Entrar no mercado financeiro abre um grande leque de possibilidades para rentabilizar o seu capital. Existem, é claro, operações com níveis de dificuldade e risco diferentes, mas, em linhas gerais, a tendência é que cada vez mais instrumentos fiquem disponíveis para tipos distintos de investidores.

As opções, por exemplo, têm se popularizado nos últimos anos. Elas representam um contrato que dá ao seu titular o direito de comprar ou de vender um determinado ativo por um valor determinado em uma data específica do futuro. É um tipo de derivativo, pois o preço de uma opção “deriva” do preço do ativo a que ela está atrelada.

Existem opções sobre diversos tipos de ativos. No Brasil, o mercado mais volumoso e conhecido é o de opções de ações, negociadas na B3, mas há também opções sobre moedas, sobre contratos futuros de juros, entre outras. E, diferente do que foi dito durante muito tempo, podem sim ser utilizadas por quem está começando.

Essas operações são montadas por investidores para amplificar seus ganhos na bolsa, respeitando seus riscos potenciais. Pensando nisso, foram desenvolvidas ferramentas para aumentar a previsibilidade do procedimento e limitar as possibilidades de perda, como é o caso das travas.

O que é trava de alta?

As travas de alta, especificamente, são operações estruturadas (pois utilizam duas ou mais opções) para controlar, na medida do possível, os resultados de um investimento. Como o próprio nome indica, elas servem para gerar lucros limitados caso o preço do ativo em questão suba.

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Ou seja, é estabelecido um teto para o que se pode ganhar na operação. Mas, em compensação, possíveis perdas envolvidas no processo são mínimas e também previamente estipuladas, sem que precise haver custódia dos papéis em si. A palavra de ordem é oportunidade.

Su Choung Wei, analista de Investimentos e professor de finanças, mostra isso e muito mais no curso gratuito As sementes do dinheiro. Nele, você pode ter acesso ao conhecimento necessário para transformar as opções em fonte recorrente de ganhos. Veja abaixo alguns conceitos sobre travas de alta.

Como montar uma trava de alta com opções de compra (CALL)

Para montar uma trava de alta de opções de compra, o investidor precisa comprar uma opção dentro do dinheiro (do inglês in the money, sigla ITM)* e, ao mesmo tempo, estruturar a venda de uma call com preço fora do dinheiro (do inglês out of the money, sigla OTM) e com a mesma data de vencimento.

Com isso, é possível saber o prejuízo máximo da operação previamente: como o investidor não é dono do papel, só paga pela estruturação e prêmio cobrado pelas calls em questão. O ganho máximo, por outro lado, corresponde à diferença entre os preços de exercício das duas opções.

Exemplo: no final de julho de 2021, e sem grandes ocorrências internas na empresa, ITUB4 tinha caído de R$ 31,50 para menos de R$ 29. Acompanhando o movimento, investidores entraram comprados em uma opção com valor de R$ 30,03 e vendidos em outra, com strike em R$ 31,03.

O diferencial de preço por opção, que era de R$ 0,16 no momento da compra, subiu para mais de R$ 0,55 (aqui está o lucro) com a recuperação da empresa. Ou seja, o risco era perder os R$ 0,16 centavos e o potencial máximo dessa trava era o resultado de R$ 1 (R$ 31,03 – R$30,03).

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Como montar uma trava de alta com opções de venda (PUT)

A trava de alta com opções de venda, por outro lado, é estabelecida de forma inversa. O investidor precisa vender uma opção mais dentro do dinheiro (do inglês in the money, sigla ITM) e, ao mesmo tempo, estruturar a compra de outra com preço mais fora do dinheiro (do inglês out of the money, sigla OTM) e com a mesma data de vencimento.

Isso porque, ao utilizar pelo menos duas PUTs neste formato de investimento, o investidor estará basicamente realizando uma operação de crédito. A ideia é que se receba mais pelo ativo vendido do que será pago pela opção comprada, ou seja, a ideia é que o lucro venha com a estruturação da trava.  

No entanto, o analista de Investimentos e professor de finanças Su Choung Wei afirma que essa é uma estratégia que não dá certo no Brasil, por conta das características da nossa taxa de juros. O tempo está sempre contra o investidor, que tem muita dificuldade de saída quando a operação dá errado.

