximo ano fantástico financeiramente é ter um bom planejamento financeiro. “Cada um deve decidir quais objetivos busca atingir, como estudar, viajar, comprar um carro ou ter a primeira casa”, exemplifica Fábio Gallo, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A partir desses objetivos, você deve estabelecer qual será o caminho traçado para chegar até eles – essas serão suas metas. “Estipule valores e prazos. Com essas informações, você poderá escolher as aplicações financeiras mais adequadas”, diz Gallo.

2. Montar uma planilha com seu orçamento

A execução das suas metas precisa ser acompanhada de perto. Monte uma planilha financeira, com suas receitas e despesas. “’Planilhar’ é um pequeno comportamento que ajudará todo o seu planejamento a partir deste momento”, diz George Sales, professor da Fipecafi. É uma questão de hábito, não de recursos: as transações podem ser registradas no computador, no celular ou até mesmo em um papel.

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Segundo Gallo, a primeira linha desse orçamento familiar deve ser a da poupança para o objetivo que você definiu anteriormente. “Sem motivações claras, as pessoas não cumprem esforços de poupança e de investimento. Sacrifícios que não sejam justificados por um objetivo são logo abandonados.”

3. Estancar dívidas no começo de 2021

Se você tem muitas dívidas, pode ser difícil quitá-las no curto prazo. Mas um bom passo para uma melhor vida financeira é não criar novas pendências já no começo do próximo ano.

Os primeiros meses contam com pagamentos pesados – como IPTU, IPVA e matrículas em escolas particulares. Poucas famílias se preparam para eles, já que não são gastos recorrentes.

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Sales recomenda que trabalhadores celetistas deixem separados os benefícios de final de ano, como 13º salário ou venda de parte das férias, para esses pagamentos. “Tente começar o próximo ano fazendo uma contenção de despesas, com valores emprestados de 2020”.

Caso você tenha o valor cheio de algum pagamento, o professor da Fipecafi recomenda tentar negociar um desconto e comparar a taxa apresentada com o rendimento que você teria caso investisse o valor em aplicações de renda fixa, como títulos de curto prazo atrelados à Selic ou ao IPCA. “Um desconto acima de 4% já seria interessante.”

4. Revisitar gastos recorrentes e não recorrentes

Sales separa gastos em duas categorias: pagamentos recorrentes e não recorrentes. Despesas recorrentes são aquelas que você paga mensalmente, como um aluguel ou uma conta de luz. Já as não recorrentes costumam ser atreladas a um consumo sazonal, como comprar uma televisão que está em promoção.

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Em 2021, revisite seus gastos nas duas categorias. Cancelar uma academia ou um streaming que você não usa terá impacto positivo no orçamento todos os meses.

Outras pessoas têm poucas despesas fixas, mas acabam cedendo a compras imprevistas. “Adquirir bens de consumo sem ter condições é complicado. Se esse valor for parcelado pode impactar diversos meses”, alerta Sales. Quem está endividado deve reconsiderar gastos recorrentes e interromper completamente os gastos não recorrentes, recomenda o professor da Fipecafi.

5. Fugir do cheque especial como parte do orçamento

Se você tem o hábito de considerar o limite do cheque especial (crédito automático, usado quando a conta entra no negativo) como parte da sua capacidade de pagamentos, um dos passos para um 2021 fantástico financeiramente é abandonar essa ilusão. “Utilizar esse limite leva ao pagamento de juros do cheque especial, que são altíssimos”, diz Sales.

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Segundo o Banco Central, a taxa média de juros do cheque especial ficou em 112,9% ao ano em outubro de 2020. Procure modalidades de financiamento com taxas menores, como o crédito consignado (aquele que tem desconto direto na folha). De acordo com o BC, a taxa média de juros nessa modalidade ficou em 30% ao ano, também em outubro de 2020.

Não são poucos os brasileiros com contas no vermelho. Cerca de 11,2 milhões de famílias estão endividadas nas capitais do país, de acordo com um levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Dentre as famílias que vivem em capitais, 67,4% estavam endividadas no final do primeiro semestre – ante 64,1% em 2019.

6. Conhecer mais e investir melhor

Os brasileiros aproveitaram a pandemia para poupar. Entre janeiro e outubro deste ano, os aportes na caderneta de poupança superam os resgates em R$ 144,2 bilhões. O problema é que, com a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano, a poupança está rendendo apenas 1,4%. Essa taxa perde para a rentabilidade das demais aplicações financeiras e, inclusive, para a inflação.

Um bom passo para ter um próximo ano fantástico financeiramente é justamente conhecer mais sobre investimentos. Já são mais de 3 milhões de investidores pessoa física na B3, a bolsa de valores brasileira.

“Desde o ano passado, e neste em particular, o brasileiro está aprendendo a investir em um cenário de juros baixos. Ele teve de olhar para outros ativos e começar a lidar com renda variável”, diz Gallo. “O Brasil deverá manter uma Selic baixa, ainda que possa ser um pouco maior do que a que vemos hoje. Você terá de estudar mais sobre riscos e retornos de cada ativo para se organizar, ter retornos melhores com um grau de risco aceitável e atingir seus objetivos.”

Sales recomenda montar uma carteira que tenha como primeiro objetivo superar a inflação. Os preços de maneira geral aumentaram nos últimos meses, e os indicadores inflacionários devem continuar crescendo.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou inflação de 0,89% em novembro na comparação com outubro. Foi o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o indicador foi de 1,01%.

“Fique de olho nos repiques inflacionários. Para isso, aposte em aplicações que pagam juros mais a correção pela inflação”, aconselha o professor da Fipecafi. Veja alguns ativos com ganhos reais indicadores por especialistas ouvidos pelo InfoMoney.

O vídeo abaixo traz dicas para quem quer começar a investir.

7. Viver com apenas uma parte da sua renda

Tão importante quanto se livrar das dívidas é ter uma reserva que impeça a criação de novos débitos. Separe uma parte do seu orçamento para investir em uma reserva para emergências e, depois, em uma renda recorrente que facilite sua aposentadoria.

Quanto do salário poupar para esse objetivo? Sales lembra que a porcentagem deve ser adaptada à sua situação atual. Quite dívidas. Depois, comece poupando 5% da sua renda. Vá aumentando a porcentagem de acordo com a revisão de gastos recorrentes e não recorrentes, eventuais aumentos de renda e leve em consideração também a satisfação quanto ao seu estilo de vida.

“Existe um padrão ideal, voltado para o longo prazo. Existe também o padrão corrente, voltado para o curto prazo. Você deve estabelecer metas coerentes para cada horizonte”, alerta Sales. “Muita gente desiste pela frustração de não bater objetivos muito ambiciosos, mas é preciso aprender a se sentir feliz por ter poupado mais do que antes, nem que seja apenas 5% da renda a mais. Tornar sua vida uma cobrança pode fazê-lo adoecer.”

Veja a seguir como montar uma reserva de emergência.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.