Presidente turco demite membros do BC contrários a cortar juros

Demissões foram provavelmente “motivadas por um Erdogan irritado com o fato de as taxas de juros não estarem caindo rápido o suficiente”, segundo analista

Bloomberg

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, disse que desastre é o maior desde 1939
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, disse que desastre é o maior desde 1939

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(Bloomberg) — O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, demitiu autoridades de política monetária que relutavam em cortar ainda mais as taxas de juros, o que levou a lira a uma mínima histórica em relação ao dólar.

A demissão dos vice-presidentes do banco central Semih Tumen e Ugur Namik Kucuk, além do integrante do Comitê de Política Monetária Abdullah Yavas, foi anunciada depois de uma reunião entre o líder turco e o presidente da instituição, Sahap Kavcioglu, na quarta-feira à noite.

Os dois discutiram mudanças no comitê e na política econômica, disseram pessoas a par das conversas à Bloomberg. Kucuk foi o único membro do comitê que votou contra o corte surpresa dos juros anunciado por Kavcioglu no mês passado, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas. Yavas não votou porque havia se contagiado com Covid-19 nos Estados Unidos, onde mora.

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A lira chegou a cair até 1,1%, para um nova mínima. A moeda era negociada com baixa de 0,7%, cotada a 9,1550 por dólar, às 9h42 em Istambul.

As demissões foram provavelmente “motivadas por um Erdogan irritado com o fato de as taxas de juros não estarem caindo rápido o suficiente”, disse Henrik Gullberg, da Coex Partners. “Os mercados agora irão definitivamente esperar mais afrouxamento” na próxima decisão sobre os juros em 21 de outubro.

Vozes dissidentes

As mudanças retiraram membros do comitê que discordavam dos pedidos de Erdogan para continuar cortando os juros, segundo pessoas que conhecem o perfil do grupo. A mudança abre caminho para que o presidente turco exerça maior influência no painel de formulação de política monetária do banco central que, segundo ele, deve continuar reduzindo os custos de financiamento.

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Um autodenominado “inimigo” dos juros, Erdogan defende uma teoria pouco convencional de que a redução das taxas levará a uma inflação mais baixa.

Ele nomeou Kavcioglu em março, que substituiu Naci Agbal no comando do banco central após aumentos consecutivos dos juros. Kavcioglu manteve a política inalterada por quase seis meses antes de cortar inesperadamente a taxa básica em 100 pontos-base, para 18% em setembro, com a inflação ao consumidor em 19,6%.

Na semana passada, o gabinete de Erdogan negou um artigo na mídia de que o presidente estava perdendo a confiança em Kavcioglu. A presidência turca postou uma foto dos dois juntos no Twitter após a reunião de quarta-feira, e o gabinete do presidente descreveu a conversa como “positiva”.

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Taha Cakmak, vice-presidente da agência reguladora do setor bancário turco BDDK desde 2019, foi nomeado vice-presidente com o decreto da meia-noite de Erdogan no Diário Oficial. Yusuf Tuna, professor de economia e membro do conselho do Sekerbank, vai ocupar um assento no Comitê de Política Monetária.

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