Setor de serviços tem nova queda, de 0,3% setembro, e frustra expectativas

Dados divulgados hoje ficaram abaixo da estimativa de analistas: o consenso Refinitiv previa crescimento de 0,3% na leitura mensal

Roberto de Lira

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O volume do setor de serviços no Brasil caiu 0,3% em setembro em relação a agosto, após ter apresentado forte recuo de 1,3% (revisada) no mês anterior, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda é de 1,2%.

No indicador acumulado do ano, o volume de serviços tem alta de 3,4% frente ao mesmo período de 2022. Já o acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento é de 4,4%.

Os dados divulgado hoje ficaram abaixo da estimativa de analistas, segundo o consenso Refinitiv, que previa crescimento de 0,3% na leitura mensal e alta de 0,5% na anual.

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Com o resultado, o setor de serviços está 10,8% acima do nível de pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 2,6% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em dezembro de 2022.

Três das cinco atividades da PMS tiveram queda no mês, com destaque para o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares, que recuaram de 1,1%, influenciado pela menor receita vinda das atividades: jurídicas, de limpeza e de serviços de engenharia.

“Houve apenas uma movimentação natural do conjunto de empresas que compõe esses segmentos, não identificamos nenhum componente especial que tenha motivado a queda do setor”, afirma Rodrigo Lobo, analista da pesquisa.

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Ele destacou ainda que setembro foi o terceiro mês de menor receita na prestação de serviços no ano, na frente apenas do período de janeiro e abril.

Ainda segundo Lobo, outra queda que chamou a atenção no mês foi a de informação e comunicação , que recuou 0,7% e emplacou o terceiro revés consecutivo, acumulando perda de 1,7% no período entre julho e setembro. Houve pressão principalmente do setor de suporte técnico, manutenção e outros serviços em TI.

Já em transportes (com queda de -0,2%), o ligeiro decréscimo foi influenciado pelos setores de transporte rodoviário de carga, o principal segmento desse grupo e um dos maiores pesos da pesquisa, seguido por transporte aéreo de passageiros.

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“Neste ramo, o resultado foi influenciado pelo aumento das passagens aéreas observado em setembro (13,47%), o que acabou pressionando negativamente a receita real das companhias aéreas”, afirmou o analista em nota.

Efeito “The Town”

Entre os dois setores com alta no mês, destaque para serviços prestados às famílias, que avançou 3,0%, recuperando boa parte da queda de agosto (-3,7%). Nesse setor, a principal influência foi do segmento “Outros serviços prestados às famílias”, diretamente impactado pela atividade de espetáculos musicais. “Houve um grande festival de música (The Town), realizado em São Paulo, em setembro, que acabou impactando no setor como um todo”, justifica o pesquisador.

Já o setor de outros serviços cresceu 0,8%, após três resultados negativos seguidos, quando acumulou perda de 3,3%.

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Dados regionais

A maior parte (17) das 27 Unidades da Federação (UF) teve queda no volume de serviços em setembro de 2023, na comparação com agosto. O impacto negativo mais importante veio de São Paulo (-1,2%), seguido por Goiás (-4,5%), Rio Grande do Sul (-1,6%) e Distrito Federal (-2,6%).

Em contrapartida, Rio de Janeiro (1,9%), seguido por Ceará (1,9%) e Pernambuco (1,0%) registraram as principais altas.

Turismo e transportes

O índice de atividades turísticas cresceu 1,5% na passagem de agosto para setembro, após queda de 1,4% no mês anterior. Dessa forma, o segmento se encontra 4,5% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 2,9% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

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Regionalmente, apenas cinco dos 12 locais pesquisados cresceram, com a contribuição positiva mais relevante sendo registrada no Rio de Janeiro (9,7%), seguido por Minas Gerais (2,1%) e Santa Catarina (6,2%). Em sentido oposto, Ceará (-1,7%), Rio Grande do Sul (-0,6%) e Distrito Federal (-0,7%) assinalaram os principais recuos em termos regionais.

Já o volume de transporte de passageiros no Brasil teve queda de 1,1% frente ao mês imediatamente anterior, eliminando o crescimento de 0,7% de agosto. O segmento se encontra 0,9% abaixo do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 23,7% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).

Por sua vez, o volume do transporte de cargas também variou negativamente, com decréscimo de 0,2% em setembro de 2023, após ter recuado 1,8% em agosto. Este segmento se situa 1,8% abaixo do ponto mais alto de sua série (julho de 2023). Em relação ao nível pré-pandemia, está 43,5% acima de fevereiro de 2020.