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A recente agenda de reformas, a instituição de marcos regulatórios e as concessões já realizadas no Brasil desde 2016 têm feito uma diferença marcante nos investimentos em bens de capital (capex) do país nos últimos anos. Levantamento feito pela equipe de análises do Bradesco BBI abrangendo 200 concessões feitas nesse período, em sete setores de infraestrutura, concluiu que o capex total concretizado por esses leilões será equivalente a 0,5% do PIB neste ano (R$ 56,2 bilhões), permanecendo e torno de 0,6% do PIB até 2026.
“Algumas microrreformas e inúmeras concessões concedidas nos últimos anos já estão impactando positivamente os investimentos em infraestrutura, com potencial para trazer consequências relevantes para a economia brasileira”, diz o texto.
O estudo traz alguma esperança para o setor. O mais recente dado da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), do final de 2022, apontou que são necessários investimentos anuais correspondentes a 4,3% do PIB, ao longo dos próximos dez anos para o país reduzir gargalos ao desenvolvimento econômico e social. Em 2021, esses aportes chegaram a apenas 1,71% do PIB.
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Em maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) calculou que só em infraestrutura urbana nas 15 principais regiões metropolitanas, o Brasil precisa investir R$ 295 bilhões até 2042. Isso para equiparar a infraestrutura de transportes desses municípios ao padrão da Cidade do México e a Santiago, no Chile, cidades referência na oferta de transportes urbanos na América Latina.
Mas o estudo do Bradesco BBI mostra que já houve alguma evolução de novo capex em infraestrutura, saindo de uma percentagem ínfima entre 2016 e 2018 para 0,2% do PIB em 2020, 0,4% em 2022 e 0,5% em 2023, provavelmente se estabilizando em 0,6% entre 2024 e 2026.
Juntos, os projetos em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, água e esgoto, mobilidade urbana e linhas de transmissão que fazem parte do estudo somam um investimento total de R$ 822 bilhões considerando o horizonte de tempo entre 2016 e 2055, segundo o texto assinado por Guilherme Zimmermann e Fernando Cardoso.
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Os dados consideram não só as concessões já finalizadas, mas também as expectativas dos analistas do Bradesco BBI e as linhas de transmissão nos próximos leilões incluídos no Plano Decenal de Expansão Energética (PDE), divulgado pela Secretaria de Pesquisa Energética (EPE).
Ferrovias e transmissão
Segundo o estudo, a área de transporte tem impulsionado esse aumento dos dispêndio de capital e melhorias regulatórias podem acelerar isso no futuro. As ferrovias representam 43% do total de novos capex em 2023, seguidas pelas linhas de transmissão (23%) e rodovias com pedágio (14%).
“Embora o investimento em ferrovias e rodovias com pedágio tenham aumentado acentuadamente nos últimos anos, os investimentos em linhas de transmissão têm sido significativos, mas bastante estáveis como porcentagem do PIB”, comentam os analistas..
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A expansão ferroviária, explicam, tem sido impulsionada principalmente pelas commodities, dada a necessidade de transportar itens como produtos agrícolas e minério de ferro aos portos para a exportação.
Eles ponderam que, embora se espere que o investimento em transmissão de energia se mantenha relativamente estável em uma base anual, em cerca de 0,1% do PIB até 2027, a crescente necessidade de expansão da rede pode desencadear uma aceleração desse ritmo.
Ao analisar o resultado do leilão de transmissão na semana passada, o Morgan Stanley calculou que os leilões que devem trazer investimentos totais de aproximadamente R$ 200 bilhões até 2032.
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Saneamento e rodovias
Os analistas também esperam que o setor de água e esgoto se torne um fator significativo para novos investimento, induzidos pela nova estrutura propiciada pelo marco regulatório do setor. “À medida que as recompensas de mais investimentos em infraestrutura do setor privado se materializarem, este seria um bom momento para avançar, fazendo mais melhorias na estrutura regulatória e concedendo ainda mais concessões”, sugerem.
O estudo comenta que os novos investimentos em rodovias pedagiadas têm sido um tanto lento nos últimos anos, mas destaca que o atual governo já anunciou que pretende acelerar esse ritmo.
“Recentemente, o governo federal anunciou iniciativas para modernizar os contratos de concessão e fortalecer o marco regulatório do setor, com mecanismos para garantir maior proteção jurídica às empresas, a fim de atrair a iniciativa privada para participar dos leilões”, afirma o texto.
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Os cálculos do Bradesco BBI são de que o novo capex no setor para este ano chegará a apenas R$ 8 bilhões, mas que deve subir para R$ 16 bilhões em 2026, com a chegada de investimentos para novos projetos.
Nas linhas de transmissão, os investimentos novos esperados para o ano R$ 13 bilhões, mantendo força nos próximos anos. Na semana passada, 9 projetos de transmissão foram leiloados pelos reguladores brasileiros, com um capex total estimado em R$ 15,7 bilhões. E outro leilão também está previsto para outubro, com investimento total estimado de R$ 19,7 bilhões.
Para o Bradesco BBI, mesmo que o capex da transmissão como participação no PIB fique estável em 0,1%, existe expectativa de novos projetos no longo prazo. A explicação está na necessidade de interligar as redes de energia em um país de tamanho continental, com a energia de projetos renováveis em crescimento no Nordeste precisando atingir os principais mercados consumidores de energia no Sudeste..
No setor de água e esgoto, a atração do setor privado fruto do novo marco, fez com que o novo capex saltasse de R$ 500 milhões em 2020 para uma projeção de R$ 3,9 bilhões em 2023. “Embora ainda represente apenas 7% do capex total, o setor de água e esgoto vem ganhando relevância”, comentam os analistas.