Monitor do PIB da FGV aponta queda de 1,2% em abril ante março

Queda é efeito da base de comparação forte, com o desempenho econômico aquecido em fevereiro e março devido à safra da soja

Estadão Conteúdo

(NatanaelGinting/Getty Images)
(NatanaelGinting/Getty Images)

Publicidade

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve uma queda de 1,2% em abril ante março, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) divulgado nesta terça-feira (20). Na comparação com abril de 2022, a atividade econômica teve expansão de 3% em abril de 2023.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

“Assim como o forte crescimento registrado no primeiro trimestre não deve ser analisado de forma tão otimista, a queda de 1,2% da atividade econômica em abril não deve ser analisada de forma pessimista. Esta retração mostra um efeito esperado, tendo em vista que o desempenho econômico em fevereiro e março foi muito elevado devido à produção de soja”, explica Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

Continua depois da publicidade

Ela lembra que a maior parte da colheita da soja se concentra no primeiro trimestre e, neste ano, teve grande influência nos resultados positivos registrados nos primeiros meses de 2023. A queda em abril, acrescenta Trece, sinaliza apenas que a colheita tende a ser menor a partir do segundo trimestre.

“Apesar de toda essa volatilidade característica da agropecuária estar sendo refletida em toda a atividade econômica, os desafios do País continuam sendo os mesmos. Os juros elevados e o menor fôlego esperado para o setor de serviços, em comparação ao ano passado, ainda são os principais entraves para a economia”, alerta a coordenadora.

Consumo e investimento

O consumo das famílias cresceu 2,9% no trimestre móvel com fim em abril. Apesar da expansão, há uma tendência de redução dessa taxa desde o final de 2022. O consumo de serviços é o principal componente a explicar essa tendência declinante; mesmo sendo o componente do consumo que mais cresce, tem apresentado perda de força desde o início de 2023, disse a FGV.

Continua depois da publicidade

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida de investimentos, cresceu 0,3% no trimestre móvel terminado em abril. O segmento da construção e de outros da FBCF seguem crescendo. No entanto, observa a FGV, as máquinas e equipamentos explicam este fraco desempenho da FBCF.

“As máquinas e equipamentos retraíram 3,1% no trimestre móvel findo em abril, sendo a quarta retração consecutiva nessa comparação. O desempenho do segmento de caminhões e ônibus é a principal causa para a retração desse componente”, informa.

Exportações e importações

A exportação de bens e serviços cresceu 4,8% no trimestre móvel terminado em abril. Os destaques são as exportações de produtos da extrativa mineral, agropecuária e serviços. Das exportações de produtos industrializados, onde estão os bens de consumo, bens de capital e bens intermediários, nota-se contribuição negativa ou praticamente nula.

Continua depois da publicidade

Já o total das importações cresceu 3,5% no trimestre móvel terminado em abril. À exceção da importação de produtos agropecuários e da extrativa mineral, todos os demais componentes da importação contribuíram positivamente para este resultado.

Em termos monetários, estima-se que o acumulado do PIB até abril de 2023 em valores correntes, tenha sido de R$ 3,402 trilhões.