Aportar em ativos de risco traz naturalmente duas possibilidades ao investidor: buscar retornos maiores e, ao mesmo tempo, se expor a perdas de igual magnitude. Muito por conta disso, agentes com vivência de mercado buscam, sempre que possível, maximizar seus ganhos em produtos que estejam entregando essa rentabilidade acima da média.
Nessa linha, uma forma muito comum de buscar este objetivo é através da alavancagem financeira. O termo em si é amplo e utilizado para denominar técnicas utilizadas por grandes investidores e até empresas para multiplicar a rentabilidade através de endividamento. Na prática, é um instrumento acessível.
O que é alavancagem financeira
Partindo do princípio que uma alavanca é utilizada, entre outras coisas, para suspender algo pesado utilizando menos força, já começamos a entender o racional da ferramenta. No mundo dos investimentos, isso quer dizer aplicar em ativos utilizando uma ajuda (neste caso capital) externa.
Na prática, o investidor vai realizar uma operação com um valor maior do que o que tem disponível no seu ‘caixa’, podendo assim aumentar, em caso de sucesso, os seus ganhos. Mas cuidado. Em caso de perdas, o prejuízo atrelado ao movimento também será proporcionalmente maior.
Como funciona a alavancagem
Se você encontrou semelhanças com operações de crédito, como as que os bancos oferecem, está no caminho certo. Neste caso, a maioria das corretoras oferece o serviço no próprio home broker, permitindo que o cliente movimente, em média, até 20 vezes o capital disponível na conta.
É possível utilizar o recurso com ações, através da Bovespa, e com contratos ou minicontratos de dólar e de índice, na BM&F. O investidor precisará, no entanto, disponibilizar uma garantia para a operação, seja em dinheiro ou através de outros ativos, como títulos do Tesouro.
A ideia é simples: caso o investidor identifique uma operação com boa margem de sucesso mas não possua muita liquidez para realizá-la, pode pleitear recursos adicionais e aumentar sua margem de lucro. Sua obrigação, por outro lado, é devolver a quantia no prazo acordado (normalmente no final do mesmo pregão). Caso não consiga honrar o compromisso, há incidência de juros.
Tipos de alavancagem
Day trade
Como o próprio nome diz, são operações curtas, iniciadas e encerradas no mesmo dia. A ideia é capturar um movimento de curto prazo no mercado e lucrar rapidamente em cima disso. Neste caso, a alavancagem serve para aumentar o número de operações e o tamanho de cada uma delas, maximizando possíveis retornos.
Mercado futuro
Neste caso, o investidor estará negociando contratos futuros de ativos como commodities, índices e dólar, apostando na sua valorização ou queda em uma data x. Aqui, a alavancagem pode dar mais espaço para que o investidor seja versátil e diversifique cada vez mais sua carteira.
Venda a descoberto (short selling)
A venda a descoberto, também conhecida como short selling, pressupõe uma lógica contrária, ou seja, o investidor vai buscar rentabilidade na queda de uma ação, por exemplo. Para isso, precisa vender o ativo sem tê-lo em seu portfólio e recomprá-lo quando estiver mais barato. Mas, se não conseguir concluir a operação no mesmo pregão, o investidor terá que alugar o mesmo papel de alguém que efetivamente o possua.
Grau de alavancagem
O grau de alavancagem (GAF) é um indicador que mostra a exposição de uma empresa ao capital de terceiros. Ou seja, a partir do momento em que uma companhia pediu um empréstimo, está alavancada, e quanto mais dívidas houver na operação, maior é o grau de alavancagem. O mesmo serve para o investidor que utiliza créditos de uma corretora.
Como calcular a operação
Existem, então, fórmulas que permitem calcular esse nível de alavancagem corporativa. Mas, para os investidores, interessa mesmo saber como se dá o processo no momento do aporte e da realização.
Se um investidor tem R$ 5 mil em conta e a corretora permite alavancagem de 20 vezes, terá R$ 100 mil para investir no(s) ativo(s) escolhido. Partindo do princípio que este ativo subiu 1% enquanto estava comprado, o lucro da operação será de R$ 1 mil. Da mesma forma, se o papel se desvalorizar 2%, o prejuízo é de R$ 2 mil.
Para calcular a alavancagem neste caso, divide-se a garantia (soma da custódia em ações, Tesouro Direto e saldo em conta corrente) pelo valor de margem de cada contrato.
Vantagens da alavancagem
Como já concluímos acima, e caso sejam tomados os cuidados necessários, trata-se de uma grande oportunidade de multiplicação de patrimônio em curtíssimo prazo, permitindo que o investidor consiga acessar margens de rentabilidade inalcançáveis com seu próprio capital.
Riscos da alavancagem
O outro lado da moeda. Se permite lucros maiores, também desencadeará prejuízos maiores se os ativos alvo dos investimentos não se valorizarem no período estipulado. Aqui, fica claro que é preciso ter um conhecimento profundo de mercado para realizar operações do gênero com sucesso.
Como evitar os riscos da alavancagem
Informação é a palavra de ordem. Primeiramente, certifique-se que a modalidade se encaixa no seu perfil de investidor e que você conhece os ativos ou mercados em que quer aportar valores de maior magnitude. Garanta também, na medida do possível, que o movimento do ativo será realmente o que você imagina que vai ser.
Além disso, é de suma importância que você já tenha um volume considerável de investimentos voltados para prazos mais longos antes de buscar estes movimentos mais curtos. Isso te protegerá de possíveis erros no curto prazo e manterá seu portfólio diversificado, aumentando, no final das contas, os ganhos.