Quais as diferenças entre uma trava de alta e uma trava de baixa?

A trava de baixa também se trata de uma operação de tendência. Mas ao contrário da trava de alta, deve ser montada quando ocorre uma subida brusca de um ativo ou quando existe uma expectativa de queda no preço do ativo subjacente até a data do vencimento. 

Para montar a operação, é necessário vender uma opção de compra dentro do dinheiro ou até mesmo fora do dinheiro. Simultaneamente, o investidor deve comprar uma opção de compra com preço de exercício maior e com a mesma data de vencimento.

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O maior ganho possível corresponde ao spread recebido no momento em que a operação é montada. Já a perda máxima é equivalente à diferença entre os preços de exercício das opções de compra, menos o spread da montagem da operação.

Como calcular uma trava de alta

Exemplo: um ativo Alfa caiu quatro dias seguidos (Regra 1) e está custando R$ 24. Dado os preços AlfaA25 = R$ 0,30 (Regra 2) e AlfaA26 = R$ 0,14 (Regra 3), a compra de AlfaA25 e a venda de AlfaA26 custarão R$ 0,16 por opção (o que se encaixa na Regra 4, que permite um gasto de até R$ 0,25 neste caso).

O potencial máximo de ganho da operação será de R$ 1,00 (R$ 26-R$ 25). Deste modo, apesar da possibilidade de perda total, o potencial de ganho no médio prazo deve superar em muito as perdas.

Como desmontar uma trava de alta

Uma operação de trava de alta pode ser desmontada (ou concluída) em dois momentos: antes do vencimento das opções, procedimento mais indicado na maioria dos casos, ou no vencimento das mesmas.

Para que o processo seja realizado antes do exercício dos ativos, é preciso realizar a operação inversa à montagem. Isso é, comprar a opção que havia sido vendida e vender a que havia sido comprada. Como o processo envolve sempre mais de um ativo, também se torna possível uma desmontagem parcial.

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Quando as opções chegam ao dia do vencimento, o investidor fica impossibilitado de  negociá-las e precisa fazer o exercício das mesmas para obter lucro. Isso não é exatamente um problema, mas há custos operacionais envolvidos na conclusão do processo, o que diminui a margem de lucro. 

O que significa uma trava de alta virar pó?

Pense em uma opção de compra de uma ação com um preço de exercício de R$ 20. Para comprá-la, o investidor precisou desembolsar, digamos, R$ 0,10 por papel. De maneira geral, essa opção só terá sucesso se a ação estiver cotada acima de R$ 20, possibilitando o seu exercício.

No entanto, se ao longo do período de vigência da opção a ação permanecer cotada abaixo de R$ 20, ela perde a serventia. Afinal, seria mais vantajoso comprar os papéis diretamente no mercado a R$ 18 ou R$ 15, do que acionar as opções para comprá-los por um preço mais caro do que esse. Nesse caso, os R$ 0,10 investidos para comprar as opções “virariam pó”, como se diz no jargão no mercado. O prejuízo seria de 100%.

Por isso, é importante ressaltar que o mercado de opções é voltado para investidores já bem ambientados à bolsa e aos outros ativos de renda variável, com perfil de risco agressivo. Ele envolve riscos que alguém sem experiência teria muitas dificuldades para dimensionar.

Glossário

*ITM – In the money

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Quando dizemos que uma opção está dentro do dinheiro (in the money, ITM), isso quer dizer que a ação em questão está sendo negociada no mercado à vista por um preço maior do que o exercício da opção. Neste caso, trata-se de um papel atrativo para venda ou, caso esteja vencendo, para ser exercido.

ATM – At the money

Uma opção está no dinheiro (at the money, ATM) quando o seu preço é equivalente ao da ação que está sendo negociada no mercado à vista.

OTM – Out of the money

O termo fora do dinheiro (out of the money, OTM) é utilizado para caracterizar opções em que as ações correspondentes são estão sendo negociadas no mercado à vista por um preço menor do que o exercício da opção. Estes ativos vão perdendo valor com o tempo e, caso cheguem à validade sem alcançar o objetivo, viram pó.