Se você já leu outros guias de investimentos aqui do InfoMoney, deve lembrar que os fundos são ferramentas ideais para quem quer uma gestão profissional dos recursos. Num fundo – que funciona como uma espécie de “condomínio” de investidores – um gestor se responsabiliza por encontrar e fazer as melhores aplicações. Mas nem sempre os fundos investem diretamente nas ações, nos títulos públicos ou em outros papéis. Eles podem investir nas cotas de outras carteiras. Isso é o que são fundos de fundos, ou FOFs.

O InfoMoney juntou aqui as principais informações que você precisa conhecer para entender melhor as características e como funciona um FOF. Você também vai conhecer os detalhes, as vantagens e os cuidados que esse tipo de investimento exige. Confira:

O que são FOFs?

Os FOFs têm essa sigla simpática porque, em inglês, os fundos de fundos são chamados de “funds of funds”. Eles são carteiras que, no lugar de investir diretamente em ativos finais, aplicam nas cotas de outros fundos. O objetivo é oferecer, por meio de um único veículo, acesso a estratégias vantajosas do ponto de vista de risco e retorno para os investidores.

Quando aplicam em cotas de fundos administrados por vários gestores diferentes, os FOFs também podem ser chamados de fundos multigestores. Não são exatamente sinônimos, já que um FOF poderia investir em carteiras administradas por um gestor apenas, mas conceitos que caminham junto.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Você talvez já tenha percebido que os nomes oficiais dos FOFs geralmente incluem a expressão “FIC” ou “FICFI”. Trata-se de uma sigla para “fundo de investimento em cotas de fundos de investimento”. É dessa forma que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) chama os fundos que, em vez de investir diretamente em ações, títulos públicos ou qualquer outro tipo de ativo, aplicam os recursos dos investidores em cotas de outros fundos de investimento.

Pela regra geral do regulador, pelo menos 95% do patrimônio de um FIC precisa ser investido em cotas de outros fundos. Outra norma é a de que esses fundos sejam classificados seguindo a mesma lógica dos fundos de investimento em geral, podendo aplicar nas cotas de produtos da mesma categoria, segundo o livro TOP – Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro.

Um detalhe: os FIC Multimercado, por conta da sua principal característica – a de que eles podem investir em diferentes tipos de ativos – podem aplicar em fundos de qualquer tipo (e não apenas em outros multimercados).

É importante ressaltar que algumas instituições financeiras usam os FICs para distribuir um mesmo fundo a investidores de diferentes perfis, em uma estrutura conhecida como “Master & Feeder”. Nesse sistema, o Master é o fundo principal, que realiza os investimentos diretamente nos ativos. Já o Feeder é um FIC que aplica apenas nas cotas do fundo Master.

Mas qual é o sentido de desenvolver uma estratégia de Master & Feeder? Para as instituições financeiras, a vantagem está na possibilidade de cobrar taxas de administração diferentes no Feeder, de acordo com o público que deseja atingir. Um banco, por exemplo, pode criar um Feeder destinado ao público de varejo com uma determinada taxa de administração. Já para os seus clientes do segmento de private banking, pode criar um segundo Feeder – do mesmo fundo Master – com uma taxa de administração diferenciada.

Nesse exemplo, tanto os clientes de varejo quanto os de private banking teriam acesso à mesma estratégia de investimento – a do fundo Master. O valor que pagariam em taxa de administração, porém, seria distinta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além de possibilitar estratégias comerciais diferentes para cada público, a estrutura Master & Feeder também facilita o trabalho de gestão das carteiras pelas instituições financeiras. Isso porque os gestores ficam focados apenas no Master, enquanto os Feeders apenas replicam a estratégia.

Como funcionam?

Na prática, um FOF funciona de maneira parecida com outros fundos. Os investidores aplicam seus recursos nas carteiras que preferem, de acordo com as suas características e riscos. Com o conjunto desses recursos nas mãos, o gestor realiza aplicações – nesse caso, comprando cotas de outros fundos que façam sentido diante da estratégia descrita na sua política de investimentos.

