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SÃO PAULO – Cerca de dez minutos após a aprovação do uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o governo de São Paulo realizou, em uma cerimônia simbólica no Hospital das Clínicas neste domingo (17), a primeira vacinação do país fora dos testes de estudos clínicos. Logo em seguida, o governo paulista anunciou que a vacinação no estado será iniciada nesta segunda-feira (18), com a aplicação da CoronaVac, imunizante da farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolvida no país pelo Instituto Butantan.
A primeira pessoa vacinada do país foi a enfermeira Mônica Calazans, da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, que recebeu a dose da vacina CoronaVac por volta das 15h30 deste domingo. “Quem cuida do outro tem que ter determinação, não tem que ter medo”, disse Mônica após a vacinação, em transmissão feita pela internet.
A prioridade do Plano Estadual de Imunização (PEI), conforme anunciado anteriormente, serão os profissionais da saúde. Segundo o governo paulista, a partir desta segunda-feira (18), entra em operação o plano logístico de distribuição de doses, seringas e agulhas, com envio das grades para imunização de trabalhadores de saúde de seis hospitais de referência do estado: Hospital das Clínicas de São Paulo e de Ribeirão Preto (USP), HC de Campinas (Unicamp), HC de Botucatu (Unesp), HC de Marília (Famema) e Hospital de Base de São José do Rio Preto (Funfarme).
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As unidades foram selecionadas para a fase inicial porque são hospitais-escola regionais, com maior fluxo de pacientes. Os seis hospitais citados devem iniciar nesta semana a vacinação de suas equipes, que totalizam 60 mil trabalhadores.
Após a vacinação desse grupo formado por 60 mil profissionais de saúde, o próximo passo será o envio das vacinas e insumos a polos regionais para redistribuição às prefeituras. Novamente, as prefeituras devem priorizar a vacinação de profissionais de saúde que atuam no combate à pandemia, conforme a recomendação do governo estadual.
Os municípios também deverão imunizar nessa primeira fase a população indígena, com apoio de equipes da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Cada hospital será responsável pelo preenchimento dos sistemas de informação oficiais definidos pela secretaria da Saúde para monitoramento da campanha.
“Hoje é o dia ‘V’, dia da verdade, dia da vacina, dia da vida”, disse o governador João Doria na coletiva de imprensa realizada para anunciar o início da vacinação. O anúncio foi marcado por várias críticas do governador ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Ao longo dos últimos meses, o governo estadual e federal travaram uma disputa na corrida pelas vacinas.
Site de cadastro para receber a vacina
Também neste domingo, o governo estadual disponibilizou um site para realização do pré-cadastro para recebimento da vacina.
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Na página inicial, o site apresenta a seguinte mensagem: “Público alvo da 1ª fase da vacinação: Trabalhador da saúde / Grupos indígenas ou quilombolas”. E em seguida, diz: “Se você se encaixa em um desses grupos, faça seu cadastro”. Ou seja, o cadastro é recomendado, por enquanto, a profissionais de saúde e indígenas ou quilombolas.
O site de cadastro, que também irá informar os locais de vacinação, pode ser acessado neste link.
Mais detalhes nos próximos dias
Na coletiva realizada neste domingo, o governo de São Paulo divulgou apenas parte das informações sobre a distribuição das vacinas. Mais detalhes sobre os grupos prioritários, próximos passos da vacinação, horários e logística devem ser divulgados pelo governo estadual nos próximos dias.
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Segundo informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o Hospital das Clínicas será o primeiro local a aplicar a CoronaVac. De acordo com a coluna, a instituição reservou um espaço de 1.000 m² do Centro de Convenções Rebouças, situado no complexo hospitalar, para a campanha e instalou 30 estações de vacinação que funcionarão 12 horas por dia, das 7h às 19h.
A CoronaVac apresentou uma eficácia global de 50,38%, acima do percentual mínimo de 50% exigido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para distribuição de um imunizante à população. Inicialmente, o Instituto Butantan havia informado que a vacina é 78% eficaz em casos leves e 100% em casos graves. Entenda as diferenças entre as taxas e por que a metodologia da CoronaVac não é comparável à de outras vacinas, como as da Pfizer e AstraZeneca, que apresentaram taxas de eficácia acima de 90%.
Cerca de 1,4 milhão de doses da CoronaVac permanecerão em SP
De acordo com o Plano Nacional de Imunização (PNI), que define as diretrizes nacionais de imunização, como o estado de São Paulo corresponde a cerca de 20% da população nacional, o governo paulista teria direito a cerca de 1,4 milhão de doses, dentre as 6 milhões que o Instituto Butantan já dispõe.
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Essas doses, portanto, permanecerão no estado para a vacinação, que será iniciada nesta segunda-feira. As outras cerca de 4,6 milhões de doses restantes sairão para distribuição aos demais estados, segundo informou o governador João Doria na coletiva deste domingo.
O governo de São Paulo disse que a divisão das grades de vacinação considerou o percentual de vacinas esperado para São Paulo, conforme o PNI, e que o total de 1,4 milhão de doses foi calculado com base na última campanha de vacinação contra a gripe. O estado disse ainda que a campanha de imunização em São Paulo será desenvolvida segundo a disponibilidade das remessas do órgão federal.
“À medida que o Ministério da Saúde viabilizar mais doses, as novas etapas do cronograma e públicos-alvo da campanha de vacinação contra a COVID-19 serão divulgadas pelo Governo de São Paulo”, disse o governo de SP em nota.
Na sexta-feira (15), o Ministério da Saúde chegou a determinar ao Instituto Butantan o envio imediato das 6 milhões de doses. Logo em seguida, o Butatan disse que “enviou resposta perguntando à pasta federal qual quantitativo será destinado ao Estado de São Paulo”.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também realizou uma coletiva de imprensa neste domingo para informar que a vacinação nacional contra a Covid-19 será iniciada na quarta-feira (20), às 10h. Segundo o ministro, as doses começarão a ser entregues aos estados a partir das 7h desta segunda, com apoio do Ministério da Defesa, com deslocamento aéreo.
Mais informações sobre o plano estadual
Anteriormente, ao detalhar o Plano Estadual de Imunização, o governo de São Paulo já havia informado que os 5,2 mil postos de vacinação já existentes espalhados por todo o estado serão ampliados para um total de 10 mil. O plano prevê uso de escolas, quartéis da Polícia Militar, estações de trem e terminais de ônibus, farmácias e sistemas drive-thru para agilizar a aplicação do imunizante.
Na ocasião, o governo paulista disse ainda que a perspectiva inicial é de atendimento das 8h às 22h de segunda à sexta-feira, e das 8h às 18h aos sábados, domingos e feriados, mas estratégias complementares poderão ser definidas com os prefeitos quando a campanha de fato se iniciar.
O estado havia informado que irá mobilizar 77 mil funcionários para que o plano de vacinação possa ser iniciado. Desses, 52 mil são profissionais da saúde e 25 mil são policiais, que irão atuar na campanha estadual desde as etapas de armazenamento, envio de doses e insumos às regiões e municípios, até a aplicação das vacinas nos postos.
As doses têm como ponto de partida o Instituto Butantan e serão acondicionadas inicialmente no Centro de Distribuição e Logística (CDL) do estado de São Paulo. A partir dele, remessas semanais das doses serão distribuídas pelo estado, com entregas diretamente a 200 municípios mais populosos e retiradas em 25 Centros de Distribuição regionais para as demais cidades. As prefeituras, por sua vez, deverão garantir abastecimento nos postos de vacinação.
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