Publicidade
Os riscos fiscais seguem relevantes no Brasil e o cenário macroeconômico global tem se deteriorado, mas tanto o Sistema Financeiro Nacional (SFN) como instituições financeiras das principais economias seguem resilientes. Essa é conclusão do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), publicação semestral do Banco Central do Brasil (BC), divulgado nesta terça-feira (3).
O relatório, que apresenta um panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil, afirma que a evolução do SFN está em linha com o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) e que essa percepção de resiliência está em linha com a opinião dos agentes do mercado financeiro.
“Para os profissionais do SFN consultados, aumentou o grau de confiança na resiliência do Sistema, assim como a percepção de recuperação da atividade econômica”, diz o texto.
Continua depois da publicidade
Segundo o BC, as instituições financeiras avaliam que os riscos fiscais seguem relevantes, refletindo preocupações com as medidas recentes e as incertezas relacionadas ao próximo mandato presidencial. No âmbito global, há uma percepção de deterioração, com preocupações com a manutenção da política de covid zero e a contração do mercado imobiliário na China, e consequências do conflito geopolítico para a inflação e para a economia na Europa.
O diagnóstico é que a inflação global permanece alta, levando a maioria dos bancos centrais, inclusive o Federal Reserve (Fed), a intensificar o aperto na política monetária. “Em consequência, as condições financeiras globais têm se tornado mais restritivas, causando aumento na volatilidade nos mercados, reprecificação de ativos e aumento dos custos de financiamento”, comenta o relatório do BC.
“Entretanto, testes de estresse realizados pelas jurisdições indicam que o sistema financeiro global permanece preparado para suportar choques adicionais, o que minimiza a preocupação levantada na pesquisa com cenário externo”, pondera o relatório.
Continua depois da publicidade
Segundo o BC, o crescimento do crédito amplo continuou condizente com os atuais fundamentos econômico e o crédito bancário para pessoas físicas (PFs) manteve o alto ritmo de crescimento, sobretudo no crédito não consignado e no cartão de crédito.
Já o crédito às micro, pequenas e médias empresas também seguiu crescendo forte, em especial para financiar capital de giro nas microempresas e investimento nas companhias de médio porte. As empresas de maior porte, por sua vez, continuaram acessando principalmente o mercado de capitais, mas voltaram a incrementar operações com o sistema bancário.
Sistema bancário
A liquidez mantém-se resiliente em todo o sistema bancário, em patamar compatível com o balanço de riscos, diz o relatório. “O Sistema Bancário permanece com nível de liquidez confortável para manutenção da estabilidade financeira e o regular funcionamento do sistema de intermediação. Os bancos seguem otimizando sua gestão de liquidez com o objetivo de eliminar excessos e de se adequar às atuais condições de mercado e à concorrência por funding”, afirma.
Continua depois da publicidade
Ainda segundo o BC, o sistema tem mantido ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação. “A estrutura de capital e as captações com prazos mais longos permaneceram em patamar adequado para o financiamento dos ativos de longo prazo, em particular o crescimento do crédito. Por fim, o BC instituiu com sucesso, a partir de novembro de 2021, uma nova Linha Financeira de Liquidez (LFL) com garantia de títulos privados, gerando uma nova fonte de liquidez e suporte adicional à estabilidade financeira.”
O BC também diz que as captações voltaram a crescer pelo segundo semestre consecutivo. “O semestre foi caracterizado por um incremento na procura por ativos mais rentáveis e com prazos mais longos, pela manutenção do comportamento de convergência de taxas praticadas pelos diversos segmentos e pela estabilidade no estoque de funding vindo do mercado externo.”