A grande diferença está no fato de que o gestor de um FOF não escolhe os ativos finais para investir. Em vez de olhar para o desempenho de ações específicas ou títulos emitidos por bancos, seu foco está voltado para o desempenho de outros fundos. Cabe ao gestor do FOF avaliar o desempenho dos gestores dos fundos que está interessado em comprar, a consistência dos seus resultados e o nível de risco envolvido na aplicação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Depois de analisar esses fatores de mercado e também características específicas de cada carteira, como eventuais carências e prazo para resgate, o gestor escolhe os fundos que lhe parecem os melhores e compra suas cotas com os recursos aplicados pelos investidores no FOF.

Tipos de FOFs

Os investidores podem encontrar fundos de fundos de diferentes tipos, seguindo a mesma classificação tradicional dos fundos. Assim, é possível que existam FOFs de ações e de renda fixa, por exemplo, entre muitos outros.

No entanto, esse tipo de estratégia é particularmente comum no caso dos fundos multimercados e também nos imobiliários. São duas categorias em que a diversificação é considerada um valor importante, o que dá mais força para os FOFs.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vantagens e riscos de investir em FOFs

Como qualquer outro investimento, um FOF apresenta algumas vantagens e também demanda certos cuidados. Entre as vantagens dos fundos de fundos, a de maior destaque é a diversificação. Isso porque aplicando nas cotas de apenas um fundo o investidor pode ter acesso a diversos outros fundos – todos aqueles em que o FOF investe.

Quando não se trata de uma estratégia de Master & Feeder, isso significa que o investidor pode estar aplicando indiretamente nas cotas de dois, cinco, dez, 15, 20 ou até mais fundos ao mesmo tempo. Dessa forma, os riscos relacionados à gestão do fundo são reduzidos em um FOF, em relação a outros fundos, cujas aplicações são decididas por um único gestor. O FOF, embora também seja administrado por um só gestor, aplica nas carteiras de muitos outros.

Além disso, os fundos incluídos em um FOF podem apresentar performances diferentes em cada momento – o que significa que quando um vai mal, é possível que outro esteja indo bem, compensando eventuais perdas. A diversificação também possibilita ter esse nível adicional de segurança em relação às aplicações.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já o principal cuidado que um investidor deve ter ao aplicar em um FOF é avaliar criteriosamente os custos. A gestão profissional dos fundos é remunerada pela taxa de administração, um percentual (normalmente anual) do patrimônio que é pago para quem administra a carteira.

Ocorre que além da taxa de administração do próprio FOF, um fundo desse tipo também embute as taxas de administração das carteiras nas quais investe. Dependendo de quanto uma ou as outras custarem, o impacto sobre a rentabilidade final obtida pelo investidor pode acabar sendo relevante.

Como investir em FOFs

Ficou interessado em FOFs agora que leu esse guia? Investir neles costuma ser simples. O mais importante é que você esteja seguro de que seu próprio perfil de risco condiz com o tipo de fundo de fundos – seja de renda fixa, ações, multimercado ou imobiliário – em que gostaria de aplicar. O passo seguinte é procurar uma instituição financeira que tenha FOFs incluídos na gama de produtos que oferece aos seus clientes.

Diante das opções que estiverem disponíveis, procure identificar aquelas que estejam adequadas a seus objetivos financeiros. Avalie criteriosamente os objetivos da carteira. Depois, busque saber quais são todos os fundos que têm cotas compradas pelo FOF. Verifique se as suas estratégias de investimento estão de acordo com a política divulgada pelo FOF.

Você pode buscar informações sobre os gestores, a performance e os riscos de cada fundo incluído no FOF, se forem poucos. Se forem muitos, peça ajuda à sua instituição financeira para entender os detalhes das carteiras e como elas se correlacionam entre si.

Por fim, avalie os custos de taxa de administração e o histórico de rentabilidade. Só então, de maneira embasada, tome uma decisão. E bons investimentos!