Preços do açúcar e do cacau amargam o Halloween nos EUA este ano

Preço dos doces aumentou 7,5% em relação ao ano passado e 20% se comparado a 2021, devido a interferência do clima nas commodities

Roberto de Lira

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A comemoração do Halloween de 2023 espelha bem a situação da economia dos Estados Unidos, que continua aquecida, com o consumo interno puxando fortemente o PIB do país nos últimos tempos, mas como o temor de novas pressões inflacionárias. O motivo são os preços dos doces, o artigo mais avidamente buscado durante a festa do Dia das Bruxas, comemorado no dia 31 de outubro.

O jornal The New York Times destaca que o preço dos doces aumentou 7,5% em relação ao ano passado e 20% se comparado a 2021, isso de acordo com os dados oficiais mais recentes de inflação. O avanço é mais acentuado do que o do índice geral e tem sido impulsionado pela alta de dois ingredientes cruciais para essa indústria: o açúcar e o cacau, que tem batido recordes de décadas.

Entre os motivos estão a escassez de chuvas em grandes áreas produtoras das commodities, como México, Índia e Costa do Marfim, o que tem levado a colheitas decepcionantes. O alto custo dos fertilizantes também ajuda a pressionar os preços internacionais.

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A explicação é que a cana-de-açúcar, que é transformada em açúcar, e o cacau, um ingrediente chave do chocolate, são especialmente sensíveis a períodos de baixa pluviosidade nas regiões tropicais onde essas culturas crescem, como partes da Ásia, América Central e África Ocidental.

Os Estados Unidos dependem das importações de açúcar do México, que viu sua produção cair mais de 15% este ano como resultado das condições de seca, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. O preço do açúcar bruto negociado nos mercados globais, recentemente em torno de 27 centavos de dólar por libra, foi o mais alto desde 2011.

O Índice de Preços do Açúcar da FAO aumentou 9,8% em setembro em relação a agosto, atingindo o seu nível mais elevado desde novembro de 2010. A organização para a alimentação e a agricultura da ONU afirmou que há preocupações de com a oferta, devido às previsões de quedas de produção na Tailândia e na Índia, associadas ao evento predominante do El Niño. A Índia chegou a restringir as exportações para proteger o seu abastecimento interno.

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Quem tem ajudado a limitar essa alta é exatamente o Brasil, com uma grande safra colhida devido a condições climáticas favoráveis.

No cacau, o efeito do clima adverso é ainda mais intenso. Recentemente, a commodity foi negociada acima dos US$ 3,8 mil por tonelada métrica, o valor mais elevado desde a década de 1970.

Gasto recorde

Os preços finais dos doces para os consumidores não são um dado trivia. Quando a National Retail Federation (NRF) divulgou sua projeção de vendas para o Halloween deste ano, estimou em US$ 12,2 bilhões o faturamento esperado – acima do recorde do ano passado de US$ 10,6 bilhões –, detalhou que esperava que os gastos com doces chegasse a US$ 3,6 bilhões, acima dos US$ 3,1 bilhões de 2022.

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Esse gasto só perde para o esperado em fantasias (US$ 4,1 bilhões) e decorações (US$ 3,9 bilhões).

Ainda segundo a NRF, como nos anos anteriores, as principais formas de comemoração dos consumidores são distribuindo doces (68%), decorando a casa ou quintal (53%) ou fantasiando-se (50%). No entanto, num regresso ao norma pré pandemia, mais consumidores também planeiam dar ou ir a uma festa (32%) ou levar seus filhos para pedir doces ou ameaçar com travessuras (28%).