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BRUXELAS (Reuters) – Os países desenvolvidos podem ter cumprido no ano passado sua promessa atrasada de doar US$ 100 bilhões ao ano para ajudar os países mais pobres a lidar com as mudanças climáticas, disse a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quinta-feira (16), uma estimativa que pode reunir alguma boa vontade política para a COP28.
Em 2009, os países desenvolvidos prometeram que, a partir de 2020, transfeririam US$ 100 bilhões por ano para os países mais pobres atingidos pelo agravamento dos desastres provocados pelas mudanças climáticas. Eles haviam sinalizado que a meta não seria atingida até 2023.
A meta é politicamente simbólica e o não cumprimento tem fomentado a desconfiança em discussões sobre o clima, dificultando outros acordos para combater as mudanças climáticas, uma vez que os países mais pobres argumentam que as potências econômicas do mundo estão as deixando na mão.
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Os dados da OCDE chegam duas semanas antes da cúpula climática COP28, que começa em Dubai em 30 de novembro.
As finanças são um ponto sensível das discussões climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), pois as economias em desenvolvimento dizem que não podem se adaptar a condições climáticas extremas ou investir em energia mais limpa sem mais apoio dos países ricos, cuja queima histórica de combustíveis fósseis causou as mudanças climáticas.
“Com base em dados preliminares e ainda não verificados, parece provável que a meta já tenha sido atingida em 2022”, disse Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.
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Abaixo das necessidades
A quantia de US$ 100 bilhões está muito abaixo das necessidades reais de investimento climático dos países pobres, que até 2025 poderão totalizar US$ 1 trilhão por ano, disse a OCDE.
A OCDE confirmou que a meta não foi atingida em 2021. Naquele ano, os países ricos forneceram US$ 89,6 bilhões, um aumento de 8% em relação aos níveis de 2020.
A maior parte do dinheiro de 2021 – US$ 73 bilhões – foi de finanças públicas e, desse valor, mais de dois terços foram empréstimos.
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A OCDE alertou, no entanto, que esse financiamento – de fontes que incluem bancos multilaterais de desenvolvimento e agências nacionais de ajuda – até agora não conseguiu mobilizar capital privado substancial, necessário para cobrir a lacuna de investimento climático.