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Grandes bancos nos Estados Unidos estão recebendo uma enxurrada de pedidos de clientes órfãos e assustados para abrir contas e transferir seus recursos após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. O temor de que a crise se espalhe e derrube outros dominós no setor bancário sustenta a migração e deve contribuir para ampliar a concentração do mercado americano nas mãos daqueles conhecidos como “too big to fail” – ou grandes demais para quebrar.
JPMorgan Chase, o maior banco dos EUA em ativos, Citigroup, Bank of America e Wells Fargo têm adotado medidas de urgência para acomodar a demanda de bilhões de dólares que tem batido à porta nos últimos dias. O volume pode alcançar o maior fluxo de entrada de depósitos nesses bancos em mais de uma década, segundo o britânico Financial Times.
Diferentemente do Brasil, para abrir uma conta nos EUA é preciso agendar um horário em uma agência, o que pode levar de uma a duas semanas. Agora, em alguns casos, o prazo para abertura de contas tem se reduzido para um dia.
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Congestionamento
Iniciada na semana passada, a migração de clientes para os grandes bancos dos EUA continua. Um banqueiro comparou a demanda a “aviões empilhados” em um dia de neve no aeroporto O’Hare, em Chicago, ao Financial Times. Segundo a Bloomberg, o JPMorgan Chase recebeu sozinho bilhões de dólares nos últimos dias, enquanto Bank of America, o Citigroup e o Wells Fargo também captam um volume maior do que o usual.
Questionados pela reportagem do Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Citi, JPMorgan, Bank of America, Wells Fargo e Goldman Sachs não comentaram o salto na demanda de novos clientes. Os pesos-pesados de Wall Street estão preferindo atuar de maneira silenciosa para não parecer que se aproveitam da crise enfrentada por bancos menores e regionais. Alguns estão até mesmo recomendando a seus gerentes não saírem em busca de clientes de rivais de menor porte.
Depois de um fim de semana de negociações, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o Tesouro dos EUA e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), espécie de FGC dos EUA, anunciaram uma ação conjunta para pagar os depositantes do SVB e do Signature. Pesou, sobretudo, a pressão da comunidade “tech” para os reguladores ampararem as perdas de startups que estavam entre as principais clientes do SVB. Com isso, todos os depositantes dos bancos falidos estão tendo acesso aos seus recursos, e não somente ao limite de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,3 milhão) estabelecido.
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A medida enche os bolsos de clientes para caçarem novos destinos para o dinheiro. Com cerca de US$ 220 bilhões em ativos, o SVB era o 16.º banco dos EUA, e sua clientela era basicamente formada por empresas startups, incluindo brasileiras. Somente do Brasil, a quantia de depósitos no SVB era de US$ 3 bilhões, conforme a Trade Finance. Já o Signature, focado na comunidade cripto, somava outros cerca de US$ 100 bilhões.
Movimento
Conhecido como “flight to quality”, expressão em inglês que significa “voo para a qualidade”, o movimento de migração de recursos de clientes já era esperado na esteira da quebra de bancos nos EUA. Segundo o vice-presidente e diretor associado para bancos da FacSet, Sean Ryan, é natural que os depositantes recorram aos bancos “too big to fail” para alocar os seus recursos após a frustração com o SVB e o Signature.
Como resultado, a crise do SVB e do Signature deve gerar uma mudança na participação dos bancos norte-americanos. Para especialistas, a concentração do sistema bancário nos EUA pode aumentar ainda mais, com os pesos-pesados ampliando suas fatias.
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Além disso, a quebra do SVB serviu de lição para alguns depositantes quanto à importância de diversificação – a máxima de não colocar todos os ovos em uma mesma cesta.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.